Conteúdo principal Menu principal Rodapé

O Instituto de Geociências (IG) recebeu a visita de Anderson Marchiori e Kleber Conceição, respectivamente, coordenador municipal da Defesa Civil de Itaquaquecetuba (SP) e supervisor do Núcleo de Ensino e Voluntariado do mesmo órgão. A visita, realizada na terça-feira (21), marcou o fim do projeto Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), desenvolvido em parceria entre a Unicamp, a prefeitura de Itaquaquecetuba e o Ministério das Cidades, e inicia uma nova etapa de parcerias entre o IG e a Defesa Civil da cidade paulista.

O PMRR é um instrumento de planejamento de mitigação aos efeitos negativos das mudanças climáticas e dos desastres socionaturais, como inundações, deslizamentos de terra e erosão urbana.  A proposta do Ministério das Cidades era que profissionais de 16 universidades brasileiras elaborassem o Plano para 20 cidades localizadas em quatro das cinco regiões do país. A Unicamp ficou responsável pelo PMRR de Itaquaquecetuba.

Da esquerda para a direita, o pesquisador sênior Luiz Bongiovani e os professores Jefferson Picanço e Emilson Pereira Leite: quatro modalidades de área de risco na cidade
Da esquerda para a direita, o pesquisador sênior Luiz Bongiovani e os professores Jefferson Picanço e Emilson Pereira Leite: quatro modalidades de área de risco na cidade

Coordenado por Jefferson Picanço, docente do IG, o estudo identificou quatro modalidades de área de risco na cidade: regiões suscetíveis a inundações e enchentes, a alagamentos, ao solapamento de margens de rio e a deslizamentos de terra. O estudo determinou, ainda, os lugares com esses tipos de risco e aqueles que representam uma ameaça direta para a população. “Conseguimos identificar 178 setores de risco. Elencamos quais têm maior risco e menor risco. Entregamos esse resultado para o Ministério. A prefeitura agora vai usar essas informações em uma série de políticas públicas”, explica Picanço.

O primeiro passo agora será sobrepor o mapeamento que existia na cidade ao mapeamento feito pelos pesquisadores da Unicamp para compreender o que houve de alteração do cenário. Os pesquisadores da Unicamp indicaram alguns tipos de obras que podem ser feitas no município para mitigar o risco de desastres. Para Anderson Marchiori, da Defesa Civil, o diagnóstico apontado pelos pesquisadores inova ao apontar setores de risco e não mais áreas de risco, permitindo que a Defesa Civil atue de forma mais direta. “Isso facilita porque sabemos que a adoção de medidas do município para a mitigação de risco vai ser de uma maneira um pouco mais isolada. Então, antes pensava-se em um planejamento orçamentário de uma maneira muito ampla, sendo que agora a gente sabe que é de uma forma um pouco mais direcionada. Ou, às vezes, até buscando apoio do próprio morador”, explica Marchiori.

Luiz Bongiovani, pesquisador sênior do IG, destaca a metodologia de participação social desenvolvida pela Unicamp. Durante o mapeamento, eram feitas caminhadas junto com os moradores. “Pelo fato de conhecerem a realidade, o seu território – por onde a água vinha, até onde a água subia -, a caminhada ajudava a fazer o diagnóstico do cenário de risco”, explica. Essa metodologia também envolveu oficinas comunitárias das comunidades expostas ao risco, quando se traçava um mapa prévio das áreas de risco e depois e delimitavam os setores de risco. “Os moradores nos ajudaram a fazer isso. Depois, em outro momento, fizemos uma nova oficina com esses mesmos moradores, que validaram ou corrigiram o mapa que a Unicamp tinha feito junto com eles”, complementa.

O coordenador municipal da Defesa Civil de Itaquaquecetuba (SP), Anderson Marchiori (à esquerda) e o supervisor do Núcleo de Ensino e Voluntariado do mesmo órgão, Kleber Conceição
O coordenador municipal da Defesa Civil de Itaquaquecetuba (SP), Anderson Marchiori (à esquerda) e o supervisor do Núcleo de Ensino e Voluntariado do mesmo órgão, Kleber Conceição

Segundo Marchiori, Itaquaquecetuba tem uma grande vulnerabilidade na questão de desastres naturais.  “Essa foi uma parceria de extrema relevância para nós e, por isso, buscamos estreitar ainda mais esse laço para avançarmos com outros trabalhos no futuro”, afirma. O projeto também foi importante para a formação de alunos do IG, que participaram ativamente das pesquisas em Itaquaquecetuba e puderam desenvolver dissertações de mestrado e trabalhos de iniciação científica e de conclusão de curso. Outros estudos continuam sendo realizados por estudantes do IG.

Ações de longo e médio prazo poderão ser desenvolvidas entre o IG e a Defesa Civil de Itaquaquecetuba. Para Emilson Pereira Leite, diretor da Unidade da Unicamp, “o trabalho técnico e preventivo desenvolvido pelo município, com ações exemplares de monitoramento e mitigação de deslizamentos de terra e inundações, demonstra uma forte integração entre ciência e gestão pública”. “A conversa que tivemos apontou a importância de se estruturar parcerias institucionais amplas entre a Unicamp e as prefeituras da região, capazes de sustentar projetos de extensão e pesquisa voltados à elaboração de mapas de risco de desastres naturais, fundamentais para identificar as áreas mais vulneráveis e subsidiar políticas públicas de grande impacto social”, finalizou.

Leia mais:

Unicamp sela parceria com Ministério das Cidades

Estudo identifica áreas de risco em município da região metropolitana de São Paulo

Foto de capa:

Estudo do Instituto de Geociências identifica 178 setores de risco de Itaquaquecetuba
Ir para o topo