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Cultura e Sociedade

Livro resgata história e mostra que SUS é conquista civilizatória

Os autores sugerem que Campinas representou uma peça-chave no processo de estruturação do SUS porque a cidade havia acumulado larga experiência no enfrentamento de pandemias, desde o período colonial

A trajetória de criação e implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) – que transformou o modelo de assistência à saúde no Brasil – foi registrada em livro, a ser lançado no próximo dia 11 de julho, pela Editora da Unicamp. Organizada por dois médicos, uma especialista em direito e um jornalista, a obra A Epopeia do SUS faz um resgate histórico de um movimento considerado hoje uma conquista civilizatória para o país.

O hematologista e um dos autores da obra Cármino de Souza: universalização da assistência à saúde
O hematologista e um dos autores da obra Cármino de Souza: universalização da assistência à saúde

“Essa foi uma ação civilizatória porque mudou o parâmetro”, explica Cármino de Souza, médico, professor titular de hematologia e hemoterapia da Unicamp, ex-secretário estadual de Saúde e um dos organizadores do livro. “Antes do SUS – e eu me formei nesse ambiente – os pacientes eram indigentes. Havia gente que não tinha acesso a nada.”

“O SUS criou uma coisa fundamental, a universalização da assistência à saúde, do acesso à saúde. Dentro do SUS, tivemos um dos mais exitosos programas de vacinação do país. Dentro do SUS, temos um dos mais exitosos programas de transplante – 95% dos transplantes realizados no Brasil são feitos pelo SUS. Além do atendimento a pacientes com câncer, do sistema de fornecimento de sangue, o atendimento a pacientes da saúde mental. Tudo isso é SUS”, diz.

O livro – que conta com a colaboração também do médico José Enio Servilha Duarte, da advogada e professora convidada do Departamento de Saúde Coletiva da Unicamp Lenir Santos e do jornalista José Pedro Martins – resgata as circunstâncias que desembocaram na adoção do sistema, a partir da Constituição de 1988.

Segundo Souza, Campinas e a Unicamp desempenharam um papel de vital importância para a concepção e a estruturação do sistema no Brasil. “Desde o primeiro momento, eu pensei em publicar o livro pela Editora Unicamp justamente por isso: a Unicamp foi muito importante em todo esse processo. Muitas coisas do SUS, da estruturação mesmo do SUS , foram discutidas e gestadas dentro da Unicamp, com a participação dos reitores, da procuradoria e de professores”, afirmou.

Vista área do complexo hospitalar da Unicamp; autores do livro destacam o papel vital de Campinas e da Universidade na concepção do modelo no Brasil
Vista área do complexo hospitalar da Unicamp; autores do livro destacam o papel vital de Campinas e da Universidade na concepção do modelo no Brasil

“Muitas pessoas falam do Sérgio Arouca [médico sanitarista] pensando na ligação dele com o Rio de Janeiro, mas ele era professor da Unicamp”, argumenta. Arouca ajudou a formular o documento responsável por estabelecer as bases que resultaram no SUS. “Além disso, a base jurídica e institucional do SUS foi, em grande parte, desenvolvida na Unicamp. Há, ainda, alguns movimentos como o Pró-Assistência e o SUDs [Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde], que precederam o SUS na Constituição”, lembrou Souza.

Os autores sugerem que Campinas representou uma peça-chave no processo de estruturação do SUS porque a cidade havia acumulado larga experiência no enfrentamento de pandemias, desde o período colonial. “De certo modo, esse enfrentamento das epidemias contribuiu para a construção, em Campinas, de um clima favorável a ações públicas na área de saúde”, relata o livro.

Souza lembrou que o SUS transformou-se em exemplo da área de saúde pública no mundo todo e que atende, hoje, perto de 200 milhões de pessoas em uma estrutura única no planeta. Segundo Souza, a importância do SUS ficou patente durante a pandemia de covid-19. “Sem o SUS, teria havido uma barbárie”, disse.

Médicos realizam transplante no HC; SUS atende, hoje, perto de 200 milhões de pessoas em uma estrutura única no planeta
Médicos realizam transplante no HC; SUS atende, hoje, perto de 200 milhões de pessoas em uma estrutura única no planeta

Autores:

Cármino Antonio de Souza é formado em medicina pela Unicamp, onde atua como professor titular de hematologia e hemoterapia; foi secretário estadual de Saúde de São Paulo (1993-1994) e secretário municipal de Saúde de Campinas (2013-2020).

Lenir Santos é formada em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), foi secretária de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (2014-2015) e é professora convidada do Departamento de Saúde Coletiva da Unicamp.

José Enio Servilha Duarte é formado em medicina pela Universidade de São Paulo (USP), foi secretário adjunto e chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo (1987-1990 e 1993-1994) e secretário municipal de Saúde de Marília (1997-2005).

José Pedro Soares Martins é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) com passagem pelos jornais Correio Popular, Terramérica e O Diário. É autor de mais de 70 livros nas áreas de saúde, história, educação, cultura e meio ambiente.

A Epopeia do SUS

Serviço:

Livro: A Epopeia do SUS

Lançamento: Livraria Candeeiro, bairro do Cambuí, Campinas

Data e hora: 11 de julho, às 18h

Editora da Unicamp

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