O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp aprovou, na manhã desta terça-feira (28), a concessão do título de Professor Emérito aos docentes Anibal Eugênio Vercesi, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Jorge Sidney Coli Júnior, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), e Marco Antônio Teixeira, do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc). Os títulos foram concedidos por unanimidade do Conselho.
Anibal Vercesi
Graduado em Medicina em 1972 e doutor em Bioquímica pela Unicamp dois anos depois, Anibal Eugênio Vercesi fez pós-doutorado na Johns Hopkins University School of Medicine e foi professor adjunto de microbiologia na Universidade de Illinois (EUA). Membro da Academia Brasileira de Ciências da Ordem Nacional do Mérito Científico, foi presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e da Academia Mundial de Ciências.Vercesi foi, ainda, membro da Academia de Ciências da America Latina (ACAL), Doutor Honoris Causa pela Universidad de la Republica do Uruguai e professor titular de Bioquímica da Unicamp.
A professora Maria Luiza Silveira de Melo, que presidiu a comissão que apresentou a proposta de concessão do título, avalia que a trajetória de Vercesi mostra sua qualidade profissional e evidencia o que ela chamou de liderança científica. “Ele não foi apenas um professor dedicado, mas também um cientista inovador, cujas contribuições foram publicadas em periódicos de renome, capítulos de livros, conferências nacionais e internacionais, amplamente referendadas, algumas delas com mais de mil citações”, afirmou a presidente da comissão. A professora ressaltou, ainda, o desempenho administrativo de Vercesi e seu papel na formação de profissionais da área.
Vercesi nasceu em Serra Azul, no interior de São Paulo, em 1946. Toda a sua formação se deu na escola pública — desde a escola rural, no município de Jardinópolis, até a Unicamp, onde ingressou no curso de Medicina em 1967.
Assim que se graduou (1972), foi contratado pela Unicamp, junto ao Departamento de Bioquímica do Instituto de Biologia, inicialmente como Instrutor (MS1). Desde então, ao longo de 50 anos, dedicou-se à vida acadêmica dentro na Unicamp, tornando-se uma das mais fortes lideranças científicas na instituição, reconhecida dentro e fora da Universidade.
Ao longo de sua carreira, Vercesi aceitou diversos convites para atuar como professor visitante em renomadas Instituições nacionais – Universidade de São Paulo e Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Universidade Federal de São Carlos – e internacionais, nos EUA, Japão, Peru, Uruguai, entre outras. O professor Vercesi orientou diretamente 24 estudantes de mestrado, 36 de doutorado e 19 pós-doutores.
Jorge Coli
Professor titular do IFCH, a trajetória de Jorge Coli foi marcada por sua atuação dentro e fora do ambiente acadêmico. Foi colunista da Folha de S. Paulo e do Le Monde e atuou com o secretário de Cultura na Prefeitura de Campinas, sob a gestão do prefeito Antônio Costa Santos.
Coli iniciou sua formação universitária em Filosofia, na Universidade de São Paulo. Interrompeu seus estudos nos tempos conturbados da ditadura militar e foi para a França, onde iniciou sua formação em História da Arte e em História do Cinema na Université de Provence, campus de Aix. Obteve o mestrado em História da Arquitetura e passou a ensinar na universidade. Em seguida, ensinou nas universidades de Toulouse Le Mirail e Paul Valéry, de Montpellier. Obteve seu doutorado em Estética, no Departamento de Filosofia da USP, sob a orientação da professora Maria Sylvia Carvalho Franco, e seu pós-doutorado na New York University. Sua tese de doutorado foi publicada pela Editora da Unicamp. Essa formação lhe permitiu lançar estudos pioneiros sobre a História da Arte e da Cultura brasileira e internacional, explorando sobretudo a produção do século XIX e da primeira metade do século XX.
Formou um número elevado de pesquisadores e professores, que hoje desenvolvem pesquisa e docência em universidades por todo o Brasil, desempenhando papel de destaque na vida universitária, institucional e intelectual brasileira, atuando na direção de museus e de outras instituições. A preocupação de Coli com o patrimônio brasileiro no campo das artes estimulou numerosas pesquisas voltadas para estudos específicos de obras, nacionais e internacionais, depositadas em acervos de museus brasileiros.
Presidente da comissão que recomendou a honraria, o professor Antonio Augusto Arantes Neto disse que Coli foi indicado porque preenche todos os requisitos previstos para a concessão de um título como este. “Lembramos sua qualidade intelectual; a abrangência de sua contribuição para a área no Brasil e a efetividade dessa contribuição”, disse.
Arantes Neto avalia que grande parte da contribuição de Coli se deu na formação de um público qualificado para a compreensão da arte brasileira, em especial a do século 19, para além da já mencionada formação de pesquisadores e intelectuais. “Sua atuação contribuiu para um divisor de águas na História da Arte como disciplina acadêmica na universidade brasileira, num pioneirismo importante”, escreveu o professor Marcos Tognon, do Departamento de História do IFCH-Unicamp, que assina o parecer com o pedido de entrega do título.
O parecer aponta que o professor Jorge Coli colaborou com pioneirismo na criação dos estudos em História da Arte em nosso contexto, já que as universidades brasileiras não possuíam programas institucionais que contemplassem todo o campo dessa área. “Mais ainda, o professor Jorge Coli considerou que era preciso dar a esses estudos sua plenitude no campo metodológico e epistemológico”, finaliza Tognon.
Marco Antônio Teixeira
Chefe do Departamento de Matemática do Imecc-Unicamp no início da década de 1980, Marco Antônio Teixeira foi diretor do instituto, coordenador do curso de Pós-Graduação e secretário da Sociedade Brasileira de Matemática. Membro do Conselho Fiscal da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), foi coordenador de projetos internacionais junto à Capes e de projetos temáticos Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo). Desde 2014, é membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Graduado em matemática pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) e com mestrado e doutorado pela USP, Teixeira atua principalmente em temas como Sistemas Reversíveis e Sistemas Descontínuos.
O professor Plamen Emilov Kochloukov, que presidiu a comissão especial de indicação do título, lembrou a carreira de Teixeira. “Além de brilhante professor, excelente pesquisador de nível internacional, foi também um hábil administrador”, disse Kochloukov. “A originalidade e a abrangência de sua obra científica ficam comprovadas no seu pioneirismo em diversas linhas de pesquisa, registrado nos seus 122 artigos científicos”, diz o parecer com a indicação do título assinada pelos professores Douglas Duarte Novaes, Ketty Abaroa de Rezende e Ricardo Miranda Martins. “Sua influência acadêmica é perceptível, inclusive, através das carreiras bem sucedidas de seus alunos (20 mestres e 16 doutores) e 19 pós-doutores que tiveram o privilégio de receberem sua influência científica”, acrescenta o parecer.
O professor estabeleceu sólidos programas de cooperação internacional, primordialmente com França, Holanda, Inglaterra, Espanha, Bélgica, China, EUA e Israel, apresentando em seu currículo, e no de seus alunos, um substancial número de artigos conjuntos com distinguidos pesquisadores desses países. “Sem dúvida, graças a seus esforços, hoje o Imecc é uma instituição de renome na área de Sistemas Dinâmicos”, diz o parecer.
Teixeira coordenou uma longa lista de projetos de intercâmbio entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros e de convênios internacionais de universidades brasileiras. Em seu legado científico, diz o documento, Teixeira fez contribuições importantes na Teoria de Bifurcações para Sistemas Descontínuos. Seus resultados associados à classificação de contatos entre campos de vetores (em pontos de descontinuidade) são celebrados mundialmente.