A Unicamp abriu, nesta quarta-feira (10), a 20ª edição do Ciência e Arte nas Férias (CAF) – programa em que estudantes de escolas públicas de Campinas, Limeira e Piracicaba participam de uma série de atividades de pesquisa em laboratórios da Universidade. Neste ano, o programa vai contar com a presença de 115 alunos e alunas de 41 escolas públicas do ensino médio dos três municípios.
Realizado anualmente durante o mês de janeiro, o CAF tem como objetivo despertar jovens talentos para a pesquisa científica e atividades artísticas. O evento propõe uma imersão em atividades práticas em que haja contato com os desafios atuais da ciência, a metodologia do trabalho científico, o ambiente dos laboratórios de pesquisa e as diferentes formas de expressão artística. Tudo isso, sob a orientação de professores e pesquisadores da Unicamp. A palestra de abertura “Interdisciplinaridade e Inteligências Múltiplas”, foi feita pela professora Ana Elisa Assis.
Confira a programação completa.
O pró-reitor de Pesquisa e reitor em exercício da Unicamp, professor João Marcos Travassos Romano, comemorou a 20ª edição do CAF e agradeceu os estudantes pela participação. “Esta Universidade é para vocês. Na verdade, esta Universidade é de vocês, afinal, somos mantidos pelos impostos que todos os cidadãos paulistas pagam”, disse. “Portanto, é nosso dever promover esse retorno.”
Romano lembrou que a pesquisa exige trabalho em equipe por conta disso e fez uma exortação: “Cultivem o sentido de comunidade, do trabalho coletivo, porque, como escreveu João Cabral de Melo Neto, ‘um galo sozinho não tece uma manhã’”.
Leticia dos Santos Souza, de 17 anos, foi uma das primeiras a chegar para a abertura do CAF. Estudante da Escola Estadual Pedro Salvetti Netto, ela conta que antes de 7h30 já havia deixado sua casa no Jardim Capivari, região do Ouro Verde, em Campinas. “Eu pretendo estudar aqui na Unicamp e vim pela oportunidade. Quero conhecer a Universidade, sentir o ambiente”, explicou a estudante, que chegou cedo junto com as amigas Juliana Souza de Oliveira, Natália Vanin e Larissa Trevisan – todas do Pedro Salvetti.
A estudante Kawane Leite dos Santos estuda na Etec (Escola Técnica Estadual) Trajano Camargo, em Limeira, e disse estar animada por participar do projeto. “Acho que vai ser uma experiência muito boa para mim”, disse ela, que pretende cursar educação física.
Kawã Silva, que frequenta a Etec Cel. Fernando Febeliano da Costa, em Piracicaba, conta que ainda não escolheu sua carreira. Avalia, no entanto, que deve ser algo ligado à computação. Ele disse estar entusiasmado com a participação no CAF. “Acho que isso pode ser bastante importante para o desenvolvimento dos alunos.”
Na cerimônia de abertura, o pró-reitor de Graduação da Unicamp, professor Ivan Toro, fez um agradecimento e um pedido. “Além de agradecer pela presença de cada um de vocês, quero pedir um favor”, disse. “Que vocês espalhem [essa experiência] pela escola onde estudam, que divulguem para seus amigos e colegas: a Unicamp é uma escola pública e quer ter alunos da escola pública aqui”, disse.
“Muita gente nem procura o Vestibular da Unicamp por considerar que esse não é um lugar para estudantes da rede pública. Mas avisamos: temos várias formas de ingresso, como o Profis [Programa de Formação Interdisciplinar Superior], por exemplo. Adotamos medidas de estímulo, como isenções em taxas para alunos carentes. E, ainda assim, temos pouca gente disputando essas vagas”, afirmou Toro. “Mas posso dizer: temos perto de 20 mil alunos e quase 50% deles são provenientes da escola pública.”
O secretário-adjunto de Educação de Campinas, Luiz Roberto Marighetti, conclamou os alunos a enfrentarem o desafio de buscar uma vaga na universidade pública. “Esse é um espaço público e a sociedade precisa ocupar esse espaço. E não apenas no mês de janeiro. A universidade pública é um patrimônio de todos nós e ela deve estar acessível – e está – para alunos de todas as classes sociais”, afirmou.
O professor Marco Aurélio Cremasco, assessor da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Unicamp, ressaltou a importância do CAF. “Um programa como esse traz vocês [estudantes] como uma esperança. Vocês são a nossa esperança e muito obrigado por alimentarem a nossa esperança”, disse ele.
A professora Patricia Adolf Lutz, dirigente regional de Ensino Campinas Oeste, afirmou ser “fundamental” o estreitamento de relações entre a universidade e a rede estadual de ensino. E comemorou o interesse dos alunos. “Vocês estarem aqui, durante um mês de férias, já é um sinal de sucesso”, disse. “Um sucesso do programa e um sucesso pessoal para cada um de vocês.”
