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Atualidades

Sob aplausos, Consu aprova títulos de honra a cinco professores

Serão homenageados os professores Woodruff Whitman Benson, Thomas Michael Lewinsohn, Yong Kun Park, José Francisco Graziano da Silva e Antonio Sérgio da Silva Arouca

Sob aplausos de professores, pesquisadores, representantes discentes e servidores, o Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou, na manhã desta terça-feira (26), a concessão de títulos honoríficos a cinco professores da Universidade. Em data a ser definida, receberão o título de Professor Emérito o agrônomo, escritor, mestre em economia e sociologia rural José Francisco Graziano da Silva; o bioquímico Yong Kun Park (In Memoriam) e o biólogo Thomas Michael Lewinsohn. Woodruff Whitman Benson receberá o título de Professor Honorário, e o professor Antonio Sérgio da Silva Arouca será homenageado com o Título Honoris Causa (In Memoriam).

Conselheiros durante sessão ordinária do Consu que aprovou a homenagem a cinco docentes
Conselheiros durante sessão ordinária do Consu que aprovou a homenagem a cinco docentes (foto: Antonio Scarpinetti)

Para o reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, os cinco professores homenageados tiveram uma grande importância na história da Universidade expressa, segundo ele, na significativa produção acadêmica, em termos de pesquisas, publicações e formação de recursos humanos. “Também tiveram atuação na defesa e formulação de políticas públicas na área de assistência à saúde, de segurança alimentar e ambiental. Adicionalmente, eles se destacaram também na direção e participação em instituições nacionais e internacionais.”, destacou Meirelles.

O reitor lembrou que a atuação dos professores produziu impactos profundos no mundo acadêmico e também foi marcada por uma intensa interação com a sociedade. Segundo Meirelles, eles demonstraram “enorme capacidade de articular a atividade acadêmica com ações diretas em favor da população”. “Homenagear essas pessoas é, de alguma forma, criar faróis que iluminam os nossos caminhos enquanto instituição”, disse. “Precisamos ter essa preocupação de que nossa atividade acadêmica também tenha, como meta, a melhoria de vida da nossa sociedade”, advertiu.

Confira abaixo os homenageados:

José Francisco Graziano da Silva (Professor Emérito)
José Francisco Graziano da Silva (Professor Emérito)

O agrônomo José Francisco Graziano da Silva foi professor na Unicamp por mais de três décadas, tendo se notabilizado por sua excelência acadêmica e sua intensa atuação de gestão, além de ter tido seu trabalho reconhecido no Brasil e no mundo. Foi um dos idealizadores e executores do programa de combate à fome que ficou marcado como uma das principais ações do primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. O chamado “Programa Fome Zero” foi alçado ao Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar, e coube ao professor colocar em marcha dezenas de programas e iniciativas que haviam sido fermentadas nos anos anteriores. O Fome Zero tirou o Brasil do mapa da fome. 

No plano internacional em 2006, o professor Graziano assumiu a direção da FAO – Agência das nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, para a América Latina e Caribe. No campo da pesquisa ao nível de pós-graduação, orientou 13 dissertações e 26 teses de doutoramento, além de trabalhos de conclusão de curso e estágios de pós-doutoramento.

Foi professor visitante na Universidade da Califórnia e na Universidade de Londres. No âmbito nacional e internacional, recebeu 25 homenagens, sendo agraciado com o título de Doutor Honoris Causa e medalhas de honra de diversas universidades. Também recebeu a Ordem do Rio Branco, concedida pelo governo brasileiro em 2013. Foot Hardman — que integrou a comissão que recomendou o título — destacou as várias dimensões do trabalho de Graziano e a sua contribuição para a construção de políticas públicas no Brasil.

“Trata-se de uma figura de grande brilho e excelência; de um professor que sempre primou pela modéstia; que fugiu dos holofotes, mas que teve peso na própria fundação do Instituto de Economia da Unicamp, e cujo trabalho ganhou repercussão nacional e internacional”, disse o professor Foot.

Yong Kun Park (Professor Emérito - In Memoriam)
Yong Kun Park (Professor Emérito – In Memoriam)

Nascido na Coréia do Norte, o professor Yong Kun Park graduou-se em Ciência e concluiu o curso de mestrado em Bioquímica pela Universidade Nacional de Seul, na Coréia do Sul. Prestou serviço militar nas Forças Armadas nos Estados Unidos, onde teve oportunidade de atuar na área de análises clínicas. Imigrou para o Brasil e trabalhou, primeiro, no Laboratório de Patologia do Hospital Vera Cruz em Campinas. Depois, atuou como pesquisador no Centro Tropical de Pesquisa e Tecnologia (CTPTA), atual Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).

Foi contratado como professor da Faculdade de Tecnologia de Alimentos da Unicamp em 1968 e, junto com outros pesquisadores e docentes, contribuiu para a formação de profissionais na área de alimentos e para o fortalecimento da atual Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA). Fez doutorado em Ciência de Alimentos pela Unicamp e adquiriu larga experiência na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, com ênfase em Ciência de Alimentos.

Publicou 81 artigos em periódicos, 6 livros, 9 capítulos de livros e 110 resumos em anais de eventos nacionais e internacionais. O trabalho intitulado “Produção de isomaltulose a partir da transformação enzimática da sacarose, utilizando-se Erwinia sp D12 imobilizada em alginato de sódio” resultou no primeiro contrato de licenciamento de patentes da Agência de Inovação da Unicamp (INOVA), formalizado em 2002.

