Considerado um dos mais proeminentes cientistas brasileiros, o químico Fernando Galembeck recebeu, na tarde desta quinta-feira (14), o título de professor emérito da Unicamp. Acompanhado por familiares, amigos e colegas, Galembeck emocionou-se durante a solenidade realizada na sala do Conselho Universitário (Consu) e afirmou que, sem as universidades públicas estaduais e a Fapesp – a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo –, não existiria enquanto profissional. “Aqui encontrei condições e pessoas que viabilizaram minha carreira”, revelou.
De acordo com o relatório da comissão especial que avaliou a concessão da honraria – formada pelos professores Júlio Hadler, Adley Rubira, Gilberto Fernandes Sá, Marco Antonio Chaer e Norberto Peporine Lopes –, o impacto da obra de Galembeck na química brasileira é enorme. Em reconhecimento disto, a Sociedade Brasileira de Química criou, em 2006, um prêmio de inovação que leva seu nome.
Graduado em Química pela Universidade de São Paulo (USP), onde também fez doutorado, Galembeck ingressou como professor na Unicamp em 1980, onde se aposentou em 2011, tendo seguido, porém, suas atividades como colaborador.
Ao longo da carreira, Galembeck ganhou 15 prêmios, concedidos por instituições nacionais e internacionais – entre eles, o de pesquisador emérito do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É membro da Academia Mundial de Ciências, uma organização global que reúne pesquisadores de diversas áreas, e, em 2014, tornou-se fellow da Royal Society of Chemistry.
O homenageado participou, ainda, da concepção, da elaboração e da implementação do Plano de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), que revolucionou a área de Química no Brasil. Em 2020, recebeu os prêmios Kurt Politzer da Abiquim e o de Ciência de Tintas, da Abrafati. Em 2023, foi agraciado com a Medalha do Mérito Químico do Conselho Federal de Química.
Na cerimônia de entrega do título, Galembeck fez um resumo de sua trajetória de vida. Contou que seu avô paterno pertenceu à terceira geração brasileira de uma família de imigrantes alemães, que veio da Prússia para o Rio Grande do Sul e, depois, migrou para o interior de São Paulo. “Já minha avó era cabocla, na descrição do meu pai, e é a provável transmissora do 1% africano do meu genoma”, revelou. Relatou que começou a trabalhar cedo e, aos 11 anos, já era entregador e office boy no laboratório do pai. Falou sobre as dificuldades da ciência nos anos de ditadura no Brasil (1964 a 1985) e afirmou que o grande desafio atual da ciência é promover desenvolvimento com sustentabilidade.
O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, assinalou a qualidade da trajetória profissional de Galembeck. “Trata-se de um destaque acadêmico muito grande. Além disso, é um destaque como pesquisador, professor, gestor e formador de pessoas. Mas talvez seja mais do que isso. O que chama a atenção para a trajetória de Galembeck é a capacidade de combinar uma ciência de alto nível com as aplicações tecnológicas e com as inovações. E isso é uma inspiração para o futuro”, disse o reitor.
Além das atividades de ensino, pesquisa e extensão, Galembeck também atuou nas áreas de gestão e administração de pesquisa de várias instituições. Entre 2011 e 2015, por exemplo, exerceu a Direção do Laboratório Nacional de Nanotecnologia, no Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais, em Campinas, que produziu excelentes resultados científicos e prestação de serviços tecnologicamente sofisticados a pesquisadores acadêmicos e a empresas, do Brasil e do Exterior.
“Galembeck é um dos mais importantes químicos brasileiros da atualidade”, disse o professor do Instituto de Química (IQ) Fernando Coelho, pró-reitor de Extensão Esporte e Cultura e padrinho do homenageado. “E não apenas pelas suas contribuições acadêmicas, mas também pelo seu envolvimento no desenvolvimento da política científica do Brasil”, disse Coelho.
Para o também professor do IQ Celso Bertrand, Galembeck foi arrojado na forma como ensinou e estimulou seus alunos a aprenderem, assim como na forma como desenvolveu as pesquisas e estabeleceu divisores na área da gestão.
Das teses orientadas Galembeck, uma recebeu o prêmio Carl Marvel (UFRJ), outra recebeu o prêmio Capes (2005), e dois estudantes foram premiados pela Electrostatic Society of America. Galembeck ainda depositou 18 patentes, das quais oito foram licenciadas. Cinco produtos baseados nessas patentes foram lançados no mercado. Além disso, mantém vários projetos com empresas, tratando principalmente da criação e do desenvolvimento de novos materiais avançados e processos de fabricação.
“A carreira do professor Galembeck me impressionou muito”, disse a coordenadora-geral da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti. “Ele teve uma trajetória inspiradora, para mim e para a Universidade”, finalizou.
Assista à cerimônia completa: