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Thomas Lewinsohn é cientista, fotógrafo e músico
Thomas Lewinsohn é cientista, fotógrafo e músico

Cientista, fotógrafo, músico. As múltiplas atividades culturais e científicas se entrelaçam no exercício poético e visual da fotografia do ecólogo do professor emérito da Unicamp Thomas Lewinsohn. Na exposição “Entre Marés”, ele mostra outra faceta de sua trajetória. São “fotografias praieiras”, como ele as define, produzidas nas praias de São Paulo e do Nordeste, de 2008 a 2024.

Para esta exposição campineira, foram selecionadas 75 fotos, em sua maioria com padrões abstratos encontrados em justaposições de areia, água e rochas. “Ao indagar essas formas, reencontro estampas japonesas ukyio-e, gravuras da Fayga Ostrower, mapas de Anna Bella Geiger”, explica Lewinsohn, reconhecendo a influência das artistas com quem conviveu durante toda sua vida.

O curador da exposição é Eder Ribeiro, que define o trabalho de Lewinsohn como estando “no campo do sensível, e não do descritível, com uma dimensão poética inesperada: inscrições ferrosas na rocha sugerem figuras; ondas deixam suas marcas, cíclicas; continentes emergem na areia. Vamos assim de um enigma ao outro”.

A exposição “Entre Marés” estará no Instituto Pavão Cultural, na Cidade Universitária em Campinas, de 21 de setembro a 19 de outubro, com visitas de quartas a sábados, das 15h às 19h. No dia 3 de outubro, quinta-feira, às 18h, e no dia 19 de outubro, sábado, às 15h, haverá rodas de conversa com a participação do expositor, do curador e de outros fotógrafos.

Perambulando entre marés e saberes

Ciência, fotografia e música são três paixões que Lewinsohn mescla desde criança e que sempre se alimentaram mutuamente. O pesquisador pertence ao primeiro grupo de ecólogos cuja formação científica se deu integralmente no Brasil. Formado em Biologia na UFRJ, obteve mestrado e doutorado em Ecologia na Unicamp, onde se tornou professor em 1980. Foi um dos pioneiros no campo da Biodiversidade, tendo realizado pesquisas teóricas e aplicadas que lhe renderam amplo reconhecimento nacional e internacional. Atualmente, é coordenador da Escola São Paulo de Ciência Avançada “Co-desenhando Avaliações de Biodiversidade” ((https://espca.ib.unicamp.br/) que reunirá pesquisadores e técnicos do Brasil e do exterior de 28 de outubro a 8 de novembro de 2024 em São Pedro, SP.

A fotografia, como a ciência, entrou em sua vida quando ainda era adolescente. Trabalhou como fotógrafo industrial e científico nos anos 1970. Nessa época, fotografou diferentes manifestações culturais no Rio de Janeiro: candomblé, artistas, músicos, montagens teatrais. Participou também do projeto “Circumambulatio”, da artista visual Anna Bella Geiger. Este trabalho, hoje tido como importante produção da vanguarda setentista, será reexposto, também a partir de 21 de setembro, no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, com a presença de Geiger e de Lewinsohn numa roda de conversa.

Como músico, toca flauta doce e outros instrumentos de sopro antigos no grupo Zebu Trifásico, que ajudou a fundar há três décadas. O grupo reúne professores e alunos da Unicamp para tocar música antiga.

Foto: Japaratinga 2013
Foto: Japaratinga 2013

Formas fugidias

As fotos da exposição refletem seu olhar de naturalista, atento a formas e texturas que só se revelam a uma contemplação sossegada: “por perfeitas que se apresentem, essas formas são fugidias. Água, vento e chuva desfazem e reconfiguram seus componentes em instantes, a cada maré que sobe ou baixa. Mesmo as rochas são efêmeras: mês que vem, a face da falésia cede, e lá se vai aquele grafismo intrigante”, observa Lewinsohn.

Não por acaso, Geiger o define como “um cientista e um artista da fotografia”. E continua: “Sua obra fotográfica atual por vezes se aproxima da Geologia, no sentido de alguém que encontra na natureza da crosta terrestre o seu Leitmotiv, revelando aspectos da terra, de suas camadas: formas, textura, materialidade visual e mesmo tátil, criando composições da natureza”.

Para Fernando De Tacca, fotógrafo e professor do Instituto de Artes da Unicamp, as fotos de Lewinsohn “propõem meditar; e somente quem se dispõe a deixar-se habitar pelas imagens poderá alcançar um desprendimento do seu estado de ser: quebrar suas couraças”. Na percepção de Tacca, a exposição “nos deixa levar aos mares e oceanos, rumo a uma elevação poética e espiritual”.

Serviço:

Exposição Fotográfica: “Entre Marés” , de Thomas Lewinsohn

Instituto Pavão Cultural: Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708, Barão Geraldo, Campinas

Abertura: 21 de setembro, sábado, às 16h

Período: 21 de setembro a 10 de outubro, de quarta a sábado, das 15h às 19h

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