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Atualidades Cultura e Sociedade

Em palestra na Unicamp, astronauta defende conservação da Terra e cooperação no setor aeroespacial

O norte-americano Richard Hieb respondeu perguntas sobre o trabalho no espaço e afirmou que vivemos uma nova fase da corrida espacial

“Independentemente do que fizermos com a Terra, seria mais barato consertá-la do que tentar tornar Marte habitável. É fundamental cuidarmos muito bem deste planeta, porque a Terra é robusta, nós [seres humanos] que somos frágeis”. Foi com essas palavras que o astronauta e engenheiro aeroespacial da Agência Espacial Americana (Nasa), Richard Hieb, concluiu sua palestra para a comunidade da Unicamp na última quarta-feira (5), no auditório do Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOU). 

Para o norte-americano, a pesquisa aeroespacial colabora para o entendimento do aquecimento global, apesar de as soluções serem terrenas. “A capacidade de medir a temperatura e a profundidade do oceano e o quanto o nível da água está aumentando ou não, tudo isso depende muito de espaçonaves”. 

Hieb participou de três missões espaciais a bordo dos ônibus espaciais Atlantis e Columbia (em 1991, 1992 e 1994), acumulando mais de 750 horas no espaço. Durante a missão STS-49 (1992), realizou uma das mais longas caminhadas espaciais da história, participando da captura e reparo do satélite Intelsat VI — sendo também a única caminhada espacial realizada por três pessoas até hoje, ao lado dos colegas Pierre Thuot e Tom Akers. 

Nova corrida espacial

Em entrevista à Unicamp, Hieb afirmou que estamos vivendo uma nova fase da corrida espacial — com o próprio Estados Unidos se preparando para a missão Artemis II em 2026. “Minha previsão é de que os chineses vão pisar na lua até 2030”, disse. 

De acordo com Hieb, repetir o feito do Programa Apollo é possível, mas o desejo atual das nações é diferente: construir bases permanentes de pesquisa no astro. “Isso envolve muito dinheiro e é muito difícil de se fazer”. 

A esperança, destacou o engenheiro, é de que os países sejam competidores, mas não antagonistas no espaço sideral. Fomentar a cooperação internacional e evitar escalonar conflitos para fora da Terra faz parte dos objetivos da visita dele ao Brasil, que participa do 36º Encontro Internacional de Astronautas, evento anual promovido pela Associação de Exploradores Espaciais — no país, representada pelo astronauta Marcos Pontes. 

A palestra integra o “Community Day”, em que astronautas realizam encontros com a comunidade em geral para divulgar informações sobre o setor e responder dúvidas a respeito de como é viver e trabalhar no ambiente espacial — desde curiosidades sobre como se barbear, dormir, comer e usar o banheiro na gravidade zero até questões técnicas sobre a possível colonização de Marte. 

A vinda de Hieb à Unicamp foi articulada pelo Gabinete do Reitor, conforme informou o assessor docente Renato Falcão, também professor da Faculdade de Tecnologia da Unicamp em Limeira. 

O ex-reitor Antonio José de Almeida Meirelles, professor titular da Faculdade de Engenharia de Alimentos (Feagri), atuou como mediador no evento e destacou que a presença de Hieb na Unicamp amplia as visões da comunidade a respeito de temas como a viabilidade de explorar comercialmente a ida ao espaço e de se chegar até Marte. 

“A Unicamp, através de alunos de graduação e pós, tem uma participação ativa em competições internacionais da Nasa. Então, essa palestra também é um estímulo para nossa comunidade procurar participar de oportunidades internacionais e levar a nossa Universidade para fora com êxito”, afirmou Meirelles.

Richard Hieb foi Impossibilitado de se tornar astronauta por problemas de visão
Richard Hieb foi Impossibilitado de se tornar astronauta por problemas de visão

Inspiração

Richard James Hieb nasceu e cresceu em Jamestown, uma pequena cidade do estado de Dakota do Norte (EUA). Impossibilitado de se tornar astronauta por problemas de visão, o engenheiro graduou-se em Matemática e Física pela Northewest Nazarene University e, depois, obteve o mestrado em Engenharia Aeroespacial pela University of Colorado, ingressando na Nasa em 1979. 

Já dentro da organização, presenciou a mudança nos requisitos para selecionar os especialistas das missões espaciais. “Eu tinha as qualificações e a experiência profissional certas e, de repente, meus olhos não eram mais um problema”, contou. Em 1985, na segunda tentativa, Hieb foi selecionado como astronauta. 

Por meio de sua trajetória pessoal, Hieb incentivou a plateia a seguir uma carreira que ama, pois, ao fazer um bom trabalho, as circunstâncias podem mudar e novas oportunidades podem surgir. Após passagem pela Nasa e pela indústria aeroespacial, o engenheiro atualmente se dedica à educação, compartilhando sua experiência com novos profissionais da área e o público em geral. 

Foto de capa:

Para o norte-americano, a pesquisa aeroespacial colabora para o entendimento do aquecimento global, apesar de as soluções serem terrenas; ele é um dos três que aparecem na figura durante missão espacial
Para o norte-americano, a pesquisa aeroespacial colabora para o entendimento do aquecimento global, apesar de as soluções serem terrenas; ele é um dos três que aparecem na figura durante missão espacial
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