No mês de novembro, a Unicamp e instituições científicas de mais quatro países assinaram um acordo de cooperação comprometendo-se com o fornecimento de tecnologias para o DUNE, experimento internacional que empregará enormes detectores de partículas para o estudo do comportamento de neutrinos. O projeto, que agrega milhares de cientistas de 200 instituições de pesquisa do globo, é hospedado pelo Fermilab, laboratório de física de partículas dos Estados Unidos, e visa determinar se os neutrinos – diminutas partículas que permeiam o cosmo, mas que raramente interagem com algo – podem ser a razão de o universo ser composto por matéria.
Para alcançar esse objetivo, o projeto conjunto está desenvolvendo e instalando detectores de neutrinos em pontos diferentes dos Estados Unidos: o primeiro deles no próprio Fermilab, localizado na cidade de Batavia, no Estado de Illinois, e o segundo no Laboratório de Pesquisas Subterrâneas de Sanford (Surf, na sigla em inglês), localizado em Dakota do Sul. Este último, de maiores proporções, será construído a 1.500 metros de profundidade, distribuído em três cavernas que antigamente faziam parte de uma das maiores minas de exploração de ouro do país.
Além da Unicamp, representada pela sua coordenadora-geral, Maria Luiza Moretti, estiveram no Fermilab para a assinatura do acordo representantes da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em francês), sediado na Suíça, do Instituto Nacional de Física Nuclear e Física de Partículas da França, do Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália e do Conselho de Instalações de Ciência e Tecnologia/Pesquisa e Inovação do Reino Unido. Juntos, os cinco países se comprometeram a fornecer componentes para os dois detectores do DUNE.
Segundo o acordo, o Brasil, que tem na Unicamp a líder dos trabalhos científicos e tecnológicos realizados no país, contribuirá com tecnologias para o sistema de detecção de fótons, partículas que compõem a luz e que são um dos sinais utilizados para encontrar os neutrinos. “Nunca imaginei, na minha vida, que um dia eu estaria representando a minha Universidade e meu país em um projeto tão maravilhoso, incomum e notável. Muito embora sejamos de lugares diferentes do mundo, nós somos um time neste momento. Embora falemos idiomas distintos, nós todos falamos a língua da ciência, da educação e do progresso”, comemora a professora Moretti.