O Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais e Música do Instituto de Artes (IA) da Unicamp abriu, nesta segunda-feira (15), na Galeria de Artes do IA (Gaia), uma exposição com trabalhos elaborados por pesquisadores em fase de conclusão de curso. Trata-se de instalações, fotoperformances, obras de videoarte e trabalhos de artes plásticas que promovem tanto a reflexão sobre a produção artística quanto sobre a arte em si, segundo o diretor da Gaia, professor Sérgio Niculitcheff.
Até o dia 16 de fevereiro, poderão ser apreciadas obras dos artistas/pesquisadores Anderson Ramirez Kalter, Andressa Boel, Elena Partesotti, Henrique Detomi de Albuquerque, Marco Antonio Sanches Cherfêm, Michael Jorge da Silva, Natália Silva Xavier, Norma Maria Mobilon e Rafael Scheibe Coutinho.
Niculitcheff lembra que a mostra não pretende ser uma síntese da obra desses artistas, nem uma resenha do que seja o estudo de artes na Unicamp. “Não se trata de uma exposição que pretende abranger toda a pesquisa atualmente realizada pelo artista, até porque o espaço não comporta isso e porque, provavelmente, esses alunos têm outras obras em desenvolvimento. Aqui fazemos apenas um recorte”, explica o diretor.
“Mas, de qualquer maneira, a exposição representa a diversidade do que vem sendo pesquisado na Universidade e os diversos caminhos que as pesquisas acabam tomando. Você vai ter [na exposição] pesquisa com pintura, instalação, fotografia etc. E essa diversidade mostra um pouco da pesquisa em arte que está sendo realizada na Universidade”, avalia Niculitcheff.
Um dos trabalhos é de Coutinho, um artista visual, ilustrador e designer que fez uma instalação sobre violências, segundo o próprio autor da obra. “Tanto de regimes autoritários, quanto das violências psicológicas”, resumiu. Silva apresentou uma série de trabalhos com base na técnica da fotoperfomance – em que a performance é realizada pelo artista para uma câmera. Ele contou fazer também experimentos com videoperformance, em uma série de pesquisas de linguagem iniciadas há sete anos.
Partesotti, por sua vez, apresentou um trabalho audiovisual chamado “Desfragmentação Cenestética”, no qual imagens captadas por um aparelho são reproduzidas em uma tela. Ao mover a cabeça para um determinado lado, por exemplo, a imagem produz sons que se transformam em trilha sonora. Ao levantar as mãos, surge uma outra trilha. “O objetivo é ouvir os sons que emergem de seus movimentos”, explica a artista. Essa seria uma forma de dizer que as pessoas devem ouvir o próprio corpo, acrescentou.
O professor e artista visual Mauricius Martins Farina, diretor associado do IA, diz orgulhar-se da qualidade do trabalho artístico desenvolvido atualmente na Unicamp. Ele lembra que a mostra é somente uma diminuta parte da produção artística dos pesquisadores e faz uma ressalva. “Essa é uma mostra pequena, de alunos que já defenderam mestrado ou doutorado, mas essa mostra é bastante contemporânea. Há trabalhos de audiovisual, de pintura, trabalho com instalação, escultura, com muita diversidade e de muita qualidade”, assegura.
“Eu estou na Unicamp desde janeiro de 1984 e desde então o que a gente vê é crescimento. Cheguei aqui e me surpreendi positivamente. Trata-se de uma exposição com muita qualidade, que poderia estar em qualquer lugar do mundo. Essa não é uma exposição provinciana, escolar. Não. Essa é uma exposição que teria visibilidade em qualquer grande centro de arte contemporânea do mundo”, reforça.
Fabiana Silva dos Santos, de 15 anos, que participa da 20ª edição do Ciência e Arte nas Férias (CAF) – programa em que estudantes de escolas públicas de Campinas, Limeira e Piracicaba realizam uma série de atividades de pesquisa em laboratórios da Universidade –, esteve no início da tarde na abertura da exposição. Estudante da Escola Estadual Professor Francisco Álvares, ela contou ter sido esta a primeira vez que esteve em uma galeria de arte.
“Essa é uma experiência muito interessante. Você pode pensar sobre qual foi o mecanismo que levou o artista a fazer algo de um determinado jeito, a mistura de cores, a escolha dos elementos”, disse a estudante. “Isso está sendo muito legal”, acrescentou ela, que participou, no final da visita, de uma roda de conversa com os artistas.
Serviço
Visitação: até 16 fevereiro de 2024
Horário: de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas, exceto feriados
Local: Galeria de Artes do Instituto de Artes (Gaia)
Rua Sérgio Buarque de Holanda, s/nº – Térreo da Biblioteca Central ‘César Lattes’
Expositores:
“Entrelugar – experimentação de espaços” (Anderson Ramirez Kalter | Orientador: Stéphan Oliver Schaub)
“Bicicruze: construção coletiva de bicicletas não tradicionais no cerrado” (Andressa Boel | Orientadora: Sylvia Helena Furegatti)
“Desfragmentação Cenestética” (Elena Partesotti | Orientador: Jonatas Manzolli)
“Desvio ao desterro” (Henrique Detomi de Albuquerque | Orientadora: Sylvia Helena Furegatti)
“Ritmo, pigmento, matéria e expressão” (Marco Antonio Sanches Cherfêm | Orientadora: Ivanir Cozeniosque Silva)
“Paisagens internas” (Michael Jorge da Silva | Orientadora: Marta Luiza Strambi)
“Cantar o tempo” (Natália Silva Xavier | Orientador: Filipe Mattos Salles)
“O manto e a paisagem: entre as dobras da imagem impressa e da pintura” (Norma Maria Mobilon | Orientadora: Luise Weiss)
“Inquietudes cotidianas. Mitopoética em cadernos, livro de artista e desdobramentos”. (Rafael Scheibe Coutinho | Orientadora: Marta Luiza Strambi)