O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc) inaugura neste sábado, 4 de outubro, a exposição “Nada como um dia depois de outro”, fruto de uma parceria com o Museu de Artes Visuais (MAV) da Unicamp. A mostra marca a celebração dos 60 anos do museu e abre a agenda de comemorações dos 60 anos da Unicamp, que serão celebrados em 2026.
A curadoria da exposição, cujo nome vem de uma obra de Cildo Meireles e reúne cerca de 140 obras, é do professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) Gabriel Zacarias, diretor do MAV, a partir de um processo coletivo que envolveu ainda as pesquisadoras de pós-graduação Gabrieli Simões, Laura Manganote e Nerian Teixeira de Macedo de Lima, curadoras-adjuntas. “A ideia era de que não faríamos apenas uma exposição baseada na efeméride. Queríamos uma mostra contemporânea, que dialogasse com o presente. Trabalhamos muito para pensar, organizar e entrelaçar os dois acervos. Há uma relação íntima entre os dois museus que vai ficar evidente nessa exposição”, conta Zacarias.

A história de criação do Macc e as relações com o acervo do MAV se encontram a partir de cinco núcleos: Linguagens, Cotidianos, Redes, Corpos e Ecologias. “São conceitos-chave, relevantes nos anos 1960, quando o museu foi fundado, e que apontam para temas que, hoje, continuam tendo peso político e que valem para o presente”, explica o curador.
Quando, tanto o museu quanto a Unicamp foram criados, a arte passava do abstrato para o conceitual, surgiram os ventos da contracultura e os pensamentos da consciência ecológica. Os tempos eram de efervescência cultural e apontavam mudanças. “Nosso trabalho de pesquisa histórica encontrou momentos muito relevantes para a articulação de Campinas dentro do cenário artístico brasileiro. Recuperamos a memória dos salões de arte contemporânea, que teve 11 edições entre 1965 e 1977 [depois, houve uma tentativa de retomada nos anos 1980, que não prosseguiu]. Essas 11 edições reúnem histórias interessantes e o período é chave para entender o museu”, continua Zacarias.
Entre os destaques da mostra estão trabalhos do Grupo Vanguarda de Campinas. “Esse grupo pertence a esse momento de efervescência, de um segundo modernismo, que se expressa no Brasil por meio de grupos. O Vanguarda teve um papel importante como produtor e articulador da circulação da arte. O fato de termos esse museu em Campinas deve muito a esse grupo”, explica o curador.

Entre os artistas do Vanguarda estão Bernardo Caro e Mário Bueno, com obras em mais de um núcleo, além de Thomaz Perina e Geraldo de Souza, entre outros. “Há um espaço dedicado ao Vanguarda, com a presença da artista Maria Helena Motta Paes, única mulher do grupo. A curadoria, aliás, deu o devido valor às mulheres modernistas. Nossa intenção era colocar trabalhos de todos os integrantes, mas, infelizmente, não foi possível devido ao estado de preservação de algumas das obras”, completa.
A exposição, vale destacar, apresenta trabalhos de mulheres que se tornaram grandes nomes da arte brasileira, que ainda davam seus primeiros passos, como Anna Maria Maiolino e Mira Schendel. Há, ainda, artistas consagrados como Cildo Meirelles, Geraldo de Barros e Claudio Tozzi. “O trabalho do Tozzi que estamos expondo não faz parte dos acervos, foi um empréstimo do próprio artista”, ressalta o curador. “Partimos de uma pesquisa na reserva técnica e fizemos uma descoberta importante, a de que muitos dos artistas estão presentes em ambos os acervos.”
A exposição conta ainda com obras de Antônio Henrique Amaral, Anatol Wladislaw, Alex Flemming, Bené Fontelles, Carmela Gross, Denilson Baniwa, Dora Longo Bahia, Edgar Xakriabá, Fayga Ostrower, Leonilson, Maria Auxiliadora, Tomie Ohtake, Vânia Mignone e Waldomiro de Deus.

Novidade
Além da exposição, o Macc ganhou ainda uma novidade, a escultura interativa de um rinoceronte, criada pelo artista João Caçador, projetada como um banco para até duas pessoas.
Durante os próximos quatro meses, a escultura ficará exposta na área externa do museu e, depois, o rinoceronte será incorporado ao acervo permanente do Macc.
Veja produção do Repórter Unicamp
AGENDA
Exposição “Nada como um dia depois de outro”
Abertura 4 de outubro, às 11h. Até 12 de fevereiro
Entrada gratuita
Horários: terça a sexta: das 9h às 18h; sábados: das 10h às 16h e domingos, segundas e feriados: fechado. Última entrada sempre até 10 minutos antes do encerramento.
Macc: Rua Benjamin Constant, 1.633, Centro, Campinas. Telefone: (19) 2515-7095
Foto de capa:
