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Projeto de estudantes da Fecfau é selecionado para exposição na Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo

‘Habitar Mandela’ trata de uma proposta de habitação social sustentável em terreno no residencial Nelson Mandela

O projeto Habitar Mandela está exposto na Bienal Internacional de Arquitetura, em São Paulo, que acontece até o próximo dia 19
O projeto Habitar Mandela está exposto na Bienal Internacional de Arquitetura, em São Paulo, que acontece até o próximo dia 19

O projeto Habitar Mandela – habitação social em sintonia com a natureza, desenvolvido por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (Fecfau) da Unicamp, está entre os 30 selecionados – de mais de 130 inscrições de todo o mundo – para exposição durante a 14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (14ª BIAsp), de tema “Extremos – Arquiteturas para um Mundo Quente”. Os pôsteres, vídeos e maquetes podem ser visitados até 19 de outubro no Pavilhão da Oca, no Parque do Ibirapuera, na capital paulista.

Para o Concurso Internacional de Escolas de Arquitetura e Urbanismo da 14ª BIAsp, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP), a equipe da Unicamp – formada por Ana Flávia Gomes, Bianca Zampronio, Giane Barzagli, Julia Rodrigues, Leonardo Pecht e Pedro Henrique Sendretti – apresentou uma proposta de habitação social sustentável em terreno adjacente ao atual residencial Nelson Mandela, no município de Campinas. A seleção procurava ideias que contemplassem os seguintes eixos: “Preservar as florestas e reflorestar as cidades”, “Conviver com as águas”, “Reformar mais e construir verde”, “Circular e acessar juntos com energias renováveis”, “Garantir a justiça climática e a habitação social”.

Os estudantes desenvolveram o projeto no primeiro semestre de 2024, durante a disciplina “Teoria e Projeto IV: Arquitetura de Interesse Social”, sob orientação da professora Silvia Mikami. O curso tem caráter extensionista e, historicamente, trabalha em parceria com comunidades. Antes de chegar à Bienal, a proposta já havia passado por uma seleção interna organizada pela própria Fecfau, tornando-se a representante do curso no evento. Conforme a docente, o resultado positivo pode incentivar outros alunos a participarem de iniciativas como essa.

A docente destacou que a iniciativa também dá visibilidade à luta da comunidade Nelson Mandela e à questão da habitação social. “A arquitetura e o urbanismo são muito responsáveis por essa virada que as cidades precisam dar. Precisamos pensar questões de adaptação climática para esse tipo de ocupação do território – inclusive pensando em economia circular urbana, diminuição da geração de resíduos, design adaptável, aprender mais com o que chamamos de Soluções Baseadas na Natureza (SBN).”

Os estudantes desenvolveram o projeto no primeiro semestre de 2024, durante a disciplina “Teoria e Projeto IV: Arquitetura de Interesse Social”, sob orientação da professora Silvia Mikami (vestido)
Os estudantes desenvolveram o projeto no primeiro semestre de 2024, durante a disciplina “Teoria e Projeto IV: Arquitetura de Interesse Social”, sob orientação da professora Silvia Mikami (vestido)

Arquitetura a serviço das mudanças climáticas

Na disciplina, os estudantes trabalharam em parceria com o projeto de extensão Ser Urbano da docente, também focado na comunidade Nelson Mandela. A turma visitou o local e escutou os moradores para entender suas necessidades, com apoio da liderança da comunidade. Com o suporte de outros professores do curso, os discentes tiveram a oportunidade de pensar em projetos mais próximos da viabilidade de execução, não apenas como exercício teórico. “Isso aproxima muito a Universidade das pessoas, não é mais aquela pesquisa distante. Cada vez mais, é necessário envolver as pessoas para quem e com quem estamos projetando.”

O projeto selecionado prevê soluções para a topografia do terreno (com a construção de prédios em diferentes níveis de altitude e de terraços na inclinação dos morros) e para a drenagem urbana. “Usamos jardins de chuva e biovaletas, que absorvem a água e podem filtrar impurezas, o que chamamos de fitorremediação”, disse Mikami. Além disso, o formato das quadras possibilitou a criação de áreas de fruição urbana entre os edifícios, onde serão instaladas pequenas praças públicas.

Os apartamentos foram pensados para serem acessíveis e abrigarem atividades comerciais e prestação de serviços. A equipe priorizou, ainda, o uso de materiais que auxiliam no controle térmico, como a alvenaria estrutural cerâmica. “Isso promove uma construção rápida, sem grandes desperdícios, porque não usa pilar e viga”, disse Mikami. O bairro projetado também conta com áreas de lazer, centro comunitário, mirante e uma ponte de ligação com a região ao lado, o bairro Eldorado dos Carajás.

A docente argumentou que a implementação de moradias sociais com outros padrões de construção não só melhora a qualidade de vida das famílias, mas também da cidade. Mikami enfatizou que a Fecfau, sendo pertencente a uma universidade pública, está à disposição para colaborar no projeto desse tipo de solução.

Assista ao vídeo, enviado para apresentação do projeto ao concurso:

Depoimentos dos alunos

“Faz mais de um ano que estamos trabalhando nesse projeto. Ele começou em uma disciplina de habitação de interesse social, e, desde então, viemos aprimorando a proposta. Desde a descoberta do concurso até a entrega do projeto, foram aproximadamente quatro meses, então foi bem corrido”, conta Giane Barzagli.

“Estamos orgulhosos da forma que apresentamos o projeto, pensamos em todas as pessoas que vão visitar a exposição. A maqueta é lúdica e humanizada, convida as pessoas para olhar”, afirma Julia Rodrigues.

“O mais legal foi o aprendizado que tivemos na relação em grupo. Conseguimos desenvolver muito bem as questões do projeto. Também tivemos um aprendizado – como uma mentoria mesmo – com a professora, que passou muito tempo conosco e nos explicou muitas coisas que foram além da aula”, explica Pedro Henrique Sendretti.

Da esquerda para a direita, Pedro Henrique Sendretti, Bianca Zampronio, Julia Rodrigues, Leonardo Pecht, Giane Barzagli e Ana Flávia Gomes: soluções para a topografia do terreno
Da esquerda para a direita, Pedro Henrique Sendretti, Bianca Zampronio, Julia Rodrigues, Leonardo Pecht, Giane Barzagli e Ana Flávia Gomes: soluções para a topografia do terreno

“Colocamos em prática e melhoramos o que já tínhamos aprendido na faculdade. Na Bienal, participamos de discussões com grandes nomes da arquitetura e aprendemos sobre como melhorar a vida de quem precisa”, afirma Leonardo Pecht.

“A topografia do lugar, que é muito íngreme e tem um rio, foi um dos desafios. Lidar com escalas diferentes também – começar numa unidade, depois várias habitações e depois numa escala mais urbanística –, além das questões climáticas. Tudo isso foi muito desafiador, mas também muito enriquecedor para nosso aprendizado”, justifica Ana Flávia Gomes.

“No contexto que estamos vivendo, é muito importante pensar na sustentabilidade. Vemos o que está acontecendo ao redor do mundo, o que aconteceu no Sul [do país], com as chuvas. A parte hídrica foi um tema do nosso projeto, como mitigar esses efeitos [das mudanças climáticas] na vida da população, na vida da cidade”, conta Bianca Zampronio.

Foto de capa:

Estudantes e professora Sylvia Mikami (blusa preta) durante exposição na Bienal Internacional de Arquitetura
Estudantes e professora Silvia Mikami (blusa preta) durante exposição na Bienal Internacional de Arquitetura
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