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Atualidades

Seminário internacional discute perspectivas para COP30

O evento é o terceiro de uma série de seminários internacionais que vêm sendo realizados pela Cameja para alertar a sociedade sobre o momento que o planeta está atravessando

O seminário “COP30: é possível chegar aos resultados decisivos de que precisamos?”, organizado pela Comissão Assessora de Mudanças Ecológicas e Justiça Ambiental (Cameja) da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) e realizado entre os dias 3 e 6 de setembro, reuniu especialistas nacionais e internacionais para discutir a importância da conferência para o estabelecimento de ações concretas de enfrentamento à crise climática. Agendada para novembro de 2025, na cidade de Belém, no Pará, a COP30 será a primeira Conferência das Partes realizada na Amazônia e marcará os dez anos do Acordo de Paris, quando os países envolvidos se comprometeram a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa.

Com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube Climate Unicamp, o evento é o terceiro de uma série de seminários internacionais que vêm sendo realizados pela Cameja para alertar a sociedade sobre o momento que o planeta está atravessando. “2023 foi o ano mais quente das últimas décadas. Tivemos secas extremas, intensas ondas de calor e chuva que se repetiram em maio de 2024, causando uma calamidade sem precedentes no Rio Grande do Sul e no interior de São Paulo. Todos esses eventos evidenciam o quanto ainda estamos despreparados para lidar com eles”, comenta a presidenta da Cameja, Sonia Regina da Cal Seixas, lembrando que será necessário contar com todas as cabeças pensantes para encontrar as soluções para esses desafios.

A coordenadora-geral da Unicamp, Maria Luiza Moretti, salienta que as mudanças climáticas também trazem problemas relacionados ao aumento de doenças tropicais, com o aparecimento de novos agentes infecciosos que ameaçam cada vez mais a vida da população. Ela lembra que, já nos anos 1970, quando era aluna na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), assistiu a um seminário sobre o aparecimento de doenças tropicais devido ao aquecimento global, algo que achou que nunca iria ver de fato. “E agora estou vendo acontecer tudo o que foi relatado lá. Mal saímos de uma epidemia de covid-19 e temos uma nova doença, a mpox. O vírus já existia, mas a clade evoluiu, passou pelos seres humanos, tornou-se mais virulenta e agora está infectando crianças”, alerta. 

Da esquerda para a direita, o secretário do Clima, João Paulo Capobianco, o reitor Antonio Meirelles e a coordenafora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti: ações concretas de enfrentamento à crise climática
Da esquerda para a direita, o secretário do Clima, João Paulo Capobianco, o reitor Antonio Meirelles e a coordenafora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti: ações concretas de enfrentamento à crise climática

Para discutir esses desafios, participaram do seminário especialistas como o secretário do Clima do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco; a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, que atualmente é co-presidente do Painel Internacional de Recursos Naturais da ONU; o jornalista da UOL Jamil Chade; o consultor internacional em questões ambientais Fábio Feldman e o pesquisador Paulo Artaxo, coordenador do Programa Fapesp de Mudanças Climáticas Globais. Além disso, representantes de movimentos sociais e ONGs como o MapBiomas e Observatório do Clima também marcaram presença em mesas realizadas ao longo da semana, bem como universidades brasileiras e internacionais, que traçaram um panorama de como vêm se organizando para enfrentar a crise.

Ainda, uma palestra realizada no último dia do evento abordou a questão da emergência climática no Brasil, enquanto uma mesa coordenada pela docente Leila da Costa Ferreira abordou o problema do urbanismo climático. “Temos mais de 5,2 mil municípios no Brasil, e as cidades são os maiores emissores de gás de efeito estufa do mundo. De todos esses municípios, em torno de 20 têm políticas climáticas relacionadas à adaptação e à mitigação. Então, precisamos discutir de uma forma crítica o que realmente precisa ser feito”, relata a docente, que é vice-coordenadora do Cameja.

Direitos Humanos

Para o reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, o fato de a organização do evento ter sido feita pela Diretoria Executiva de Direitos Humanos revela o entendimento de que a garantia de um futuro ambiental perpassa o direito da humanidade e das futuras gerações. Nesse sentido, considera Meirelles, a Unicamp expressa esse compromisso de forma mais intensa, porque tem uma contribuição tradicional que se iniciou com a criação do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) ainda na década de 1980. “Fazer esse evento é uma forma de a universidade contribuir para essa questão em termos gerais. Ela tem esse potencial de colaborar com o desenvolvimento das populações e da economia, além de sua atuação no desenvolvimento científico e tecnológico”, avalia.

Tal perspectiva é compartilhada por Capobianco, que aponta o papel essencial da universidade na produção de ciência e na formação de estudantes. Durante o evento, o especialista proferiu uma palestra sobre os resultados esperados para a COP30, relatando todo o avanço e o esforço do Brasil em elaborar planos de adaptação, de mitigação e de metas ambientais. “Há uma estratégia de ação que está sendo aprovada este ano, e o Brasil irá apresentar seus novos compromissos na Convenção de Mudança do Clima, que ocorrerá agora no final do ano. A ideia é que o Brasil de fato mude de patamar, incorpore a questão climática de forma estratégica nas suas políticas públicas e implemente ações consistentes para reduzir a emissão e promover a adaptação às mudanças climáticas”, revela.

O próximo seminário da Cameja deverá abordar o racismo ambiental, um fator central nos tempos atuais, antecipa Silvia Santiago, diretora-executiva de direitos humanos da Unicamp, afirmando que a Comissão tem sido incansável na produção de reflexões, pesquisas e formação de pessoal em torno do tema da emergência climática. “Vamos solicitar novamente a participação dos pensadores e formuladores de políticas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e de outros que fazem vértice com o tema. Buscaremos enfrentar o que vem ocorrendo no Brasil e no mundo sem esquecer as comunidades, o que sofrem com as mudanças climáticas, e analisando nosso entorno com as melhores perspectivas, intenções e a mais elevada ciência”, finaliza.

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