Em uma solenidade que contou com a presença do reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e da coordenadora-geral da Universidade, professora Maria Luiza Moretti, foi inaugurada, na manhã desta segunda-feira (15), a Praça Memorial do Marco Zero.
Nascido de uma colaboração entre a Coordenadoria de Projetos (CProj) da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (Fecfau), a Secretaria Executiva de Comunicação (SEC) e a Prefeitura do Campus, o projeto recupera um símbolo concebido pelo primeiro reitor da Unicamp, professor Zeferino Vaz, há quase cinco décadas e alimenta a ideia de resgate das raízes da Universidade.
A nova área fica localizada atrás do prédio da SEC, nas proximidades da Fecfau, da Faculdade de Educação (FE) e do Laboratório Plasma. No centro do espaço, há um obelisco de concreto circundado por pedras e um totem com quatro painéis nos quais aparecem a história da edificação e uma galeria de fotos retratando o trabalho de remoção da antiga estrutura e montagem da atual.
Executado pela Prefeitura Universitária, o projeto paisagístico, foi idealizado pelo arquiteto da CProj Antonio Luís Tebaldi. A nova praça é uma espécie de releitura do monumento inaugurado em 1978, quando uma escultura, em formato de pirâmide, feita de grandes pedras e erigida no centro de um lago artificial, ocupava parte da Praça Central, onde se encontra o Ciclo Básico. Zeferino Vaz queria que o monumento representasse uma fonte de conhecimento – uma referência à própria Universidade.
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O atual reitor da Unicamp lembrou que a ideia de resgate da memória já se disseminou entre muitas universidades do mundo. Meirelles contou ter, em recente passagem pela China, visitado 17 instituições de ensino e pesquisa, das quais 15 eram universidades. “E, em todas elas, havia um museu com a história daquela instituição”, disse o reitor. Para ele, a Praça Memorial do Marco Zero pode ser um passo importante em um processo do tipo.
Ele lembrou dos muitos legados do professor Zeferino Vaz e destacou, entre esses, a criação dos cursos então pioneiros no Brasil de Engenharia de Alimentos e de Ciência da Computação – que, segundo Meirelles, tiveram importância significativa no desenvolvimento do país.
“Nós estamos aqui, hoje, inaugurando este local e retomando a memória de Zeferino Vaz, mas a principal contribuição dele foi deixar monumentos como esses –- que formam gente, que preparam recursos humanos, que geram ciência, tecnologia, inovação de ponta e que podem transformar a realidade deste país”, disse o reitor.
Sérgio Marnio Gandra Vaz, filho do fundador da Unicamp e atualmente administrador de empresas, ressaltou a importância do resgate da memória. “Este é o segundo ou terceiro evento de que participo no qual a Unicamp busca reforçar a memória do meu pai. Ele morreu já faz tempo [em 1982], mas as ideias dele permanecem na Universidade. Conversando com os professores, percebo que todos preservam os princípios nos quais o meu pai acreditava”, disse Sérgio Vaz.
A coordenadora-geral da Unicamp lembrou ter sido aluna de Zeferino Vaz. “Ele me deu aulas na disciplina de parasitologia”, revelou. “E um dos meus maiores orgulhos na carreira é o de que o meu diploma de medicina é assinado por Zeferino Vaz”, acrescentou Moretti. “Que a Praça Memorial do Marco Zero se torne um símbolo vivo da história e do legado de Zeferino e da Unicamp, inspirando as futuras gerações, que poderão escrever novos capítulos de glória e de grande contribuição para a sociedade brasileira naquilo que é o mais importante para o nosso crescimento: o ensino”, afirmou a coordenadora-geral.
Tebaldi diz que o espaço inaugurado nesta segunda tem um sentido funcional de criar áreas de estar, organizando caminhos e o fluxo de pessoas ao redor de uma cantina. “No entanto há um outro sentido, menos funcional e mais emocional, trazendo a todos os que passarem por aqui uma parte da história da Unicamp”, disse o arquiteto. “O que se vê aqui é a disposição da Unicamp em manter sua história viva e apresentá-la a todos com orgulho. O que pretendemos com a praça é aproximar as pessoas e, mais: em torno da história”, acrescentou. “Que este espaço sensibilize e favoreça a convivência das pessoas por muito tempo.”
O prefeito do campus, Juliano Finelli, lembrou haver uma intersecção entre a ideia de criação de espaços de convivência no campus com o Projeto Rede de Espaços de Alimentação e Convívio (Preac) – que prevê a disponibilização de espaços adequados de alimentação e convívio. Finelli afirmou que o projeto da Praça Memorial do Marco Zero vai crescer. “Ainda falta a colocação de dois pergolados e a construção de um palco de arena para atividades culturais.”
O professor Renê Trentin Silveira, diretor da FE, afirmou que a inauguração do espaço, com a presença de Sérgio Vaz, guardava uma peculiaridade: “O DNA do Zeferino Vaz está presente hoje, aqui, tanto no sentido metafórico quanto no sentido literal”.
Para o professor, não deixa de ser sintomático o fato de a Praça Memorial do Marco Zero ter sido erguida nas imediações da FE. Segundo ele, em geral, marco zero é o nome que se dá ao local de fundação de uma cidade. O professor reconhece que a Universidade não começou a ser edificada ali, nem que era ali o local de origem da escultura na qual uma fonte de água simbolizava a disseminação do conhecimento, mas, ainda assim, afirmou considerar que o lugar escolhido para abrigar o novo espaço é adequado. Silveira explica que a história da FE “se entrelaça” com a da Unicamp. E lembrou: “Sem faculdades de educação não haveria universidades”.