Dar início a uma nova vida longe de casa, em uma nova cidade, cercado por pessoas diferentes e em um mundo repleto de possibilidades. A entrada na universidade é uma etapa marcante na vida de qualquer estudante e é natural que haja dúvidas, expectativas e inseguranças para quem chega a esse ambiente.
Como parte da acolhida aos nossos novos estudantes, o Portal Unicamp conversou com quem passou pelas mesmas experiências há pouco tempo e tem muito a compartilhar: os colegas veteranos. Sete estudantes de diferentes cursos contam um pouco sobre a vida universitária e dão conselhos a seus novos companheiros. Apesar das diferentes experiências que viveram, todos concordam que a Unicamp é um excelente espaço para descobertas.
“Aproveitem todas as oportunidades”
Para Gabriel Thainan, 20 anos, o ingresso na Unicamp foi a realização de um sonho. “Não apenas meu, mas de minha família inteira, visto que sou o primeiro a conseguir ingressar em um curso superior”, conta o estudante de Ciências Biológicas. Ao longo do curso, Thainan já participou de projetos de aprimoramento técnico como parte das atividades que devem ser cumpridas por alunos contemplados com bolsas e/ou auxílios. Todas elas foram importantes para sua formação como biólogo. “Aprendi como funciona a rotina de um laboratório, como são feitos os experimentos, seus protocolos etc.”
O jovem diz que estudar na Unicamp é uma experiência muito boa e que, aqui, conheceu pessoas incríveis e participou de atividades únicas. Para ele, esse é o melhor conselho a ser dado para os novos estudantes. “Aproveitem todas as oportunidades que a universidade pode oferecer, permitam-se criar laços e tenham responsabilidades acima de tudo”, afirma. Bem-humorado, ele também lembra de uma das coisas que considera imperdíveis no campus: “O dia de feijoada no Restaurante Universitário! Com direito a pagode ao vivo. Não percam!”.
Descobrir novas aptidões já no início do curso
“Lembro de andar pelo campus quando ainda estava no ensino médio e me encantar com o espaço, a circulação de pessoas e a sensação de que tudo acontecia ali.” Mesmo iniciando seu último período de graduação em 2024, o encantamento da aluna com a Unicamp permanece o mesmo. Para Júlia Devito, 26 anos, a universidade é um local seguro para experimentar coisas novas e tirar projetos do papel. “Sempre tive uma grande paixão por música e várias composições engavetadas. Na Unicamp, elas começaram a ganhar vida”, conta a jovem, que incluiu entre seus projetos de conclusão do curso de Midialogia a gravação de uma de suas composições. “Se eu estivesse realizando esse projeto fora da universidade, sem poder contar com a banda e a equipe, todos do Instituto de Artes, com certeza isso seria muito mais difícil ou até mesmo inviável.”
Da vida universitária, Devito destaca as vantagens de estar próxima de outros cursos e de sempre aprender coisas diferentes. “Assisti a palestras na Medicina, fiz extensão na Faculdade de Educação e agora estou estagiando com a Engenharia.” Como dica, a estudante recomenda o Festival do Instituto de Artes, com programação de exposições, oficinas e espetáculos gratuitos. Ela também lembra da importância de aproveitar o período universitário. “Todo o tempo que temos na universidade é valioso, incluindo no início, especialmente para que a gente descubra nossas aptidões e possa desenvolvê-las nos anos seguintes do curso.”
Monte uma tabela de disciplinas
Estar na Unicamp é motivo de orgulho não apenas para Marcela Pankararu e sua família, mas para todo seu povo. Aos 30 anos, ela é uma das primeiras estudantes indígenas a ingressar na Unicamp por meio do Vestibular Indígena, que destina vagas para candidatos que pertençam a uma das etnias dos povos originários do Brasil. Para ela, o acesso ao ensino superior significa uma garantia de direitos. “Nossa luta não se faz somente com o balançar de nossos maracás, mas também adquirindo outros saberes que nos auxiliam em busca de melhorias de políticas públicas e de proteção para nossos territórios, corpos, cultura e biomas”, destaca a jovem da etnia Pankararu, presente no Nordeste do país.
Como aluna de Ciências Sociais, ela participou de um projeto de pesquisa sobre a inserção de indígenas no ensino superior e de projetos de extensão promovidos pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE). “São muitas as atividades importantes que complementam não só nossos cursos, mas nossa formação como pessoas também.” Pensando nos novos estudantes, ela reforça a importância de interagir com colegas de diferentes origens e aprender sobre novas culturas e outras visões de mundo. A aluna também dá uma dica bastante útil para o dia a dia dos novatos: “Organize-se. Isso nos ajuda a ter uma vida acadêmica melhor. Monte uma tabela com suas disciplinas, os horários e os locais onde terá aula. Tente também chegar antes de as aulas começarem, para conhecer o local onde vai estudar e morar”.
