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Esta é uma fotografia em preto e branco do rosto de uma mulher sorrindo, tirada de dentro de um carro. Ela tem cabelo na altura dos ombros, com ondas, e usa óculos de sol redondos. Ela está olhando para a câmera com um sorriso largo e alegre. O interior do carro, incluindo parte do painel e o espelho retrovisor, é visível ao fundo. A imagem tem uma aparência clássica e espontânea.
Obras de Ana Cristina Cesar consolidaram modelo híbrido de poema em prosa

‘Uno, gratuito e breve’: o poema em prosa no Brasil

‘Uno, gratuito e breve’: o poema em prosa no Brasil

Antologia reúne mais de 200 poemas brasileiros que seguem a tradição iniciada por Baudelaire

Esta é uma fotografia em preto e branco do rosto de uma mulher sorrindo, tirada de dentro de um carro. Ela tem cabelo na altura dos ombros, com ondas, e usa óculos de sol redondos. Ela está olhando para a câmera com um sorriso largo e alegre. O interior do carro, incluindo parte do painel e o espelho retrovisor, é visível ao fundo. A imagem tem uma aparência clássica e espontânea.
Obras de Ana Cristina Cesar consolidaram modelo híbrido de poema em prosa

O livro Antologia do poema em prosa no Brasil, publicado pela Editora da Unicamp em coedição com a Ateliê Editorial, foi organizado por Fernando Paixão e apresenta um gênero pouco explorado da poesia moderna: a poesia em prosa. A obra traça um panorama da história dessa forma poética no país, das primeiras manifestações até a contemporaneidade. Com ilustrações de Sergio Fingermann, o livro oferece ao leitor uma introdução abrangente ao tema, combinando reflexões teóricas com exemplos de produções em prosa de cem poetas brasileiros.

Formado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), Fernando Paixão é mestre em Teoria e História Literária pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atuou como editor por mais de 30 anos e organizou obras como Momentos do livro no Brasil, vencedora do Prêmio Jabuti em 1995. Poeta e ensaísta, atualmente é professor no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP.

Na entrevista a seguir, Fernando Paixão explica os princípios da poesia em prosa e comenta as contribuições da antologia para os estudos do gênero no Brasil.

Jornal da Unicamp — O que motivou a elaboração da antologia e quais foram os principais desafios enfrentados em sua organização?
Fernando Paixão — A motivação inicial foi, na verdade, de ordem pessoal. Durante a juventude, eu tinha o hábito de anotar em cadernos pretos alguns textos soltos e não sabia bem o que eram, se tinham qualidade ou não. Em 1999, ingressei no doutorado para estudar o gênero híbrido, o que resultou no livro Arte da pequena reflexão: poema em prosa contemporâneo. Após a minha entrada no IEB em 2009, passei a me dedicar ao poema em prosa no Brasil. Quanto às dificuldades, são muitas… A primeira delas foi a de formular um conceito geral que orientasse a seleção dos textos. Em seguida, o impasse esteve na seleção dos poemas, que implicou a leitura de um vasto território de autores e livros. Mas o mais difícil mesmo foi a tarefa de obter todas as autorizações dos autores, editoras ou herdeiros – tarefa que exige muita burocracia e paciência.

JU — Quais critérios orientaram a seleção dos poetas e poemas reunidos na obra?
Fernando Paixão — Não há propriamente um consenso sobre como definir o poema em prosa. Os críticos divergem quanto ao tema. Diante disso, eu preferi seguir o caminho da teórica francesa Suzanne Bernard, que escreveu uma obra monumental sobre o assunto. Ela defende a ideia de que o poema híbrido deve se apoiar sobre um tripé de características essenciais. De início, destaca o princípio de unidade, pois quase sempre o texto está circunscrito a poucos elementos. A segunda marca importante é a gratuidade. Diferentemente da prosa, o poema em prosa costuma se inspirar em situações pontuais que deflagram nexos inesperados. Para completar, o gênero está associado à noção de brevidade, atributo que lhe garante um teor intenso e expressivo.
Portanto, um bom poema em prosa deve ser ao mesmo tempo uno, gratuito e breve – entregue à liberdade imaginativa. Certos críticos consideram vaga essa definição, mas eu argumento que, se quisermos maior rigor na delimitação desse gênero literário, corremos o risco de cair numa restrição normativa.

JU — Na sua visão, quais contribuições a antologia traz aos estudos da poesia brasileira?
Fernando Paixão — Costumo dizer que essa Antologia revela uma paisagem diferente da poesia nacional. Parece slogan, não é mesmo? Sim, pois quase tudo o que lemos nos manuais sobre poesia se refere ao universo dos poemas versificados e dos autores mais destacados nesse campo. Chega a impressionar a ausência de estudos sobre o gênero híbrido. E, na verdade, quando nos debruçamos sobre a literatura brasileira, percebemos a importância desse tipo de escrita como um eixo renovador da nossa poética.

