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Pesquisa

Tecnologia pode gerar teste rápido para detectar vírus HPV

Método busca facilitar e ampliar o acesso aos testes para detecção do vírus, atualmente identificados pelo exame de Papanicolau

Um acordo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) entre a Unicamp e a empresa Biomab resultou em uma tecnologia que permite a detecção rápida do vírus do papiloma humano (HPV). Esse vírus é associado ao aumento do risco de câncer de colo do útero, o terceiro tipo de câncer mais letal entre as mulheres, de acordo com dados do Atlas de Mortalidade de 2023, publicado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA).

A tecnologia, protegida com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, busca facilitar e ampliar o acesso aos testes para detecção do vírus, atualmente identificados pelo exame de Papanicolau. Este exame exige a atuação de um profissional de saúde e a análise em laboratório, o que torna o processo demorado e, fora do sistema público, oneroso, devido à necessidade de consulta médica e de pagamento pela análise laboratorial.


O exame atual tem um processo demorado e, está fora do sistema público, além de ser oneroso, devido à necessidade de consulta médica e de pagamento pela análise laboratorial
O exame atual tem um processo demorado e, está fora do sistema público, além de ser oneroso, devido à necessidade de consulta médica e de pagamento pela análise laboratorial

O teste rápido, desenvolvido a partir da nova tecnologia, detecta duas proteínas-chave do vírus HPV: L1 e E6. A presença mais acentuada da proteína E6, em relação à L1, pode indicar uma maior probabilidade de a paciente ter uma lesão causada pelo HPV, sugerindo a necessidade de um exame mais aprofundado, como o Papanicolau.

“Existem mais de 100 tipos de vírus HPV, e é difícil um mesmo teste identificar todos eles, mas há dois tipos, o 16 e o 18, que são os causadores de 95% dos casos de câncer de colo de útero. Então, nosso foco será na identificação desses dois grandes grupos de patógenos”, explica André Damasio, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e responsável pelo invento.

Para validar a metodologia em ambiente clínico, a empresa Biomab está realizando testes pré-clínicos com cerca de 60 amostras de Papanicolau, fornecidas gratuitamente pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), em parceria com a professora Maria Del Pilar Estevez Diz. O ICESP coletará duas amostras de cada paciente: uma será enviada para o laboratório tradicional e outra para a Biomab.

As amostras, sem identificação das pacientes, serão analisadas com a nova tecnologia. Os resultados obtidos serão comparados para confirmar a eficácia do método na detecção do HPV em ambiente clínico. Em testes anteriores com o vírus isolado, a tecnologia demonstrou alta precisão.

Após a conclusão dos testes pré-clínicos e dos resultados obtidos, com expectativas para um primeiro resultado ainda este ano, a empresa irá avaliar as formas mais viáveis de produção e comercialização desse teste. “Podemos licenciar o invento para empresas que já produzem testes rápidos ou então fabricar os materiais em parceria com outros laboratórios”, planeja Bruno Filardi, sócio-fundador da Biomab.

O professor do Instituto de Biologia André Damasio: otimização dos testes
O professor do Instituto de Biologia André Damasio: otimização dos testes

Crescimento da doença

Ao observar a execução dos testes de Papanicolau durante sua residência médica, Filardi, que é médico oncologista, identificou a necessidade de desenvolver um teste rápido, semelhante aos usados para a detecção da covid-19. “O teste para detectar o vírus, que é o Papanicolau, é um bom teste. No entanto, apesar da sua disponibilidade, ainda há muitos casos de mulheres com câncer de colo de útero que não descobriram a doença em estágio inicial ou que não fazem o acompanhamento adequado. Então, a questão que surge é: por quê? A resposta parece estar na burocracia envolvida. O teste é bom, mas o processo para realizá-lo é complicado, pois depende de médicos e laboratórios. No setor privado, o custo é elevado, e no setor público, há uma limitação de vagas, e a espera pode ser longa”, explica Filardi.

Focando em otimizar os testes para detecção do vírus HPV e em reduzir esse problema na saúde pública, ele fundou a empresa Biomab. Em seu estágio de pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP), o médico conheceu Lucas Benício Campos e Gilberto de Lima Lopes Junior, que se tornaram sócios na empresa. A conexão com a Unicamp veio por meio do pesquisador e professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Tecidual do IB Unicamp André Damasio, especialista em estrutura de proteína. Por a Unicamp ter a infraestrutura necessária para a realização da pesquisa, a empresa firmou a parceria, com apoio da Inova Unicamp, e investiu recursos próprios em um acordo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com a Universidade. A parceria resultou em uma patente, hoje licenciada com exclusividade para a Biomab.

“Sempre tive muito interesse em levar os resultados de minhas pesquisas para o mercado, e a Inova Unicamp me ensinou muito a esse respeito. Comecei as conversas com a empresa Biomab e aprendi bastante com a Inova a respeito de como o pesquisador e a Universidade se protegem nesses casos e em como isso pode ser benéfico para ambas as partes”, lembra Damasio.


Inventores premiados:

André Ricardo De Lima Damasio (Unicamp), Gilberto de Lima Lopes Junior (Biomab), Bruno Andraus Filardi (Biomab) e Lucas Benício Campos (Biomab).

Programação e homenagens

Este conteúdo integra uma série de reportagens produzidas pela Inova Unicamp sobre tecnologias licenciadas, absorvidas pelo mercado e empresas spin-offs acadêmicas da Unicamp. Você pode conferir todo o conteúdo no site da Inova e em formato de e-book na Revista Prêmio Inventores. A programação do Prêmio Inventores da Unicamp 2024 também inclui o webinar “20 anos da Lei de Incentivo à Inovação e casos de sucesso de tecnologias da Unicamp absorvidas no mercado”, que acontece em 10 de setembro.

As inscrições para o webinar são gratuitas! Acompanhe outras reportagens e informações no site do Prêmio Inventores da Unicamp

Matéria originalmente publicada no site da Inova Unicamp.

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