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Cultura e Sociedade

Prêmio contempla 14 pesquisas em Direitos Humanos

A iniciativa, em sua quarta edição, é um reconhecimento a pesquisadores que promovem a dignidade da existência, em todas as suas formas, não apenas humana

Uma intervenção que uniu a artista griot Nil Sena e a professora de Artes Cênicas Gina Monge Aguilar invadiu o pátio do Ciclo Básico na manhã desta quinta-feira (23), na abertura da solenidade de premiação dos vencedores do IV Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos Unicamp-Instituto Vladimir Herzog (PRADH). O evento teve transmissão ao vivo pelo canal Imprensa Unicamp.

Com base no monólogo “Aves Sapiens dos mangues”, de 2003, de Nil Sena, elas propuseram reflexões sobre racismo, desigualdade e fome. “Todos viemos da lama. Chega de existir na lama, chega de viver na lama. Chega!”, diz um trecho do espetáculo, que começou no pátio do Ciclo Básico e terminou no Auditório Raízes, onde aconteceu a cerimônia de entrega do prêmio. 

De acordo com a organização, o prêmio é um reconhecimento público a pesquisadores que promovem a dignidade da existência, em todas as suas formas, não apenas humana. Neste ano, a organização premiou 14 trabalhos – entre 133 inscritos – em cinco áreas; ciências exatas, engenharia e tecnologia; ciências biológicas e da saúde; ciências humanas, sociais e econômicas; artes, comunicação e linguagem; e educação.

Além do prêmio pelas pesquisas, a organização presta homenagens especiais a personalidades, organizações não governamentais e grupos de pesquisa que se destacaram na defesa dos direitos humanos.

Da esquerda para a direita, a diretora executiva de Direitos Humanos, silvia Santiago e as lideranças tradicionais de matriz africanas homenageadas, Mãe Dango e de Mãe Corajacy
Da esquerda para a direita, a diretora executiva de Direitos Humanos, Silvia Santiago e as lideranças tradicionais de matriz africanas homenageadas, Mãe Dango e Mãe Corajacy

Nesta edição, duas lideranças tradicionais de matriz africana bantu em Campinas – Mãe Dango e de Mãe Corajacy – foram homenageadas “por sua luta contra o preconceito e o racismo religioso”. O curta-metragem “A mulher da casa do arco-íris”, de Gilberto Alexandre Sobrinho e Gracia Navarro, que mostra parte dessa trajetória, foi exibido num telão instalado no auditório.

O prêmio honorário também foi para a organização não governamental “Mães pela Diversidade”, que reúne mães e pais de crianças, adolescentes e adultos LGBTQIA+ e atua no acolhimento das famílias. A organização exibiu o curta “Tudo o que importa”, que mostra a atuação do grupo e foi dirigido por Coracy Ruiz.

Foi homenageada, ainda, a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (Abia) – uma das organizações não governamentais mais antigas do país, que atua na saúde coletiva a partir da perspectiva dos direitos humanos.

No período da tarde, a organização promoveu um seminário sobre os trabalhos vencedores. Coordenador da comissão de avaliação, o professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) Wagner Romão disse que um dos principais desafios da próxima edição é ampliar a abrangência do prêmio. “Queremos estabelecer uma relação mais intensa com as universidades estaduais, federais, com o Instituto Federal de São Paulo (IFSP), com o Centro Paula Souza. Isso, para que possamos definir as bases para avançarmos definitivamente para o restante do Brasil”, disse Romão.

No sentido horário, a diretora executiva de Direitos Humanos, Silvia Santiago, o coordenador da comissão de avaliação do prêmio, Wagner Romão, o gerente executivo do IVH, Hamnilton Harley e a coordenadora da comissão organizadora do prêmio, Geovana Cunha: 133 inscrições
No sentido horário, a diretora executiva de Direitos Humanos, Silvia Santiago, o coordenador da comissão de avaliação do prêmio, Wagner Romão, o coordenador da Área de Educação do IVH, Hamilton Harley e a assessora de projetos do IVH, Geovana Cunha: 133 inscrições

A assessora de projetos do Instituto Vladimir Herzog, Geovana Cunha lembrou que o Instituto completa 15 anos de luta pela democracia, pela liberdade de expressão e pelos valores dos direitos humanos. “Ao longo destas quatro edições, o prêmio conseguiu ampliar a visibilidade de mais de 50 trabalhos de graduação, mestrado e doutorado, em cinco áreas, que são trabalhos de grande valor para a academia e para a sociedade”, avalia.

O coordenador da Área de Educação em Direitos Humanos do Instituto Vladimir Herzog, Hamilton Harley, agradeceu a todos os que inscreveram seus trabalhos e disse que a premiação é também um ato político e de resistência. “Essa premiação surgiu no auge da pandemia; fizemos a primeira edição on-line, com pesquisadores tendo de superar inúmeras restrições e diante de um governo negacionista”, relembrou ele. “Portanto, fazer esse prêmio foi um ato político, de coragem”, afirma.

