O Instituto de Computação (IC) da Unicamp acaba de criar um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, seu primeiro do tipo, denominado Redes de Comunicação e Internet das Coisas Inteligentes (Iconiot, na sigla em inglês), agregando mais de 20 universidades e cerca de 80 pesquisadores de diferentes regiões do país – além de colaboradores internacionais das Américas, da Europa, da Ásia e da Oceania. O grupo atuará no desenvolvimento de inovações com possíveis aplicações em áreas estratégicas, como saúde, indústria, agricultura e proteção ambiental.
As linhas de pesquisa que integram o projeto são: internet das coisas, inteligência artificial, computação de borda, redes 5G/6G, redes óticas de acesso, virtualização de redes, redes veiculares, segurança, cidades inteligentes, saúde digital, indústria e preservação ambiental. São também objetivos do INCT a capacitação de pessoas na área, por meio de cursos de formação e atualização, e a transferência de tecnologia para empresas e para a sociedade.
Segundo o coordenador-geral do Iconiot e professor do IC, Nelson Fonseca, o projeto funcionará como um centro de excelência nacional, importante para impulsionar o Brasil nesse campo. “O grande propósito é estudar o uso da inteligência artificial nas redes de comunicação, na internet e na internet das coisas.” Isso significa pensar no desenvolvimento da infraestrutura das redes para lidar com um grande volume de dados e também em aperfeiçoar o processamento dessas informações, com vistas a automatizar processos e decisões, buscando reduzir a dependência da intervenção humana.
Fonseca esclarece que, enquanto a internet é uma rede de telecomunicações, a internet das coisas é uma rede de sensores, que coletam e compartilham dados para responder de forma inteligente e autônoma aos anseios dos usuários. Relógios inteligentes que monitoram a saúde de pacientes, medindo o nível de açúcar de diabéticos, representam uma aplicação possível dessa tecnologia, que também pode ser utilizada, por exemplo, para monitorar uma determinada lavoura, identificando o momento ideal para irrigação.
Com a meta de investir R$ 5 milhões em bolsas de estudo durante os cinco anos de duração do projeto, a iniciativa conta entre suas linhas de pesquisa com o tema das cidades inteligentes, que alia aplicações de internet das coisas à inteligência artificial com o objetivo de gerar soluções para o gerenciamento autônomo do tráfego de veículos, da iluminação pública etc. “Há a possibilidade de haver ganhos em muitas áreas”, destaca o coordenador-geral.
O INCT Redes de Comunicação e Internet das Coisas Inteligentes tem financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Além de Fonseca, fazem parte da coordenação do Iconiot Eduardo Cerqueira (vice-coordenador e professor da Universidade Federal do Pará – UFPA), Carlos Kamienski (coordenador de Educação e Difusão e professor da Universidade Federal do ABC) e Leandro Villas (coordenador de Transferência Tecnológica e professor da Unicamp).
O projeto foi oficialmente inaugurado no dia 20 de junho, com a presença da pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, Ana Maria Frattini, da presidente da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), Thais Vasconcelos Batista, de representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), de empresas do ramo e de empresas-filhas da Unicamp e de membros da comunidade do IC.