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Foto rara de satélite da CIA

dos anos 1960 inspira mostra

de artista argentino

Exposição Larga/Vistas pode ser conferida

na Galeria do IA até 17 de outubro

O artista argentino Pablo Linietsky; ao fundo fotografia feita pelo satélite tipo Keyhole no norte da Patagônia
O artista argentino Pablo Linietsky; ao fundo fotografia feita pelo satélite tipo Keyhole no norte da Patagônia

Uma fotografia de 1966 feita por um satélite tipo Keyhole no norte da Patagônia, na Argentina, durante um programa da agência norte-americana CIA criado para registrar a superfície terrestre e que documentou praticamente todas as terras do planeta, é a janela de entrada da exposição Larga/Vistas, do artista argentino Pablo Linietsky, em cartaz na Galeria do Instituto de Artes da Unicamp até 17 de outubro.

Linietsky, de 35 anos, é doutorando do Instituto de Geografia da Universidade de Buenos Aires e tem formação em ciências políticas e jornalismo. Ele destaca que a curiosa imagem, que cobre do oeste de La Pampa até Aluminé, na Cordilheira dos Andes, serviu de suporte para a mostra, cujo nome vem da palavra largavistas, que, do espanhol, se traduz por binóculos.

“Dentro desse programa de registro sistemático de toda a superfície feito pela CIA, algumas fotografias estão disponíveis. São imagens especiais porque, naquela época, não existiam os satélites fotográficos de hoje, como os do Google Maps, que começaram a surgir nos anos 1980. Essa imagem foi feita para produção de informação estratégica geopolítica”, conta o artista. “O satélite tirava as fotos e, quando o rolo do filme terminava, ele era lançado com um paraquedas, e um avião o coletava”, acrescenta.

Na reapropriação da foto, Linietsky explica que buscou a “conexão entre o espaço a partir de outros espaços”. “Nossos territórios são pensados a partir dos mapas. A ideia desta exposição veio do que podemos ver além dos mapas.”

Na fotografia do satélite, um recorte na confluência dos rios Agrio e Neuquén revela um buraco perfeitamente cúbico na rocha, que lembra as prospecções da barragem de Chihuido, prometida há mais de 60 anos e nunca construída. A imagem se mistura a outras fotografias, como a do próprio avião que recolhia os rolos dos filmes, e a trabalhos em outros suportes.

Um rolo de papel branco comum reproduz variados tipos de chão, registrados a partir do contato. “Os solos, antes de serem os brancos dos mapas, são evidências do que está vivo”, ressalta. Há objetos em 3D que se transformam em relevos territoriais e uma instalação que remete ao projeto da barragem hidrelétrica do Complexo Futaleufú, na província de Chubut, que inundou tudo ao redor.

A exposição conta ainda com um vídeo, feito em parceria com a Universidade Nacional de Río Negro, que apresenta duas mulheres de uma comunidade mapuche na região de El Chaiful e explora o tema da memória e do poder de fala. “Todos os trabalhos contam com legendas que trazem uma poética e que funcionam juntas”, explica o artista.

O coordenador da galeria, Sérgio Niculitcheff: fotografias, vídeo e objetos
O coordenador da galeria, Sérgio Niculitcheff: fotografias, vídeo e objetos

Linietsky, que está finalizando na Unicamp uma bolsa-sanduíche do programa Move la América, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), é integrante do coletivo Arena Documenta, de Buenos Aires. A mostra é um projeto selecionado pelo Conselho Gaia Unicamp, em chamada pública. O coordenador da galeria, o professor Sérgio Niculitcheff, destaca as questões que a exposição apresenta. “É uma mostra eclética em termos de suporte e que traz questões da contemporaneidade com fotografias, vídeo e objetos.”

A exposição fica em cartaz na Galeria Gaia, no térreo da Biblioteca Central César Lattes da Unicamp, até 17 de outubro, com visitação de segunda a sexta, das 9h às 17h.

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