Pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, desvendaram por completo um novo sistema de grupo sanguíneo, conhecido como MAL (nome que remete à sigla em inglês para proteína de mielina e linfócitos). É um tipo raríssimo, presente em 0,01% da população mundial. A pesquisa foi publicada na revista científica Blood.
A chave para compreender a descoberta é o antígeno AnWj, descoberto em 1972, mas mapeado integralmente somente agora. Trata-se de um mistério de 52 anos. O estudo identificou que o antígeno AnWj está ligado à proteína MAL, presente nos glóbulos vermelhos do sangue.
A presença ou ausência de antígenos determina a classificação dos tipos sanguíneos. Os antígenos são moléculas que podem estimular a produção de anticorpos e desencadear a rejeição do sangue recebido em caso de transfusões. Por isso, de acordo com a pesquisadora Lilian Castilho, do Hemocentro da Unicamp, saber exatamente o tipo de antígeno no sangue é fundamental para o sucesso da transfusão. “A compatibilidade nas transfusões sanguíneas representa um dos desafios para o tratamento das doenças do sangue. A descoberta é importante pois permite transfusões mais seguras”, explica.
Castilho não participou da pesquisa realizada no Reino Unido, mas foi uma das responsáveis em 2020 pela descoberta de um outro e até então desconhecido grupo sanguíneo, o primeiro a ser identificado no Brasil. A descoberta aconteceu a partir do mapeamento genético da família de um paciente com problemas renais e que necessitava de transfusão sanguínea.
“Eu fui contactada para tentar identificar qual anticorpo esse paciente tinha produzido que estava reativo com todos os doadores de sangue testados. E foi então que nós conseguimos fazer o sequenciamento do genoma. Dessa forma, descobrimos um novo sistema de grupo sanguíneo, o primeiro a ser identificado em uma família do Brasi”, lembra.
Atualmente, existem 47 sistemas de grupos sanguíneos reconhecidos. O mais comum é o sistema ABO, que classifica o sangue em quatro tipos: A, B, AB e O. O novo sistema sanguíneo desvendado pelos pesquisadores de Bristol é o de número 47. O sistema descoberto em uma família do Brasil é o de número 43.
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