Exercícios físicos para crianças orientados de modo a evitar a dinapenia infantil, uma doença comum entre idosos caracterizada pela perda crescente de força muscular. Essa é a proposta do estudo desenvolvido pelo educador físico e pós-doutorando do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Unicamp Cássio Victora Ruas, realizado em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Austrália e da França.
Depois da pandemia de covid-19, casos de dinapenia infantil passaram a ser observados com maior frequência, principalmente em função do aumento do uso de telas em aulas on-line e do sedentarismo entre os menores de idade naquele período. Considerando pesquisas, iniciadas na década de 1970, sobre o resultado positivo da prática de atividades físicas no tratamento de várias doenças pertinentes à infância, a pediatra Flávia Meyer, hoje professora aposentada da UFRGS e parceira no estudo, passou a investigar o combate mais efetivo ao sedentarismo entre crianças por meio dos exercícios de aumento da força muscular. Meyer defende a prática de exercícios de musculação orientados por educadores físicos não só nos casos relacionados à dinapenia infantil.
O estudo desenvolvido por Ruas propõe ainda a criação de políticas públicas como forma de estimular os exercícios físicos de força para prevenir e tratar as doenças que têm surgido de forma precoce entre as crianças. O exercício excêntrico, objeto principal da pesquisa de Ruas, estimula a força muscular por meio do alongamento e pode promover a reparação, o crescimento muscular, a flexibilidade e a densidade óssea.
Nas atividades físicas de musculação com o uso de halteres, por exemplo, o exercício excêntrico ocorre quando o membro é alongado, em um movimento contrário ao do exercício concêntrico, que ocorre durante a contração muscular. Segundo Ruas, outra vantagem da prática da musculação orientada entre as crianças é que elas não estão tão sujeitas às dores musculares quanto os adultos. “Diferentemente dos adultos, elas recrutam prioritariamente fibras musculares mais lentas [menos fadigáveis] e têm estruturas músculo-tendíneas mais complacentes que absorvem a tensão causada pelo exercício de força”, diz o pesquisador.
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