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Edição genética contra o câncer
Pesquisadores chineses deram início ao primeiro teste, em seres humanos, de uma terapia contra o câncer que se vale da técnica CRISPR-Cas9 de edição genética. A CRISPR-Cas9 é uma ferramenta bioquímica, adaptada por cientistas a partir da biologia das bactérias, que permite recortar trechos específicos de uma sequência de DNA.

No experimento chinês, segundo relato publicado no site da revista Nature, células do sistema imunológico foram extraídas de um paciente de câncer de pulmão e tratadas com a técnica, a fim de eliminar um gene que normalmente limita a resposta imune. As células alteradas foram então cultivadas e injetadas de volta no voluntário. Os pesquisadores esperam que, agora sem freios, as células possam atacar e destruir o câncer.

O grupo chinês informou que este teste inicial pretende verificar a segurança da técnica, e está limitado a dez pacientes. Uma especialista americana ouvida pela Nature disse que o anúncio chinês poderá desencadear uma espécie de “corrida espacial” biotecnológica entre EUA e China.

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Dinossauro emplumado
Uma nova espécie de oviraptossauro foi descoberta na província chinesa de Jiangxi. Oviraptossauros são dinossauros emplumados semelhantes a pássaros – tão semelhantes, na verdade, que alguns especialistas propõem classificá-los junto com as aves. O novo fóssil, descrito no periódico online Scientific Reports, do Grupo Nature, tem a peculiaridade de ter sido encontrado com as patas abertas, pescoço esticado, cabeça erguida. A espécie, que recebeu o nome Tongtianlong limosus, foi datada do período Cretáceo tardio, cerca de 72 milhões de anos atrás.

Plutão tombado
Dois artigos na edição da última semana da revista Nature exploram explicações para características da Planície Sputnik, uma área gelada que compõe parte do “coração” branco fotografado na superfície de Plutão pela sonda New Horizons. A planície é formada por gelo de nitrogênio, metano e monóxido de carbono, com vários quilômetros de espessura.

Um dos artigos, escrito em parceria por pesquisadores dos EUA e do Japão, nota que Sputnik está alinhada com o eixo que une Plutão a sua maior lua, Caronte, e propõe que essa localização pode ser explicada por um “rolamento” de Plutão – uma mudança de cerca de 60º no eixo do planeta-anão – causado pelo acúmulo da massa de gelo na planície ao longo do tempo. “A Planície Sputnik provavelmente formou-se ao noroeste de sua localização atual e foi carregada com materiais voláteis ao longo de milhões de anos”, diz o artigo.

O segundo trabalho, de autoria de pesquisadores baseados nos Estados Unidos, conclui que a reorientação da Sputnik implica a existência de um oceano sob a superfície de Plutão.  Sem um oceano subterrâneo, argumentam os autores, a anomalia gravitacional necessária para “tombar” o planeta, reposicionando a planície, exigiria uma camada de nitrogênio inacreditavelmente espessa, com mais de 40 km.

“Se Plutão contém um oceano líquido gelado (provavelmente com amônia), diversas outras questões se apresentam”, aponta o artigo, incluindo a possiblidade de haver mais oceanos entre os corpos do Cinturão de Kuiper, a região do Sistema Solar localizada para além da órbita de Netuno.

O ano da gripe
O ano do seu nascimento pode definir sua imunidade a diferentes tipos de gripe, aponta estudo publicado no início do mês pela revista Science: de acordo com o trabalho, o fato de uma pessoa ter tido contato com um tipo de vírus na infância pode não só conceder imunidade contra esse mesmo vírus, mas também reduzir a suscetibilidade a variedades semelhantes.

Vírus da gripe são separados em tipos a partir de certas proteínas presentes em sua carapaça, principalmente a hemaglutinina (o “H” do nome particular de cepas como H1N1 ou H2N3), que é visada pelo sistema imunológico. O grupo 1 é formado pelos subtipos H1, H2 e aviário H5, e o grupo 2 contém os subgrupos sazonal H3 e aviário H7.

Partindo da constatação de que as gripes de origem aviária H5N1 e H7N9 têm efeitos diferentes em diferentes grupos etários, os autores, baseados nos Estados Unidos, levantaram dados que, segundo eles, comprovam que a primeira exposição de uma pessoa a um vírus de um grupo concede proteção contra infecção ou morte por vírus do mesmo grupo, ainda que com uma versão diversa da hemaglutinina. Pessoas nascidas antes de 1968 teriam proteção especial contra vírus do grupo 1, e as nascidas depois desse ano, contra o grupo 2.