“Eu poderia falar horas sobre o professor Park, mas queria destacar a forma elegante, profissional, zelosa e ética com que tratava as pessoas”, disse o professor Rubens Maciel Filho, que integrou a comissão que propôs a honraria. “Ele sempre será um exemplo para todos nós, de como podemos agir de maneira ética e profissional no exercício de nossas funções”, concluiu.

Thomas Michael Lewinsohn (Professor Emérito)
Thomas Michael Lewinsohn (Professor Emérito)

Bacharel, mestre e doutor em Ecologia, o biólogo Thomas Michael Lewinsohn receberá o título de Professor Emérito da Unicamp pelo conjunto de suas atividades de pesquisa, docência e extensão.

Segundo parecer do Conselho do Departamento de Biologia Animal, do Instituto de Biologia da Unicamp, a produção científica do professor Lewinsohn compreende mais de 100 publicações, incluindo 96 artigos científicos, seis livros como autor e/ou organizador e 15 capítulos de livros. Dos artigos em periódicos, 10 artigos têm mais de 100 citações, em sete dos quais ele é autor principal.

Seus trabalhos abriram novos aspectos teóricos da ecologia de comunidades e da organização da biodiversidade. Foi um dos primeiros pesquisadores brasileiros a investigar os componentes espaciais da biodiversidade e o conceito de diversidade de interações. Nessa linha de pesquisa, coordenou um dos Projetos Temáticos iniciais do Programa Biota-Fapesp: “Diversidade de espécies e de interações em plantas e insetos fitófagos”.

Foi pioneiro em usar a teoria de redes complexas para investigar a estrutura de comunidades ecológicas. Atuou como Professor Visitante em universidades europeias e foi agraciado com fellowships e residências no Centre for Population Biology, Imperial College, na Inglaterra; no National Center for Ecological Analysis and Synthesis, EUA, e na Fundação Rockefeller, Bellagio Center, Itália. Também foi Senior Fellow no Instituto de Estudos Avançados. Em 40 anos de existência desse Instituto, somente quatro brasileiros receberam essa fellowship.

O professor Paulo Dalgalarrondo chamou Lewinsohn de “grande mestre”. “No meu modo de ver, a Unicamp deve se orgulhar por ter, em seu corpo docente, um professor do calibre do professor Lewinsohn”, disse ele.

Antonio Sérgio da Silva Arouca (Honoris Causa - In Memoriam)
Antonio Sérgio da Silva Arouca (Honoris Causa – In Memoriam)

Antonio Sergio da Silva Arouca foi médico sanitarista, professor universitário, pesquisador e político, engajado na defesa da saúde gratuita como direito para todos e dever do Estado. Presidiu a 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, que estabeleceu as bases do Sistema Único de Saúde (SUS), criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei 8.080 de 1990.

Foi professor na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/Unicamp) entre 1967 e 1975 e, posteriormente, professor e diretor da Fundação Oswaldo Cruz. Sua tese, “O Dilema Preventivista’”, é um marco da mudança de paradigma da Saúde Pública brasileira e um dos documentos que respaldam o nascimento da Saúde Coletiva contemporânea.

Chegou à Unicamp em 1967, recém-formado, e encontrou, no Departamento de Medicina Preventiva e Social, um ambiente acadêmico caracterizado por criatividade, inovação, integração com outros departamentos e fortalecimento das Ciências Sociais dentro do currículo médico, o que contribuiu significativamente para sua trajetória futura dentro da Unicamp e, posteriormente, fora dela.

Mesmo após sua saída em 1975, Arouca fez jus à sua capacidade de agregar intelectuais e outras pessoas da sociedade, como na ocasião de sua defesa de tese na Unicamp e, uma década depois, na condução dos trabalhos da 8ª Conferência Nacional de Saúde.

Diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), o professor Cláudio Coy destacou o interesse de Arouca em saúde pública desde o período da graduação. Lembrou sua atuação política e pediu aos colegas de conselho um voto favorável, “em função de seu relevante legado intelectual, político e defensor do acesso universal à saúde”, disse.  

Woodruff Whitman Benson (Professor Honorário)
Woodruff Whitman Benson (Professor Honorário)

Doutor pela University of Washington, nos Estados Unidos, o professor Woodruff Whitman Benson tem larga experiência na área da Ecologia, sendo um dos precursores da Ecologia Evolutiva na Unicamp e no Brasil, tendo dedicado grande parte de sua vida acadêmica a estudar Ecologia de Ecossistemas.

Atuou, principalmente, em temas como lepidoptera, formicidae, biodiversidade, mutualismo e territorialidade. Está aposentado desde 2012, ano em que completou 70 anos, mas durante toda a sua vida acadêmica no Brasil desenvolveu atividades de pesquisa em ecologia.

Benson foi um dos criadores do programa de pós-graduação em Ecologia do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, que, desde a sua implantação, se destacou pelo caráter inovador e mesmo por revolucionar na forma de ensinar ecologia, baseada em aulas teóricas e práticas na forma de cursos de campo, tipo OTS, em regime de internato em vários ambientes no Brasil.

Nestes cursos, os alunos desenvolviam projetos diários e semanais que geravam discussões muito produtivas sobre os trabalhos executados. O programa foi um sucesso com número elevado de candidatos ao ingresso vindos de todas as partes do Brasil e mesmo do exterior, movimento que permanece até os dias de hoje. O curso foi replicado em todos os biomas do Brasil.

“Considero que o professor Benson foi um docente extremamente importante para a pós-graduação em ecologia da Unicamp, em termos do conhecimento da ecologia no Brasil, por conta da visão inovadora do curso e pela formação de recursos humanos de excelente qualidade”, disse o professor Hernandes Faustino Carvalho, diretor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp.

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