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Ensaio da Orquestra Sinfônica da Unicamp: livro revisita o surgimento e a evolução dos instrumentos musicais
Ensaio da Orquestra Sinfônica da Unicamp: livro revisita o surgimento e a evolução dos instrumentos musicais

Livro explora conexões entre música, tecnologia e cognição

Obra da Editora da Unicamp analisa intersecção entre diferentes áreas e os impactos do desenvolvimento tecnológico na criação musical

O livro Mentes, Máquinas e Música, de José Eduardo Fornari Novo Junior, explora a fascinante conexão entre a mente humana, a música e a tecnologia contemporânea. Trata-se de uma obra interdisciplinar que mergulha profundamente nos processos cognitivos e emocionais surgidos na intersecção dessas três áreas.

Com uma abordagem didática, o livro traz aspectos tanto de uma perspectiva artística como técnica. A obra não apenas ilumina o funcionamento da mente humana e sua relação com a música, mas também analisa o desenvolvimento tecnológico atual e seu impacto sobre a criação musical. Além disso, proporciona uma análise sobre o surgimento dos instrumentos musicais, destacando como evoluíram em paralelo com o desenvolvimento tecnológico de diferentes sociedades, influenciados por fatores como disponibilidade de materiais, rituais, práticas culturais, colheitas, batalhas e cerimônias comunitárias.

O autor possui uma formação diversificada: graduado em engenharia elétrica e música popular pela Unicamp, onde também obteve seu doutorado pela Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec). Sua experiência internacional inclui atuação como pesquisador visitante no Centro Computacional de Pesquisa em Música e Acústica da Universidade de Stanford (Estados Unidos), além de dois pós-doutorados em áreas inovadoras – computação musical e cognição musical –, realizados na Universidade de Jyväskylä (Finlândia).

Na entrevista a seguir, o autor fala sobre sua trajetória formativa e a influência dela para a elaboração do livro, além do processo de escrita e das possíveis contribuições da obra para estudiosos da área.

Jornal da Unicamp – O que o inspirou a explorar a relação entre a mente humana, as máquinas e a música? Como se deu a conexão entre essas áreas?
José Eduardo Fornari Novo Junior – A inspiração veio diretamente da minha formação musical pessoal e acadêmica. Sou músico desde a infância. Fiz graduação, mestrado e doutorado em engenharia elétrica na Unicamp. Também na Unicamp, fiz graduação em música popular. Meu segundo pós-doutorado ocorreu na Finlândia, em cognição musical. Em seguida, passei no concurso público de pesquisador, carreira Pq, do Nics [Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora] da Unicamp, quando comecei a desenvolver diversas pesquisas nas áreas convergentes entre música, suas máquinas (tecnologia musical) e sua cognição (a mente musical).

JU – Como foi o processo de pesquisa e escrita do livro?
José Eduardo Fornari Novo Junior – A pesquisa deu-se naturalmente, durante o desenvolvimento de minhas atividades acadêmicas como pesquisador do Nics. Por isso, o livro é organizado em capítulos curtos, porém densos em termos de informação. Cada capítulo trata de um aspecto da intersecção entre música, tecnologia e cognição que trilhei ao longo das minhas pesquisas acadêmicas.

JU – Na sua opinião, qual o futuro da interação entre tecnologia e música na sociedade?
José Eduardo Fornari Novo Junior – Estamos em um momento de grande efervescência, com o advento da inteligência artificial com tecnologia Transformer, como o ChatGPT, o Gemini, o Llama e tantos outros. que surpreendem pela eficiência em diversos setores da comunicação, como a linguagem, e, mais recentemente, também a música, a exemplo do Udio e de similares. Para mim, o futuro dessa interação será uma maior capacidade de gerar novas e melhores músicas, mas sempre mantendo a figura do compositor humano como fonte inspiradora e elemento criativo do fazer musical.

JU – Quais os principais benefícios que a música pode proporcionar ao cérebro humano?
José Eduardo Fornari Novo Junior – A música é tão essencial para a humanidade quanto a linguagem, tanto é que não há registros de qualquer grupo humano ao longo da história que não tivesse ambas. Em linhas gerais, a música é a comunicação expressiva da emoção, do mesmo modo que a linguagem é a comunicação lógica da razão. Assim como precisamos de emoção e razão, precisamos de música e linguagem.

JU – Qual a contribuição do livro para os estudantes de música?
José Eduardo Fornari Novo Junior – Cada capítulo representa uma indagação que um dia eu tive e que fui esclarecendo ao longo de décadas de estudo, pesquisa e atuação musical. Os estudantes de música na maioria das vezes se limitam ao estudo da teoria e da técnica musical, mas poucos sabem sobre os processos mentais da sensação sonora ou da percepção, da cognição e do afeto musical. Apesar de bastante adaptados como usuários de ferramentas da tecnologia eletrônica digital musical, os mais jovens estudantes sabem pouco dos processos de processamento digital que viabilizam a concretização do som em áudio e como esse é analisado, transformado e sintetizado. A mente e a tecnologia musical são assim como universos pouco explorados pelo músico-padrão. Esse livro procura trazer breves considerações sobre essas áreas, de modo a fomentar o interesse desses estudantes por explorarem novos horizontes musicais.


Título: Mentes, Máquinas e Música
Autores: José Eduardo Fornari Novo Junior
Edição: 1ª
Ano: 2024
Páginas: 184
Dimensões: 14 x 21 cm

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