Uma pesquisa conduzida junto à Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp possibilitou a criação de um método para a catalogação digital, automatizada e precisa de objetos presentes em museus brasileiros. O método foi desenvolvido com o auxílio de algoritmos de Inteligência Artificial (IA).
O autor do estudo, Vagner Inacio de Oliveira, explica que a metodologia utilizou modelos de IA para extrair informações e descrever as principais características dos itens a partir de imagens. O propósito é melhorar a catalogação digital e contribuir para a preservação e para a acessibilidade do patrimônio cultural.
No processo tradicional, o registro das informações leva muito tempo, segundo o pesquisador. “Muitas vezes, um especialista vai catalogar o seu objeto e consegue atingir sete itens em um dia de trabalho árduo”, afirma. Oliveira acrescenta que os resultados da pesquisa incluem a criação de uma base de dados, composta por imagens de peças do patrimônio cultural brasileiro, que servirão para o treinamento de modelos de visão computacional baseados em técnicas de Deep Learning.
De acordo com a orientadora da pesquisa, Paula Paula Dornhofer Paro Costa, a preservação do patrimônio cultural e histórico enfrenta desafios significativos no Brasil. Nas últimas décadas, incêndios devastaram importantes museus do país, como, em 2018, o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 2024, pelo menos 50 museus tiveram os acervos afetados pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul.
“Durante a pesquisa, chamou-nos a atenção o sentimento de precariedade do patrimônio cultural brasileiro, inclusive devido a fatos históricos conhecidos, como uma série de incêndios. Mas, por outro lado, observamos a existência de pessoas apaixonadas atuando nessa área. Tivemos também um sentimento de alegria ao saber que a tecnologia poderá ajudar nessas questões”, revela a docente.
A pesquisa foi desenvolvida por Oliveira para a obtenção do título de mestre em engenharia elétrica junto à Feec. O trabalho contou com a coorientação do docente Dalton Lopes Martins, da Universidade de Brasília (UNB) e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
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