Em parceria com a Massachussetts Institute of Technology (MIT), a Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp iniciou, nesta segunda-feira (22), uma série de oficinas que têm como objetivo introduzir, a jovens do ensino médio de escolas públicas, conceitos essenciais de química e de engenharia de materiais.
Por uma semana, líderes do MIT-Brazil Global Teaching Labs de 2024, ao lado de professores e monitores do Departamento de Engenharia de Materiais e Bioprocessos (DEMbio) da FEQ, vão orientar um grupo de cerca de 30 alunos de escolas públicas no estudo dos polímeros — material largamente utilizado na produção de peças para a indústria automotiva, de embalagens para a indústria de alimentos, na área da saúde, em revestimentos para a construção, entre outras aplicações.
O grupo de estudantes avaliará o papel do polímero na indústria do esporte, mais especificamente no futebol. Os alunos farão uma espécie de dissecação de uma bola de futebol para verificar o quanto o polímero contribui para que o equipamento tenha as características desejadas para a função para a qual foi criado.
“Não desejaríamos que ela encharcasse em jogos disputados sob chuva, por exemplo. Nem que quicasse feito uma bola de basquete”, explica a líder do MIT-Brazil, Thalyta Santiago, que também é aluna de doutorado da FEQ. A ideia, segundo Thalyta, é conhecer os tipos de aplicação para cada tipo de polímero.
A avaliação se estenderá para outros produtos da cadeia, como o uniforme dos jogadores e os equipamentos usados em processos de fisioterapia ou em cirurgias de atletas. O grupo trabalhará, ainda, com a chamada manufatura aditiva — que são materiais e equipamentos que trazem diferentes tipos de polímeros em sua composição e que estão num estádio de futebol, como as garrafas plásticas, por exemplo. Haverá também oficinas sobre impressoras 3D nas quais os alunos aprenderão a desenhar e conhecerão noções de gerenciamento de projeto.
“Montamos um ambiente como se fosse um acampamento de verão, com atividades práticas, com a teoria envolvida. É um ensino ativo, em que os alunos conseguem reter mais o conteúdo”, explica Thalyta Santiago, que trabalha no projeto ao lado da líder da MIT-Brazil, Katharina Fransen.
Polímero no cotidiano
A professora Mariana Agostini de Moraes conta que o DEMbio tem trabalhado com a questão dos polímeros tanto no ensino quanto na pesquisa, e que o projeto do MIT-Brazil vem ao encontro destes objetivos. Ela lembrou que, além da Unicamp, o programa foi aplicado pelo MIT também na USP e na Universidade Federal de Alfenas, em Minas Gerais.
“O objetivo é aproximar os alunos das áreas de ciências e tecnologia a partir de um tema bem simples, que é o futebol — um assunto com o qual o brasileiro tem muita afinidade —, e verificar o quanto o polímero está aplicado em nosso dia a dia, nas nossas atividades”, disse Mariana Moraes.
Para a professora Marina Cosate, também do DEMbio, a dinâmica das oficinas e o assunto têm atraído a atenção dos estudantes. “Estamos vendo muita carinha feliz; gente compenetrada, interessada, fazendo as tarefas com todo empenho. Acho que eles estão gostando muito”, disse a professora.
“Para mim, é tudo novo. É sempre bom realizar tarefas práticas assim. Estou gostando muito”, disse o estudante do Colégio Técnico da Unicamp (Cotuca) Ion Mateus, enquanto realizava testes de compressão e de resistência mecânica em tecidos de uma bola de futebol. As oficinas se estendem até o dia 26 de janeiro.