Nasa para o espaço
O presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deve redirecionar os esforços da Nasa, enfatizando a exploração do espaço profundo e reduzindo o prestígio dos setores da agência voltados para o monitoramento do clima terrestre, dizem fontes da mídia especializada. As missões voltadas para ciências climáticas e geociências deverão ser transferidas para outro órgão federal, a Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA).

Durante o governo Obama, a divisão de Ciências da Terra da Nasa viu seu orçamento crescer, e lançou uma série de satélites para o acompanhamento de fenômenos como a elevação do nível dos mares.

Leite no Mediterrâneo
O uso de animais para produção de leite e laticínios era comum no Mediterrâneo e no Oriente Médio entre 9 mil e 7 mil anos atrás, no período Neolítico, e seu início praticamente coincide com a introdução das primeiras espécies de animais domesticados na região, aponta artigo publicado no periódico PNAS. Os autores compararam vestígios de gordura encontrados em fragmentos de cerâmica com informações sobre a idade de abate de animais domésticos, inferidas pelos ossos, para concluir que, com exceção do norte da Grécia, onde ossos de suínos aparecem com frequência muito grande, e onde o perfil de abate dos ruminantes indica preferência pela produção de carne, o uso de leite e laticínios era comum.

“Nossas descobertas mostram que a exploração e o processamento do leite variava de acordo com a região, embora a maioria das comunidades tenha começado a explorá-lo tão logo os animais domésticos foram introduzidos”, escrevem os autores, de diversas instituições europeias. “Esta descoberta é especialmente notável dado que a mudança na subsistência humana em direção à produção de leite transformou a cultura, a biologia e a economia da Europa pré-histórica de maneiras que ainda se fazem notar hoje”.

Batata nos Andes
Análise de restos de amido encontrados em ferramentas de pedra descobertas num sítio arqueológico peruano e datadas de cerca de 3 mil anos atrás mostram que a população local já consumia batata domesticada, da espécie Solanum tuberosum. “De 141 microvestígios de amido recuperados de 14 pedras de moer”, escrevem na PNAS os autores, da Universidade da Califórnia, “50 são identificadas como consistentes com a batata doméstica cultivada”. O artigo aponta que “a elucidação dos detalhes da trajetória da domesticação da batata é necessária para uma compreensão ampla do desenvolvimento da agricultura nas terras altas dos Andes”. O texto ainda chama atenção para o potencial futuro das técnicas de análise de amido na arqueologia.

Metano nos poços
Poços abandonados de petróleo e gás natural emitem metano, um potente gás do efeito estufa. Levantamento publicado no periódico PNAS, envolvendo 88 poços do Estado da Pensilvânia (EUA), além de dados históricos, tenta determinar quais as características dos poços que mais liberam o gás. O trabalho é de autoria de pesquisadores de universidades dos Estados Unidos.

O estudo estima que haja até 750 mil poços abandonados na Pensilvânia, o Estado americano onde há mais tempo se exploram esses recursos, e conclui que os poços de gás natural desativados são maiores fontes de metano que os de petróleo. “As emissões de metano de poços abandonados persistem por vários anos, e provavelmente por décadas”, adverte o texto.

Esperança marciana
Artigo publicado no periódico Icarus, dedicado a pesquisas sobre o Sistema Solar, sugere um novo local em Marte para a busca por sinais de vida: uma depressão na superfície que pode ter sido causada por ação vulcânica por baixo de capas de gelo, e não por impacto de objetos vindos do espaço. A hipótese de interação vulcânica com o gelo abre a possibilidade de a área ter abrigado um ambiente aquecido e ricos em nutrientes, compatível com a presença de vida. Essa depressão se localiza numa das bordas de Hellas, uma das maiores e mais profundas crateras do Sistema Solar, com uma profundidade máxima de 7 km.  Os autores do artigo em Icarus pertencem a instituições dos Estados Unidos.

Menos chuva no mar
A redução nas precipitações sobre as zonas subtropicais, um efeito previsto da mudança climática, deverá ser mais intensa sobre os oceanos do que nos continentes, diz artigo publicado em Nature Climate Change. Os autores, das universidades Princeton e de Miami, apontam que a redução nas chuvas vem acontecendo de modo mais rápido que a elevação da temperatura, o que sugere que outro mecanismo, além dos dois mais comumente citados – transporte de umidade para longe das zonas subtropicais e mudança na circulação do ar rumo aos polos – deve estar em ação.

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