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Cultura e Sociedade Notícias

Livro sobre alternativas sistêmicas foca no ‘esperançar de novos tempos’

Obra foi organizada por Paulo Sérgio Fracalanza e Rosana Corazza, que comandam ciclo de debates que terá quinta edição em novembro

Dedicado “aos jovens, no esperançar de novos tempos”, o livro Alternativas sistêmicas rumo à sustentabilidade da vida, lançado nesta quarta-feira (29 de outubro), foi organizado pelos professores da Unicamp Paulo Sérgio Fracalanza, do Instituto de Economia (IE), e Rosana Icassatti Corazza, do Instituto de Geociências (IG), a fim de provocar reflexões sobre alternativas para futuros mais justos e sustentáveis.

Fruto de uma reunião de ideias e de conceitos apresentados nas três primeiras edições do Ciclo de Debates Alternativas Sistêmicas Rumo à Sustentabilidade da Vida, que integra a disciplina de extensão “Capitalismo e Crise Ambiental: Transições e Alternativas”, o livro nasceu de um edital da Pró-Reitoria de Extensão, Esportes e Cultura (Proeec) de 2023 e  compõe a coleção de publicações da Série Extensão Universitária, da Editora da Unicamp. “A proposta foi apresentar os ricos resultados de uma experiência extensionista na graduação”, explica Fracalanza.

O professor do IE Paulo Fracalanza: experiência extensionista na graduação
O professor do IE Paulo Fracalanza: experiência extensionista na graduação

Alternativas sistêmicas, vale destacar, representam formas diversas e integradas de organização social, econômica, política e cultural que são capazes de abrir possibilidades para transformações.

“Um pouco antes da pandemia, um grupo de estudantes da graduação, instigados por esses temas, trouxeram grandes nomes para o debate, como Alberto Acosta [economista e escritor equatoriano, autor de O Bem Viver – Uma Oportunidade para Imaginar Outros Mundos]. Depois da pandemia, começamos a formatar o ciclo de debates, que já teve quatro eventos”, relata Corazza. A quinta edição terá início no dia 5 de novembro (veja programação abaixo).

Junto com os debates, os professores conheceram as publicações da editora Elefante e observaram que os principais autores que tratam de alternativas sistêmicas começavam a ser traduzidos para o português. “O tema da crise ambiental é árido e difícil de assimilar a partir do conceito do Antropoceno. As novas gerações perguntam como podem atuar, o que podem fazer”, continua Fracalanza. “O conhecimento científico chegou a um ponto de tremenda ansiedade, já chamada de eco-ansiedade”, acrescenta Corazza.

O livro começa com o tema “Capitalismo e crise ambiental: diagnósticos, perspectivas e valores para a sustentabilidade da vida”. Além da introdução dos organizadores, autores convidados — que encaram como consenso científico o colapso ambiental — entram em cena com abordagens sobre questões relacionadas com a sustentação da vida, o ecossocialismo e os valores para enfrentar o risco do colapso ambiental, como igualdade, moderação e equidade.

“Reunimos nomes como Enrique Ortega, que faz a conexão com o conceito de bem viver a partir de uma reflexão sobre a ação humana no planeta e as opções possíveis em uma análise emergética [de emergir]. Já Márcia Tait aborda o sustentar a vida nos feminismos, e Miguel Juan Bacic trata dos valores necessários para enfrentar o risco do colapso climático”, exemplifica a professora.

A professora do IG Rosana Icassatti Corazza: futuros mais justos e sustentáveis
A professora do IG Rosana Icassatti Corazza: futuros mais justos e sustentáveis

Na segunda parte da coletânea, intitulada “Alternativas viventes a esperançar a sustentabilidade da vida”, aborda-se a importância da água no cerrado, a agroalimentação, o pós-extrativismo e, por fim, o pensamento econômico franciscano e as encíclicas do papa Francisco, Laudato si fratelli, que reconhecem que a degradação do planeta é um reflexo da degradação humana e que a solução para um problema deve envolver a solução do outro.

