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Atualidades

Nancy Lopes Garcia é eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências

Os professores Igor Dias Jurberg, da área de Ciências Químicas, e João Vitor da Silva, também das Ciências Matemáticas, foram eleitos membros afiliados pela região de São Paulo

Titular do Departamento de Estatística da Unicamp desde 2002, a professora Nancy Lopes Garcia acaba de entrar para a galeria de membros titulares da Associação Brasileira de Ciências (ABC). Pró-reitora de Pós-Graduação da Unicamp no período de 2018 a 2021 e coordenadora da área na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Garcia foi a única especialista das Ciências Matemáticas a ingressar no grupo de membros titulares.

Os professores Igor Dias Jurberg, da área de Ciências Químicas, e João Vitor da Silva, também das Ciências Matemáticas, foram eleitos membros afiliados pela região de São Paulo – uma categoria criada como forma de incentivo a jovens pesquisadores, aqueles que apresentam boas iniciativas e têm carreiras promissoras

Os membros titulares e correspondentes receberão seus diplomas em maio de 2024, durante a reunião magna da ABC, a ser realizada na cidade do Rio de Janeiro. Já os membros afiliados participarão de suas cerimônias de diplomação em meio a simpósios científicos a ocorrerem em suas regiões.

Veja a lista completa dos novos membros eleitos.

Este ano as mulheres são maioria entre os titulares eleitos, somando 60% dos representantes. Essa proporção reflete uma tendência rumo à igualdade de gênero no topo da carreira científica, que cada vez mais se reflete nos quadros da Academia Brasileira de Ciências. Entre os membros afiliados, a equidade também foi atingida, com 50% para cada gênero.

Aos 59 anos, Garcia é uma das profissionais mais reconhecidas dentro da Unicamp, sendo referência no Departamento de Estatística. Sua especialização na área – iniciada no mestrado junto ao Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro – rendeu-lhe uma experiência de doutorado fora do Brasil, mais precisamente na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, em 1993.

“Essa é uma grande conquista. É como meu orientador de doutorado disse: ‘O objetivo é fazer coisas boas, mas é sempre bom quando alguém percebe’”, afirmou Garcia, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) no período de 2017 a 2021.

“Trata-se de um reconhecimento de todo o meu trabalho ao longo de todos esses anos, tanto na minha produção científica, na minha atuação como formadora de recursos humanos com minhas orientações em todos os níveis, iniciação científica, mestrado e doutorado, bem como nas supervisões de pós-doutorado e nas contribuições para a comunidade matemática”, acrescentou.

“Tenho muito orgulho da minha trajetória e mais ainda dos meus alunos, que hoje estão em diversas partes do mundo como professores ou como profissionais bem-sucedidos”, garantiu.

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Nancy Garcia é uma das profissionais mais reconhecidas dentro da Unicamp, sendo referência no Departamento de Estatística

Paixão pela matemática

Natural do tradicional bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, Garcia aprendeu desde a infância a lidar bem com mudanças. Com 5 anos, saiu da capital paulista para morar em um sítio em Atibaia, onde viveu até os 12. O período escolar continuou em Itatiba até passar no Vestibular em Estatística pela Unicamp.

Campinas transformou-se em sua nova casa, em meio aos desafios de sua trajetória acadêmica. Entre esses desafios, constava o preconceito, que mudou o rumo de sua carreira.

“Sempre gostei muito de matemática, sempre fui bem [em matemática]. E essa era a matéria em que me saí melhor durante todo o ensino fundamental. No ensino médio, fiz colégio técnico em edificações e queria ser engenheira civil. Porém, na época, dizia-se que a engenharia civil não era uma carreira para mulher e eu resolvi fazer computação, que era a grande moda na época. Não passei no Vestibular, passei em Estatística e resolvi seguir essa carreira”, conta.

Referência masculina

Após completar sua especialização no exterior, Garcia retornou ao Brasil em 1993 para atuar de forma efetiva na Unicamp. Ela admite que a maioria das fontes de inspiração em todos os seus processos educacionais foram homens, por isso a nova realidade da ABC é importantíssima para as meninas que sonham com uma carreira na matemática, avalia.

“Minhas referências quase todas eram masculinas desde a graduação, então acho muito importante haver mulheres ativas a servir de exemplo de que o lugar da mulher é onde ela quiser. É possível galgar todos os degraus da carreira, no meu caso, da academia”, garante.

“Tivemos muitas conquistas nos últimos anos em termos de equidade de gênero. Entretanto, ainda temos muito para alcançar. Por exemplo, dentre os alunos de pós-graduação em Matemática/Probabilidade e Estatística, as mulheres são apenas 25%. Essa conquista de tornar-me membro da ABC é mais um passo nessa direção”, acredita.

Matemática amplia o horizonte

Até hoje, Garcia publicou mais de 60 artigos científicos, alguns com elevada repercussão na comunidade internacional, e orientou mais de 35 trabalhos de iniciação científica, mestrado e doutorado.

“A matemática é a linguagem do mundo. A área de matemática é ampla. Vai desde subáreas muito teóricas, como a álgebra, até subáreas muito aplicadas, como a estatística e a ciência de dados”, explica. “Há um amplo campo de trabalho, que vai desde a universidades e os núcleos de pesquisa até a indústria, o mercado financeiro e as análises forenses. Estudar matemática amplia o horizonte. Os matemáticos conseguem pensar de modo abstrato e ver conexões que outros não conseguem enxergar”, finaliza Garcia.

Membros afiliados 

Jurberg possui graduação em engenharia, mestrado em química molecular e doutorado em química orgânica pela École Polytechnique, de Paris.

Ele é um dos fundadores da sessão brasileira da Sociedade Americana de Química. No Instituto de Química (IQ) da Unicamp, Jurberg dá aulas na graduação e na pós-graduação.

O seu grupo de pesquisa possui um amplo interesse em métodos catalíticos, com foco não somente no desenvolvimento da síntese orgânica fundamental, mas igualmente em aplicações visando quando possível à transferência de tecnologia para a indústria, causando assim um impacto direto em nossa sociedade

Silva obteve o título de livre docente pelo Departamento de Matemática do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) da Unicamp no ano passado. Entre 2018 e 2019 foi aprovado como um Conicet’s Associate Researcher (órgão que reúne pesquisadores e que tem a finalidade de promover o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no país), obtendo uma vaga de trabalho no Departamento de Matemática da Universidad de Buenos Aires (Argentina). Ele atuou também como professor auxiliar no Departamento de Matemática dessa universidade.

Entre os anos de 2019 e 2020, trabalhou como pesquisador do Programa Nacional de Pós-Doutorado da Capes no Departamento de Matemática da Universidade de Brasília, onde também permaneceu como pesquisador colaborador pleno (2019-2021).

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