A ideologia político-partidária influenciou prefeituras brasileiras na compra de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar. Partidos de esquerda respeitaram mais a obrigatoriedade de utilização da cota de 30% dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) para a compra de produtos da agricultura familiar, segundo a nutricionista Ana Carolina Benite Alves, autora de uma pesquisa de mestrado realizada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
A pesquisadora analisou os dados relativos aos gastos feitos pelos municípios ao longo de oito anos, entre 2011 e 2019. A aquisição dos alimentos da agricultura familiar pelas prefeituras mais que dobrou no período, atingindo o valor mais alto em 2018, quando foram utilizados quase 45% dos recursos do Pnae nessa categoria. Em 2011, a média nacional foi a menor registrada, 16,19%. A Região Sul se destacou com a maior porcentagem de compra, experimentando também o maior crescimento, de 32,31%.
“A Região Sul tem uma relação tradicional com a compra de agricultura familiar. Isso se deve ao forte histórico de atuação política dos movimentos rurais organizados, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que teve origem no estado”, afirma Alves.
Para a realização do estudo, a nutricionista utilizou bancos de dados governamentais de acesso público. A pesquisa foi orientada pela professora Ana Clara da Fonseca Leitão Duran, que atua no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da FCM.
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