A professora Silvia Santiago, da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) da Unicamp, defendeu a continuidade da parceria com o Instituto Vladimir Herzog. “Já me manifestei outras vezes sobre a importância do professor e jornalista Vladimir Herzog para a minha geração. Mesmo sua ausência foi um luzeiro, para lembrarmos o quanto temos de estar comprometidos com os direitos das pessoas e com a democracia”, disse Santiago. “Ele [Herzog] é um dos meus motivadores e tem de ser um motivador da sociedade brasileira”, finalizou. 

Confira os trabalhos vencedores por área e categoria:

CIÊNCIAS EXATAS, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

Graduação: “Uma contribuição de roteirização de veículos para uma cooperativa agroecológica utilizando algoritmo genético”

Autora: Alice Oliveira Fernandes

Unidade: Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp

Orientador: Washington Alves de Oliveira

Mestrado: “Aprendizado por poucas amostras baseado em transformers para classificação de cenas em imagens de abuso sexual infantil”

Autora: Thamiris Florindo Coelho

Unidade: Instituto de Computação (IC) da Unicamp

Orientadora: Sandra Eliza Fontes de Ávila

Coorientador: Jeffersson Alex dos Santos

Doutorado: “Planejamento territorial urbano para gestão de riscos e resiliência a desastres. Um estudo de caso em Santos, São Paulo”

Autora: Talita Gantus de Oliveira

Unidade: Instituto de Geociências (IG) da Unicamp

Orientador: Jefferson de Lima Picanço

Coorientadora: Ivana Almeida de Figueiredo Jalowitzki

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

Graduação: Não houve candidaturas

Mestrado: “Avaliação do risco para o câncer do colo do útero em mulheres indígenas da Amazônia brasileira através da análise de resultados citológicos para rastreamento de 2007 a 2019”

Autora: Iria Ribeiro Novais

Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp

Orientadora: Diama Bhadra Andrade Peixoto do Vale

Doutorado: “Implante subdérmico como método contraceptivo no pós-parto imediato de adolescentes e mulheres jovens”

Autora: Mariane Massaini Barbieri

Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp

Orientadora: Fernanda Garanhani de Castro Surita

CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E ECONÔMICAS

Graduação: “Práticas culturais e saberes tradicionais negros em Americana – SP”

Autor: Vitor Daniel Menck

Unidade: Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da Universidade de São Paulo (USP)

Orientadora: Joana D’Arc de Oliveira

Mestrado: “Mulheres negras, mercado de trabalho, racismo e sexismo (Campinas – 1876, 1892)”

Autora: Taina Silva Santos

Unidade: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp

Orientadora: Lucilene Reginaldo

Doutorado: “Saúde indígena institucional, Programa Mais Médicos e cooperação cubana: a atenção diferenciada a partir do Distrito Sanitário Indígena Amapá e Norte do Pará”

Autora: Karine Assumpção

Unidade: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp

Orientadora: Artionka Manuela Goés Capiberibe

ARTES, COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

Graduação: “Entre a rua, a avenida e as quatro linhas: uma construção visual da identidade de uma nação”

Autora: Sabrina Savani Sena

Unidade: Instituto de Artes (IA) da Unicamp

Orientador: Edson do Prado Pfutzenreuter.

Mestrado: “‘Fugir, chegar, trabalhar’: uma análise léxico-gramatical do discurso em reportagens acerca da migração e do refúgio no Brasil”

Autora: Vivian Gomes Monteiro Souza

Unidade: Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp

Orientador: Rodrigo Esteves de Lima Lopes

Doutorado: “Bora militar junto? A cena digital como campo de guerrilha”

Autora: Luciana Mizutani

Unidade: Instituto de Artes (IA) da Unicamp

Orientador: Renato Ferracini

EDUCAÇÃO

Graduação: “Muito além do ingresso: permanência e inclusão de estudantes indígenas na Unicamp”

Autor: Artur Pereira Lima dos Reis

Unidade: Instituto de Geociências (IG) da Unicamp

Orientador: Marko Synésio Alves Monteiro

Mestrado: “Pá-metralhadora de palavras na socioeducação, práxis para construções de projetos de vida políticos e emancipatórios”

Autora: Sueli de Fátima Caetano Coppi

Unidade: Instituto de Biociências (IBB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Orientadora: Débora Cristina Fonseca

Doutorado: “Democracia, autoritarismo, desordem informacional: o que a educação pode fazer?” Autora: Lidiane Fatima Grutzmann

Unidade: Faculdade de Educação (FE) da USP

Orientadora: Flávia Inês Schilling

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