Ciência assim assado
Peter Schulz
Peter Schulz, ex-professor do Instituto de Física "Gleb Wataghin" (IFGW) da Unicamp, é docente da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA). Dedica-se à divulgação científica e ao estudo de aspectos da interdisciplinaridade. É autor do livro A encruzilhada da nanotecnologia – inovação, tecnologia e riscos. Foi curador da exposição “Tão longe, tão perto – as telecomunicações e a sociedade”, no Museu de Arte Brasileira, em São Paulo.
Uma retrospectiva para o futuro
“É preciso talvez que reinventemos as nossas missões, pois ensino, pesquisa e extensão possivelmente não bastem mais.”
“Eu não sou líder de torcida da ciência”
Peter Schulz: Como pano de fundo temos a questão desconfortável de como uma cientista pode criticar a ciência e a academia
O ocaso do acadêmico público?
"Como avaliar o impacto da comunicação com o público? Sem respostas fáceis, as recompensas para os acadêmicos são direcionadas aos que comunicam entre si, e não com os outros"
Ciência fora de suas fronteiras?
"A rigidez da ciência não se resume à questão de gênero, mas comecemos por ela para perceber outras conexões normalmente esquecidas."
Relembrando a anarquia organizada
"Hoje eu percebo a universidade como um lugar onde se pode fazer muitas coisas, desde
que estejam dentro das regras no site, para serem devidamente registradas, contabilizadas e
avaliadas."
Como a ciência foi do papel à nuvem?
"O primeiro artigo a gente não esquece, mas já não me lembro daquele que foi o meu primeiro em que todo esse processo manual, analógico e impresso foi sendo substituído por etapas eletrônicas e digitais sem papel e correio físico"
O fetiche da novidade na ciência, o andor e o santo
Peter Schulz: "Ciência é assim, mas as notícias não lembram que o andor dela precisa ir devagar, pois os santos a serem apreciados e, por que não, venerados, são de barro. Esse tipo de divulgação da ciência esquece o mais importante: a procissão da ciência é mineira"
Dois personagens da ciência: pesquisa, Holocausto e filosofia
Peter Schulz: "No que se refere ao jogo da avaliação, Kulczycki comenta que Weigl, um cientista brilhante, era perfeccionista e habilidoso na construção de seus instrumentos científicos. Sua postura frente à publicação de artigos teria sido radical. Achava que a pesquisa consistia em fazer ciência e buscar descobertas."
Para gostar de ler artigos científicos
Peter Schulz: "É possível aprender sobre ciências (naturais) sem vasculhar os textos, ou seja, os artigos pelos quais esses cientistas se expressaram? Não só no ensino superior especializado, mas também no ensino médio?"
Em busca do clima perdido
Peter Schulz: "Aos poucos eu fui reparando que, em algumas casas de amigos da família (alemãs também), aquele conjunto de instrumentos, chamados de estações meteorológicas pessoais, se destacavam nas paredes. Mais tarde eu vi que em algumas praças centrais de cidades da Alemanha havia a versão pública das estações pessoais"