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Atualidades

Unicamp sedia primeira edição da Icolse a acontecer no Hemisfério Sul

A conferência internacional teve como foco ampliar o entendimento sobre relâmpagos e energia eletrostática

Programação do evento foi composta por mais de 50 palestras, debates e apresentações
Programação do evento foi composta por mais de 50 palestras, debates e apresentações

A Unicamp sedia a 13ª edição da International Conference on Lightning & Static Electricity (Icolse 2024), uma conferência internacional sobre relâmpagos e eletricidade estática que, pela primeira vez desde seu lançamento, acontece no Hemisfério Sul. Organizado pela Universidade em parceria com a Embraer, o evento reúne, entre os dias 9 e 12 de setembro, cientistas e especialistas da indústria aérea do Brasil e do mundo para uma programação diversificada, composta por mais de 50 palestras, debates e apresentações.

Embora seu foco principal seja ampliar o entendimento sobre relâmpagos e suas interações com os meios terrestre, marítimo e aéreo, o encontro percorre temas variados, como os riscos da energia estática para o meio ambiente e o uso de machine learning a fim de prever a ocorrência de relâmpagos em aeroportos da região amazônica.

Para o reitor da Unicamp Antonio José de Almeida Meirelles ao hospedar a primeira edição da conferência realizada no Sul Global, a Universidade se torna palco de debates urgentes para cientistas, governo e indústria.

“A Icolse é um evento que permite trocar conhecimentos tanto sobre o transporte aéreo e a segurança como sobre as mudanças climáticas, a transição energética e o uso de inteligências artificiais. Promovendo, dessa forma, a conexão e a interação entre quem atua com a produção de conhecimento e os profissionais que estão no mercado. Com os impactos dos eventos climáticos extremos cada vez maiores, iniciativas que permitam o trabalho interligado entre diferentes áreas são fundamentais.”

Sua realização ocorre em um momento no qual a produção científica da Unicamp se equipara aos trabalhos no mesmo campo feitos por instituições de excelência no país e no mundo, conforme analisa o professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Universidade José Pissolato Filho.

“Estamos atuando, com a Embraer, no desenvolvimento de um avião que não usa combustível fóssil. Portanto, estamos no caminho para algo mais produtivo, para um setor central para a transição energética”, diz o professor, que preside a conferência ao lado do engenheiro Sidney Osses, da Embraer.

“Temos contato com a contribuição da Unicamp em vários projetos de pesquisa, por isso, quando houve a chance de trazer a Icolse para o país, imediatamente pensamos em fazer isso aqui, que, além de tudo, é um local de excelência”, diz Osses.

A distância do país em relação à Europa e à América do Norte, onde as 12 edições anteriores da conferência foram realizadas, não representou um impeditivo para a participação estrangeira, surpreendendo o engenheiro. “O número de artigos submetidos por interessados em apresentar seus trabalhos superou as expectativas. Teremos várias sessões técnicas, com pessoas de muitos lugares do mundo”, afirmou, ressaltando que a importância da Icolse dá-se ao olhar o que está para acontecer na aviação e, principalmente, a tecnologia de proteção contra raios. “Por exemplo, [o que está acontecendo] com as aeronaves de decolagem e pouso vertical, além de com as mais elétricas”, menciona.

Logo após a abertura do evento, na segunda-feira, o professor emérito da Unicamp Fernando Galembeck apresentou uma palestra sobre o desenvolvimento de estudos para a produção de hidrogênio em meio aquoso. Um dos potenciais substitutos para o combustível fóssil usado pelo setor aéreo, o hidrogênio verde (como tem sido chamado) é apontado como solução para um setor considerado um dos principais responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa na atmosfera.

“Esta conferência trata, por um lado, de relâmpagos e fenômenos atmosféricos associados, um assunto de importância enorme para quem está em terra e voando, como vimos no caso do acidente recente com uma aeronave do tipo ATR, em Vinhedo. Por outro lado, o evento aborda a eletricidade estática, uma área que ficou praticamente dormente durante o século 20 e que passou, no século 21, por uma revitalização, com uma mudança enorme em seus conceitos fundamentais. Essa área tem sido responsável por quebrar paradigmas e apresentar resultados inesperados. No entanto ainda necessita de investimento em pesquisa fundamental”, disse Galembeck.

O reitor Antonio Meirelles na abertura do Icolse: Universidade como palco de debates urgentes para cientistas, governo e indústria
O reitor Antonio Meirelles na abertura do Icolse 2024: Universidade como palco de debates urgentes para cientistas, governo e indústria

Na Unicamp, a produção científica dedicada a essa temática, de acordo com o professor, tem se intensificado desde 1998. Em 2010, um estudo indicou ser possível coletar eletricidade do ar úmido – um resultado, inicialmente, bastante questionado, mas hoje confirmado por mais de uma centena de artigos científicos. “Minha preocupação específica, neste momento, tem sido transformar isso em tecnologia para produzir eletricidade. Em 2023, mostramos que, além da eletricidade, os mesmos dispositivos transmitem hidrogênio, o que nos leva para uma área muito quente, atualmente: a produção de hidrogênio sem a emissão de carbono.”

Diretor da Feec, o professor Hugo Figueroa considera a conferência uma iniciativa estratégica a fim de alavancar um setor crucial para a economia do país, já que os participantes e expositores poderão apresentar seus trabalhos e seus produtos.

“Trata-se de uma chance de apresentar que temos aqui, espalhados nas nossas universidades, especialistas na área de nível mundial. O Brasil vem investindo nisso já há 70 anos e, portanto, tem uma massa crítica significativa. O país conta também com muita infraestrutura, em comparação com nossos vizinhos da América Latina. Este encontro é uma oportunidade para que esses grupos se encontrem e troquem experiências.”

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