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Fotomontagem com cenas do conflito em Gaza
Imagem do título: Horror e desterro em Gaza
Fotomontagem com cenas do conflito em Gaza
Imagem do título: Horror e desterro em Gaza
O professor e médico Hazem Abdel Ashmawi

Adriana Vilar de Menezes

Passava das 3h da manhã, em Gaza, a maior cidade palestina da Faixa de Gaza, quando a campainha tocou na casa das irmãs de sobrenome Yaqoub El Ghalayini: Mayson, 79, Rofida, 69, e Arwa, 64. Ao acordar assustada e em seguida abrir a porta, Arwa foi morta com um tiro na cabeça disparado por um soldado israelense. O mesmo aconteceu com a irmã mais velha, Mayson, que também se aproximou da porta e morreu após um disparo atingir-lhe a testa. Rofida permaneceu no quarto porque dependia da cadeira de rodas para locomover-se. Os soldados decidiram poupá-la, naquele momento, mas deram um tiro em seu ombro e avisaram que deveria desocupar a casa nas próximas horas. Ela ligou para o sobrinho que até meses antes morava ali, mas que havia partido para o Egito com o pai, a esposa e os filhos. Naquela mesma madrugada de 10 de julho de 2024, ele repassou a notícia a familiares, entre os quais o professor e médico Hazem Adel Ashmawi, anestesiologista do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, e sua mãe, Salwa Mohamed El Ghalayni, prima das irmãs assassinadas. Dois dias depois, os três corpos foram encontrados carbonizados. Os soldados haviam incendiado a casa com Rofida ainda viva. As irmãs foram enterradas no jardim da propriedade. “Por que matar três idosas na própria casa?”, questiona Ashmawi até hoje.

Para além da tragédia familiar, mais de um ano depois do assassinato triplo e 22 meses após o ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023, os horrores da guerra na Faixa de Gaza já causaram, oficialmente, a morte de cerca de 65 mil palestinos, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza. Estima-se, no entanto, que o número ultrapasse os 112 mil, incluindo os corpos soterrados nos escombros deixados por artefatos explosivos. Dois anos atrás, havia cerca de 2,2 milhões de habitantes no território.

Desde que o grupo extremista palestino Hamas atravessou a fronteira sul de Israel e matou 1.139 israelenses — entre eles, cerca de mil civis — e fez 251 reféns, no dia 7 de outubro de 2023, o Exército de Israel ataca ostensivamente a Faixa de Gaza, em uma tentativa, assim alega, de eliminar as lideranças do Hamas. Já, segundo o Hamas, o ataque a Israel naquele dia serviu como uma resposta à profanação da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e ao cerco do Exército israelense à Faixa de Gaza, que já durava décadas. Não há certeza sobre quantos reféns israelenses ainda estão vivos, mas o governo israelense calcula haver nas mãos do Hamas 48 reféns, entre eles 20 vivos e 28 mortos — cerca de 150 foram libertados e os corpos de cerca de 40, entregues.

O professor e médico Hazem Adel Ashmawi, sobrinho das três irmãs executadas pelo exército israelense (Foto: Antoninho Perri)
O professor e médico Hazem Abdel Ashmawi
O professor e médico Hazem Adel Ashmawi, sobrinho das três irmãs executadas pelo exército israelense (Foto: Antoninho Perri)

Adriana Vilar de Menezes

Passava das 3h da manhã, em Gaza, a maior cidade palestina da Faixa de Gaza, quando a campainha tocou na casa das irmãs de sobrenome Yaqoub El Ghalayini: Mayson, 79, Rofida, 69, e Arwa, 64. Ao acordar assustada e em seguida abrir a porta, Arwa foi morta com um tiro na cabeça disparado por um soldado israelense. O mesmo aconteceu com a irmã mais velha, Mayson, que também se aproximou da porta e morreu após um disparo atingir-lhe a testa. Rofida permaneceu no quarto porque dependia da cadeira de rodas para locomover-se. Os soldados decidiram poupá-la, naquele momento, mas deram um tiro em seu ombro e avisaram que deveria desocupar a casa nas próximas horas. Ela ligou para o sobrinho que até meses antes morava ali, mas que havia partido para o Egito com o pai, a esposa e os filhos. Naquela mesma madrugada de 10 de julho de 2024, ele repassou a notícia a familiares, entre os quais o professor e médico Hazem Adel Ashmawi, anestesiologista do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, e sua mãe, Salwa Mohamed El Ghalayni, prima das irmãs assassinadas. Dois dias depois, os três corpos foram encontrados carbonizados. Os soldados haviam incendiado a casa com Rofida ainda viva. As irmãs foram enterradas no jardim da propriedade. “Por que matar três idosas na própria casa?”, questiona Ashmawi até hoje.