Aproveitar a convivência e a aprendizagem com professores e funcionários
Karina Casale, de 27 anos, é uma dos muitos estudantes que desfrutam do ensino e da vida universitária da Unicamp fora de Campinas. Aluna do curso de Odontologia, sediado no campus de Piracicaba, a jovem conta que a universidade proporciona um ensino de excelência, no qual se sente realizada. Além das experiências acadêmicas vividas na faculdade, como o Programa de Apoio Didático (PAD) em disciplinas básicas e laboratoriais e a participação em ligas acadêmicas, Casale já experimentou o contato com a comunidade de fora do campus. “Fiz estágios no Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) e em Unidades Básicas de Saúde (UBS). A oportunidade de estagiar em várias áreas da odontologia foi de extrema importância para o meu crescimento”, conta.
Para a estudante, as oportunidades teóricas e práticas oferecidas ao longo do curso são imperdíveis. Outra vantagem que os novos estudantes devem aproveitar é a convivência e a aprendizagem com professores e funcionários. “Na experiência de ser estudante, acredito que devemos aproveitar ao máximo tudo o que a Unicamp oferece, pois, no final, a sensação de realização é maravilhosa”, avalia.
Não ter medo de experimentar coisas novas
Autoconfiança. Essa é uma das grandes qualidades adquiridas por Jucielly Machado, de 21 anos, luna de Arquitetura e Urbanismo, ao longo de sua vida na Unicamp. “Já participei de muitas coisas. Aquilo de que ainda não participei está, com certeza, na minha lista”, revela. Hoje, a relação de atividades é extensa: ela integrou o escritório modelo e o centro acadêmico de arquitetura e urbanismo e trabalhou em uma ONG (organização não governamental) voltada para a habitação social em Campinas, além de ter realizado um estágio de pesquisa ligado à Universidade Técnica Tcheca, em Praga (República Tcheca), e uma experiência on-line na HSE University, em Moscou (Rússia). “São todas coisas que, até eu chegar à Unicamp, nunca pensei que faria.”
A futura arquiteta avalia que o clima de acolhimento presente na Universidade tem feito toda a diferença em sua formação e, por isso, recomenda aos calouros que não tenham medo de experimentar coisas novas. “A Unicamp é um lugar em que você nunca vai estar sozinho. Seja curioso. Você pode se encontrar por aqui.” Ela ainda lista seus programas favoritos: a feirinha da Praça do Ciclo Básico, os eventos no Teatro de Arena e o pôr do sol no observatório do Museu Exploratório de Ciências. “Esses são momentos que deixam o coração quentinho e que me fazem sentir parte daqui.”
Calma
Conviver com desafios é algo para que Daniel Dias, de 26 anos, está se preparando. Aluno do curso de Ciências do Esporte, do campus de Limeira, o jovem está em contato com atletas de alto rendimento e teve a oportunidade de conhecer centros de treinamento olímpico e aprender sobre diversos aspectos do esporte profissional. Para ele, a preocupação dos docentes com preparar e engajar os estudantes é um diferencial da Unicamp. “Isso me permitiu perceber que sou capaz de coisas que antes acreditava serem inalcançáveis, como realizar pesquisas acadêmicas”, afirma.
Para quem está chegando, Dias aconselha calma. “Esse é um período para conhecer o campus e o que a Universidade oferece e focar as disciplinas básicas.” Com o tempo, segundo o estudante, o envolvimento dos alunos com as oportunidades acadêmicas torna-se algo inevitável. “Participe de projetos de pesquisa, das práticas de laboratório e das atividades esportivas”, recomenda.
Não se restringir ao curso acadêmico
As memórias da vida universitária estão bem frescas na mente de Lucas Gonçalves, 23 anos. Recém-formado em Química, o jovem acaba de ingressar no doutorado-direto – modalidade que dispensa a etapa do mestrado – na mesma área. Ele conta que sua trajetória na graduação viu-se marcada por grandes experiências acadêmicas, como o período em que fez uma iniciação científica, participando de congressos e produzindo artigos e publicações científicas. Tudo isso contribuiu para que ele decidisse seguir na área acadêmica.
O jovem pesquisador conta que a universidade auxilia no processo de autoconhecimento. “Busque entender como você estuda, os métodos que funcionam ou não, e adapte-se com base nisso ao estilo de estudo que a faculdade exige. Com o tempo, você passa a entender seus limites, a saber quantas disciplinas você consegue fazer de forma saudável e respeitosa consigo mesmo”, orienta. O doutorando também aconselha que a vida universitária dos novos alunos não se restrinja apenas ao curso acadêmico. “Visite o observatório, as bibliotecas, assista às apresentações no Teatro de Arena, participe das atividades físicas da Faculdade de Educação Física ou mesmo conheça o distrito de Barão Geraldo.” Para Gonçalves, que inicia uma nova etapa de sua vida após a graduação, ainda há coisas novas para serem descobertas na Unicamp. “Mesmo depois de quatro ou cinco anos, você ainda encontrará atividades inesperadas e prazerosas por aqui.”
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