IG recebe exposição que destaca a luta e a solidariedade de brasileiros exilados no Chile nos anos 1970 através de memórias do exílio e da ditadura
A exposição “Memórias Encontradas Entre a Solidariedade e a Perseguição” recupera a história de homens e mulheres que ingressaram na Embaixada da Argentina em Santiago (Chile) em 11 de setembro de 1973 em busca de refúgio durante o golpe de Pinochet.
A exposição será inaugurada no saguão do Instituto de Geociências (IG) no dia 19 de setembro, durante a celebração dos 45 anos da unidade, e traz uma série de imagens, documentos, crônicas e poesias.
A segunda metade do século XX no Cone Sul da América Latina foi atravessada por regimes ditatoriais que deixaram um saldo atroz: dezenas de milhares de mortes e desaparecimentos, prisão política, torturas, exílio maciço, deslocamentos forçados internos, desemprego e uma profunda reforma econômica em detrimento das classes populares. Brasileiros, uruguaios, mexicanos, bolivianos, que receberam acolhida no Chile de Salvador Allende, com o golpe de Pinochet em 1973 tiveram que abandonar suas residências e trabalho e refugiar-se em Embaixadas de países democráticos e buscar asilo político. Caso contrário, corriam o risco de sofrer a violência e crueldade de militares chilenos que, orientados pela junta militar, buscavam estrangeiros que estariam integrados ao governo Allende.
Existiu durante essas décadas uma colaboração estreita entre militares de distintos países, intercâmbio de informação, pedidos de captura e ações repressivas. A Embaixada da Argentina recebeu muitos exilados. Dentre eles, chilenos, argentinos, uruguaios e brasileiros, que ao serem enviados para a Argentina foram fichados para controle pelo sistema de inteligência do país. Isso serviu para o monitoramento de seus passos, perseguição e assassinato de alguns, através da cooperação entre ditaduras – ação que ficou conhecida como Plano Condor.
As fotos e os documentos expostos foram produzidos por agências policiais de inteligência da Argentina para registro, controle e vigilância dos que ingressavam no país e também dos que ajudavam. Conhecer a experiência de exílio é mostrar o funcionamento da maquinaria repressiva que se constituiu num período obscuro da América Latina. Por isso, recuperar tais registros do passado, que dão conta das luzes e sombras da história do Cone Sul, é estabelecer uma referência para pensar as democracias que emergiram do horror e que têm contas a acertar.
A exposição, que é resultado da parceria do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil e da Comisión Provincial por la Memoria da Argentina, já passou pela Argentina, Uruguai e Chile. Está no Brasil desde o final de julho – esteve em Porto Alegre e em Curitiba antes de chegar a Campinas. No tempo em que estará exposta na Unicamp, receberá a contribuição do coletivo Linhas de Sampa e peças da artista Fulvia Molina.
Serviço
Exposição: Memórias Encontradas Entre a Solidariedade e a Perseguição
Local: Instituto de Geociências da Unicamp
Endereço: Rua Carlos Gomes, 250, campus de Campinas
Visitação: a partir de 19 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h
Entrada franca
(Da Redação com informações de Eliane Fonseca Daré/IG)