Promover um espaço para a livre apresentação artística na Unicamp é a proposta da Mostra Cultural do Instituto de Artes – IA, projeto de extensão que realizou sua primeira edição de 2024 em abril. As inscrições estão abertas para os discentes, docentes e funcionários interessados em participar das próximas duas edições, a serem realizadas em maio e junho. O projeto não tem pré-requisitos, e as apresentações têm temática livre. A proposta é a de um evento multidisciplinar, reunindo diversas modalidades artísticas em uma mesma data.
O violinista da Orquestra Sinfônica da Unicamp, professor e orientador da Mostra Cultural do IA Eduardo Semencio esclarece que, comumente, os alunos se juntam para realizar atividades e apresentações no auditório do Instituto, porém, a agenda do espaço é concorrida — o que motivou a criação do projeto. A Mostra supre essa necessidade de datas, dando oportunidade aos estudantes de mostrarem seus projetos de dança, música, artes cênicas, artes plásticas, mídias e outros. “O objetivo é ter um evento mensal regular, durante todo o ano, em que o aluno pode se inscrever para apresentar sem ter que esperar o final do semestre ou o professor fazer agendamento”.
Semencio acrescenta que a Mostra oferece aspectos muito importantes ao artista: presença de público, experiência de palco e autonomia para criar seus próprios espaços, auxiliando também na formação de um portfólio profissional. “Os artistas precisam de tempo de palco, precisam se expor e lidar com o nervosismo. Também poderão testar suas apresentações e conferir as reações da plateia na vida real”. É possível, por exemplo, expor um trecho de uma peça ou um número de dança, que será apresentado de forma integral no final do ano. Em geral, as edições têm de 45 minutos a uma hora e meia, a depender dos projetos inscritos.
A Mostra Cultural do IA é um projeto de extensão idealizado em 2022 pelo professor de violino Adonhiran Bernard Reis e que teve início em 2023. Para acompanhar as datas de inscrição e apresentação, o interessado deve acessar o perfil no Instagram @mostraculturalunicamp. As próximas datas disponíveis são informadas no formulário de inscrição, que está disponível para acesso por meio da rede social. Além disso, também é possível acompanhar trechos das últimas apresentações.
Acesse o formulário de inscrição.
Apresentações abrangem novos lugares e diversas expressões artísticas
Os eventos acontecem sempre em uma quarta-feira. A primeira edição de 2024 aconteceu no dia 03/04. As próximas estão agendadas para 15/05 e 05/06. Diferentemente das anteriores, estas ocorrerão no Teatro de Arena da Unicamp. “É um ambiente legal, porque você está perto do público e atrai as pessoas que estão passando”, opina Semencio. Além do Auditório do IA e do Teatro de Arena, o coordenador do projeto diz que existe a intenção de ocupar diversos locais da Universidade, como a Praça da Paz e até mesmo o Restaurante Universitário, entre outras possibilidades.
Além de expandir os espaços de apresentação, a Mostra também quer atrair mais participantes e público, além de integrar estudantes de vários cursos da Unicamp. “O espaço foi pensado, inicialmente, para os alunos do IA. Mas decidimos abrir para estudantes de outros cursos, por exemplo, alunos de engenharia que tenham um grupo de pagode ou uma banda de rock. Então, o público vai escutar um samba, um duelo de rap, mas também ter contato, digamos, com uma coreografia diferente da dança contemporânea. A Mostra Cultural é abrangente e diversa, porque formar público também é um dever do artista. Queremos expor os alunos à maior quantidade de arte possível”, afirma, ressaltando a relevância de um repertório amplo para a atuação dos futuros profissionais.
Mostra Cultural promove amadurecimento profissional
Em abril, apresentou-se o recém-formado Quarteto de Cordas “Orlando Fagnani”, composto por dois violinos (tocados por alunos da Unicamp), uma viola e um violoncelo. Apesar de se tratar da formação mais clássica da música erudita, o grupo é composto por jovens músicos, cujo primeiro concerto ocorreu na Mostra Cultural do IA. Foi uma oportunidade de aperfeiçoar a dinâmica do grupo para a apresentação de estreia logo em seguida.
“É muito diferente você estudar num quarto sozinho e ter a experiência de palco. Essa oportunidade foi fundamental para nos prepararmos para a estreia oficial do Quarteto. Foi nossa primeira vez em um auditório, e não sabíamos como o som ia soar. Na nossa percepção, se não tivéssemos apresentado na Mostra, nossa estreia no dia seguinte não teria sido tão boa. Serviu como um treinamento para termos a percepção geral do grupo”, conta o violinista e formando Davi Gabriel, de 22 anos. Além dele, formam o Quarteto Gabriel Carlin, Paulo Arroyo e Ruan Menegues.
Os jovens tocaram o Quarteto nº. 2 de Mendelssohn para quarteto de cordas e o Quarteto nº. 1 de Heitor Villa–Lobos, além de uma peça do compositor campineiro Orlando Fagnani, mesclando composições internacionais e nacionais. “É muito bacana que esses músicos jovens estão resgatando a memória de um campineiro, ao mesmo tempo em que estão estudando e divulgando música”, destaca Eduardo Semencio.
Outro objetivo da mostra é criar um repositório de obras de domínio público e livres, bem como contribuir para a criação do portfólio dos artistas em formação. Para isso, já está em planejamento a gravação e transmissão ao vivo das edições da Mostra Cultural. Assim, a Mostra terá seu próprio registro dos trabalhos dos participantes. “Para quem não puder assistir presencialmente, teremos essa gravação, mas também para os alunos poderem mostrar os trabalhos que já realizaram. É um estímulo às criações autorais. Temos bastante apoio do IA e queremos que a Mostra Cultural faça parte da rotina da Universidade”, falou Semencio.