A Unicamp é uma das quatro instituições brasileiras parceiras da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no projeto que pretende instituir a Coalização Global pela Justiça Social.
De acordo com a organização, a missão da coalizão será promover parcerias multilaterais de forma a alcançar com maior celeridade o oitavo dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Agenda de Trabalho Decente. Segundo a OIT, a coalizão servirá de plataforma para gerar compromissos políticos, investimentos e ações concretas visando à justiça social.
No Brasil, além da Unicamp, participam do projeto o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Até o momento, a coalização conta com 263 parceiros vindos de todas as regiões do planeta.
O fórum inaugural da Coalizão Global pela Justiça Social foi realizado no dia 13 de junho, em Genebra, na Suíça, durante a 112ª Conferência Internacional do Trabalho (CIT) e contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
![Trabalhadores na saída de fábrica da região de Campinas; coalizão conta com 263 parceiros de todas as regiões do planeta](https://www.jornal.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/32/2024/06/Man_20240613_Coalizao_Scarpa_DSC_7141_Interna.jpg)
Estudo sobre trabalho no Brasil
Diretor do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) e professor do Instituto de Economia (IE), José Dari Krein avalia que o convite para integrar o projeto significa o reconhecimento da Unicamp como um polo importante do estudo sobre o trabalho no Brasil.
“O centro tem desenvolvido reflexões e pesquisas na área e tem coordenado também uma certa articulação dos pesquisadores, já que trabalha com outras universidades. Além disso, a gente participa da coordenação da Remir [Rede de Estudos e Monitoramento Interdisciplinar sobre a Reforma Trabalhista], uma rede de estudos interdisciplinares sobre a reconfiguração do trabalho”, explica.
O professor lembra ainda que o Cesit trabalhou na reforma trabalhista e mais recentemente atuou em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na identificação e na avaliação do vínculo do trabalhador com plataformas digitais, entre outras linhas de pesquisa de abrangência nacional.
Criado em 1989, o centro é formado por representantes do Instituto de Economia (IE) da Unicamp e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O Cesit desenvolve pesquisas em áreas como pobreza, mercado de trabalho, relações de trabalho, sindicalismo e políticas públicas de emprego.
Krein diz que, após a instituição oficial da coalização, serão definidos os detalhes de como se dará a colaboração com a OIT. Espera-se, no entanto, que a partir da parceria sejam abertas novas frentes de investigação em torno de questões relativas ao futuro do trabalho.
![O diretor do Cesit e professor do IE, José Dari Krein: reconhecimento da Unicamp como um polo importante do estudo sobre o trabalho no Brasil](https://www.jornal.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/32/2024/06/Man_20240613_Coalizao_Perri_AMP_8301_Interna-1.jpg)
“O fórum destacou as ações colaborativas concretas em favor da justiça social realizadas pelos parceiros, alinhadas com as áreas temáticas definidas para a coalizão”, disse Vinícius Pinheiro, diretor do escritório da OIT para o Brasil.
“A promoção da justiça social está no centro do mandato da OIT desde 1919. Com a Coalizão Global pela Justiça Social, buscamos melhorar a colaboração mundial na abordagem das lacunas referentes à justiça social e no avanço da Agenda 2030”, acrescentou. “Por meio do compartilhamento de conhecimentos, a iniciativa da OIT procura reduzir as desigualdades globais e a pobreza e atender necessidades essenciais, tudo por meio da promoção de normas internacionais do trabalho e do diálogo social”, finalizou.
Trabalho Decente
Previsto como o oitavo objetivo do desenvolvimento sustentável da ONU, o trabalho decente constitui uma das metas da OIT – um trabalho adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança e que seja capaz de garantir uma vida digna.
![Motoboys realizam entregas em centro urbano; o trabalho decente constitui uma das metas da Organização Internacional do Trabalho](https://www.jornal.unicamp.br/wp-content/uploads/sites/32/2024/06/Man_20240613_Coalizao_Scarpa_AJS_3153_Interna.jpg)
O conceito de trabalho decente foi estruturado com base em quatro objetivos estratégicos.
O primeiro deles é o respeito aos direitos no âmbito do trabalho – especialmente aqueles definidos como fundamentais, ou seja, a liberdade sindical, o direito de negociação coletiva, a eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação e a erradicação de todas as formas de trabalho forçado e de trabalho infantil.
O segundo objetivo estratégico é a promoção do emprego produtivo e de qualidade. O terceiro, a ampliação da proteção social do trabalhador. E, em quarto lugar, encontra-se o conceito de fortalecimento do diálogo social.