O papa desejava “realmar a economia”, lembra Corazza. Para isso, reuniu um grupo de jovens de várias partes do mundo. “A busca é por alternativas a essa forma de organização econômica que criamos e que é absolutamente destrutiva. Neste grupo está Mariana Rêis Maria, que apresenta o belíssimo capítulo de fechamento do livro, ‘Economia de Francisco e Clara’. Ex-aluna do IE que, hoje, é professora do Instituto, Mariana faz parte dessa rede criada pelo papa Francisco e é uma das articuladoras mais importantes aqui no Brasil”, conta Fracalanza.

Os professores ressaltam que as alternativas viventes não representam a busca por um “remédio único”. “Há muitas práticas já existentes, e não estamos falando de ideias que existem em sonhos teóricos, e sim da necessidade de essas práticas serem conhecidas e reconhecidas. As alternativas têm esse poder de iluminação”, completa Corazza.

Quinto ciclo
A quinta edição do Ciclo de Debates Alternativas Sistêmicas Rumo à Sustentabilidade da Vida, online e gratuito, começa 5 de novembro. O evento recebe especialistas da Unicamp e de outras instituições para discutir temas relacionados com a emergência climática, como a transição energética e o Capitaloceno, além de abordagens teóricas e práticas para seu enfrentamento, como a economia política ecológica.

Os debates seguem durante o mês de novembro, em quatro encontros, sempre às quartas-feiras, das 19h às 21h, com transmissão ao vivo pelo canal oficial do IE da Unicamp no YouTube.

Acesse para se inscrever.

O livro começa com o tema “Capitalismo e crise ambiental: diagnósticos, perspectivas e valores para a sustentabilidade da vida”
O livro começa com o tema “Capitalismo e crise ambiental: diagnósticos, perspectivas e valores para a sustentabilidade da vida”

Programação

Mesa 1 – Minerais críticos e transição energética: conflitos, direitos e alternativas

5 de novembro, das 19h às 21h

Palestrantes: Bruna Angela Branchi (PUC-Campinas), Daniel da Mota Neri (IFMG) e Néri de Barros Almeida (IFCH/Unicamp)

Moderadora: Talita Gantus (Fecfau/Unicamp)

Mesa 2 – Economia política ecológica e o florescimento das alternativas

12 de novembro, 19h às 21h

Palestrantes: Alex Wilhans Antonio Palludeto (IE/Unicamp), Daniel Pereira da Silva (Rede de EcoPol do Racismo/SEP e IE/Unicamp) e Fabio Otheguy Fernandes (IE/Unicamp)

Moderadora: Heloisa Brenha Ribeiro (IE/Unicamp)

Mesa 3 – A formação do economista no Capitaloceno

19 de novembro, das 19h às 21h

Palestrantes: Daniel Caixeta Andrade (UFU), Sandro Tonso (Cameja/DEDH) e especialista do EArte da FE/Unicamp

Moderador: Eric Stefano Meyer Forbes (Université de Fribourg)

Mesa 4 – Sociobioeconomia inclusiva e biodiversa na Amazônia

26 de novembro, das 19h às 21h

Palestrantes: Andréia Mara Pereira (IFSP) e Maria Amélia Henriquez (UFPA)

Moderadora: Maria Beatriz Bonacelli (IG/Unicamp)

Para a edição de 2025, além da parceria entre IE, IG e Unicamp, o ciclo conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (Ecoeco), da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Economia (Ange), da Editora da Unicamp, da Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (Proeec/Unicamp), do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT/IG/Unicamp) e da Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental (Cameja/Unicamp).

Foto de capa:

Lançamento do livro publicado pela Editora da Unicamp aconteceu na quarta-feira (29), no Instituto de Economia
Lançamento do livro publicado pela Editora da Unicamp aconteceu na quarta-feira (29), no Instituto de Economia
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