Especialistas brasileiros e estrangeiros – entre eles o filósofo francês Pierre Dardot – participam do II Seminário Discutindo o Brasil e o Mundo, um evento organizado pelo Conselho Editorial da Editora da Unicamp com o apoio da Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp). A segunda edição do seminário – intitulada “A crise contemporânea: sentidos geopolíticos, sociais e econômicos” – acontece nos dias 18 e 19 de setembro, no auditório da Adunicamp, com entrada livre para todo o público.
De acordo com a diretora da editora Edwiges Morato, o seminário pretende “colocar em relevo reflexões relativas a uma crise combinada da democracia e do capitalismo – envolvendo, entre outros problemas, a ascensão de líderes autoritários no mundo, as tensões geopolíticas e os problemas socioambientais e sanitários –, além de discutir formas de circulação do conhecimento e o avanço da tecnologia”.
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O seminário, estruturado em quatro mesas de discussão, também lançará livros da série Discutindo o Brasil e o Mundo, que já conta com oito títulos.
De acordo com Morato, a série de livros tem como proposta alinhavar – por meio de um conjunto de obras de autores brasileiros e estrangeiros – discussões recentes em torno de uma agenda sociopolítica internacional, abordando temas como as crises políticas e econômicas, os conflitos geopolíticos e o embaralhamento da ordem internacional. Além disso, continua, esse conjunto de livros propõe reflexões sobre a gestão de políticas públicas nesta era digital, o papel do livro acadêmico na democratização da ciência e questões ambientais.
“Essa é uma forma de nós, enquanto editora, intervirmos e participarmos também desse debate público”, explica. Morato lembra que os primeiros títulos da série foram lançados em 2022, durante o I Seminário Discutindo o Brasil e o Mundo, realizado junto com o aniversário de 40 anos da editora.
Programação
A primeira mesa debaterá os sentidos geopolíticos, sociais e econômicos do Plano Biden (Joe Biden, presidente dos Estados Unidos) e seus impactos no Brasil. Essa mesa contará com a presença do responsável pela Secretaria de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Uallace Moreira Lima, de Raul Etulain (da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp) e de Hugo Fanton Ribeiro da Silva (da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – USP).
Na sequência, haverá o lançamento da coletânea O segundo círculo: centro e periferia em tempos de guerra, organizada por André Singer, Bernardo Ricupero, Cícero Araújo e Fernando Rugitsky.
A mesa de número dois, intitulada “Diagnósticos e prognósticos da questão ambiental no Brasil e no exterior”, vai contar com a participação de Gabriela Marques di Giulio (do Instituto de Estudos Avançados da USP), Jefferson Picanço (do Instituto de Geociências da Unicamp), e Alexandre Macchione Saes (diretor da Biblioteca Brasiliana Guita) e José Mindlin (da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP).
Na sequência, haverá o pré-lançamento do livro Conflitos, riscos e impactos associados a barragens, uma publicação organizada por Jefferson Picanço, José Mário Martinez, Claudia Pfeiffer e João Frederico Meyer.
A crise da democracia na América Latina
O segundo dia do seminário começará com uma mesa intitulada “A crise da democracia na América Latina: avaliação e perspectivas” e da qual participarão André Kaysel (do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp), Pierre Dardot (do Sophiapol – Universidade Paris Nanterre, França) e, remotamente, Fernando Rugitsky (University of West of England, Reino Unido). Durante essa mesa, haverá o lançamento da obra A memória do futuro: Chile, de Pierre Dardot.
A quarta e última mesa, intitulada “Capitalismo de plataforma, circulação do livro e o desafio das editoras das universidades públicas”, contará com a participação de José Dari Krein (do Instituto de Economia da Unicamp), Alexandre da Silva Simões (do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, em Sorocaba e membro do Comitê de Assessoramento da área de Divulgação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq), e Jézio Hernani Bomfim Gutierre (presidente da Associação Brasileira de Editoras Universitárias e diretor da Editora da Unesp).
Morato diz que a forma como as pessoas reagem à crise atual, como buscam alternativas e como elaboram formas de enfrentamento tem uma relação direta com seu conhecimento sobre essa crise. “Portanto, trazer especialistas, aprofundar essas reflexões e colocar isso no debate público torna-se algo essencial”, acredita a diretora.
“A universidade não apenas reflete. Quando reflete, ela participa de um debate público, e o debate é parte da resolução dos problemas. É parte do enfrentamento. É quando o conhecimento interno da universidade se transforma e modifica a experiência de cidadania”, conclui.