Para além da tragédia familiar, mais de um ano depois do assassinato triplo e 22 meses após o ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023, os horrores da guerra na Faixa de Gaza já causaram, oficialmente, a morte de cerca de 65 mil palestinos, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza. Estima-se, no entanto, que o número ultrapasse os 112 mil, incluindo os corpos soterrados nos escombros deixados por artefatos explosivos. Dois anos atrás, havia cerca de 2,2 milhões de habitantes no território.

Desde que o grupo extremista palestino Hamas atravessou a fronteira sul de Israel e matou 1.139 israelenses — entre eles, cerca de mil civis — e fez 251 reféns, no dia 7 de outubro de 2023, o Exército de Israel ataca ostensivamente a Faixa de Gaza, em uma tentativa, assim alega, de eliminar as lideranças do Hamas. Já, segundo o Hamas, o ataque a Israel naquele dia serviu como uma resposta à profanação da mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e ao cerco do Exército israelense à Faixa de Gaza, que já durava décadas. Não há certeza sobre quantos reféns israelenses ainda estão vivos, mas o governo israelense calcula haver nas mãos do Hamas 48 reféns, entre eles 20 vivos e 28 mortos — cerca de 150 foram libertados e os corpos de cerca de 40, entregues.

Imagens dos Refugiados 'Nakba' 1948

Imagens dos Refugiados 'Nakba' 1948
Na sequência de fotos, imagens do êxodo de palestinos em 1948

As irmãs Mayson, Arwa e Rofida El-Ghalayini
Da esquerda para a direita, as irmãs Mayson, Arwa e Rofida El-Ghalayini: idosas estavam sozinhas na madrugada de 10 de julho de 2024 quando foram executadas em Gaza, por soldados israelenses (Fotos: Reprodução)
Na sequência de fotos, cenas atuais do conflito em Gaza: fome e cerca de 65 mil mortos, segundo dados oficiais
Planisfério do Mapa Mundi
Mapas da Região de Gaza e Israel

‘Licença para exterminar’

O professor Francisco Foot Hardman
O professor Francisco Foot Hardman
Planisfério do Mapa Mundi
Mapas da Região de Gaza e Israel

‘Licença para exterminar’

O professor Francisco Foot Hardman
O professor Francisco Foot Hardman
O professor e médico Hazem Abdel Ashmawi

O professor e médico Hazem Abdel Ashmawi
Refugiados Palestinos 'Nakba" 1948
Soldados israelenses revistam palestinos durante a Guerra dos Seis Dias

[Continua]

Refugiados Palestinos 'Nakba" 1948
Soldados israelenses revistam palestinos durante a Guerra dos Seis Dias

[Continua]

Créditos das imagens

Capa – UN Photo, MSF; UN News; UNFPA/Jehad Ashrafi

Galerias – UN Photo, MSF; UN News; UNFPA/Jehad Ashrafi,  Nour Alsaqqa/MSF; Agência Brasil – EBC; UNICEF/yad El Baba;  fpabramo.org.br;  lapresse.ca; ONU;  rtve.es; UNICEF/Eyad El Baba;  OMS; UNICEF/Mohammed Nateel; UNFPA/Media Clinic; UNICEF;  UNFPA/Jehad Ashrafi; icj.org; en.wikipedia.org/wiki/Nakba; ibraspal.org; facbook.com/palestina; embraceme.org; izquierdaunida.org; laizquierdadiario.com; fcrj.org.br ; Assaf Kutin/Wikimedia Commons; thenation.com/; UNRWA; arabcenterdc.org/;  oxfamintermon.org

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