JU — Como o recorte temporal é bem amplo, quais surpresas o leitor terá com a coletânea?
Fernando Paixão — Não vejo problema em dar um spoiler aqui. Lembro que, ao realizar o levantamento sobre o período modernista, fiquei espantado com a escassez de poemas híbridos na obra de importantes poetas do movimento. Vários deles simplesmente ignoraram o gênero e outros o cultivaram com timidez, a exemplo de Carlos Drummond, Manuel Bandeira e Jorge de Lima – que não lhe dedicaram mais que uma dezena de textos em suas vastas obras. Acabaram por “jogar fora o bebê com a água do banho”, como diz o ditado. Desprezaram uma forma de expressão que continuava ativa e renovada nos centros europeus. As melhores surpresas, porém, creio que se encontram nos textos, que o leitor pode folhear e saborear.

JU — O senhor acredita que o poema em prosa ainda ocupa uma posição marginal na literatura brasileira atual?
Fernando Paixão — Muito pelo contrário. Após os anos 1970, o formato híbrido só cresceu no Brasil em popularidade e possibilidade poética. A obra de Ana Cristina Cesar representa a consolidação desse modelo pois, ao reunir os textos de A teus pés, optou por colocar como subtítulo a designação prosa/poesia. Após essa geração, tornou-se também frequente alguns livros se dedicarem inteiramente ao hibridismo. E, se dermos um salto para a atualidade, veremos que o gênero permanece vivo nos livros de poesia, muitas vezes voltado a flagrar a fragmentação do eu lírico. À sua maneira, o poema em prosa oferece uma poderosa lente para evidenciar as dimensões subjetivas da modernidade.


Capa do livro, uma fotografia de uma composição de várias imagens e textos sobrepostos, com uma estética gráfica e moderna. A paleta de cores é sóbria, dominada por preto, branco e tons de cinza, com uma textura pontilhada (halftone) em toda a imagem.

O texto principal, em uma fonte amarelada, está espalhado pela composição e diz: "antologia do poema em prosa no brasil". Outras palavras visíveis são "organização", "Fernando" e "Paixão".

As imagens de fundo incluem ilustrações de prédios, árvores e uma figura estilizada que se assemelha a uma máscara ou um rosto com olhos grandes e ovais. Os elementos estão dispostos em diferentes ângulos, criando uma sensação de colagem.
Capa do livro, uma fotografia de uma composição de várias imagens e textos sobrepostos, com uma estética gráfica e moderna. A paleta de cores é sóbria, dominada por preto, branco e tons de cinza, com uma textura pontilhada (halftone) em toda a imagem.

O texto principal, em uma fonte amarelada, está espalhado pela composição e diz: "antologia do poema em prosa no brasil". Outras palavras visíveis são "organização", "Fernando" e "Paixão".

As imagens de fundo incluem ilustrações de prédios, árvores e uma figura estilizada que se assemelha a uma máscara ou um rosto com olhos grandes e ovais. Os elementos estão dispostos em diferentes ângulos, criando uma sensação de colagem.

Título: Antologia do poema em prosa no Brasil
Organizador: Fernando Paixão
Edição: 1ª 
Ano: 2024 
Páginas: 376
Dimensões: 16 cm x 23 cm

Esta é uma imagem promocional de lançamentos de livros da Editora Unicamp, com um fundo vermelho-escuro.

No topo, centralizado, o título "LANÇAMENTOS" em letras brancas.

Abaixo, são apresentados três livros, da esquerda para a direita:

Arranjo aplicado à música brasileira

Autor: Paulo Tiné

Páginas: 216

Dimensões: 14 x 21 cm

A capa do livro é branca com texto em preto.

Dificuldade da poesia

Autor: João Mostazo

Páginas: 272

Dimensões: 14 x 21 cm

A capa do livro é lilás com texto em branco.

Conflitos, riscos e impactos associados a barragens

Organizadores: Jefferson Picanço, José Martínez, Claudia Pfeiffer e João Meyer (org.)

Páginas: 312

Dimensões: 21 x 28 cm

A capa do livro é branca com uma ilustração azul e texto em preto.

Na parte inferior da imagem, há as informações da editora:

À esquerda: O logo da Editora Unicamp.

No centro: O endereço da Livraria da Editora da Unicamp, com um ícone de localização.

À direita: O site (www.editoraunicamp.com.br) e o e-mail de vendas (vendas@editora.unicamp.br), cada um com seu respectivo ícone.
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