O aumento dos casos de violência policial praticada por policiais militares do estado de São Paulo contra a população rompeu a lógica de uma guerra contra bandidos. A opinião é da pesquisadora Camila Vedovello, doutora em Sociologia pela Unicamp e pesquisadora do Laboratório de Estudos de Política e Criminologia (Polcrim), vinculado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.
“Quando você tem a Operação Escudo ou a Operação Verão, os policiais estão adentrando o território, dizendo que estão em uma guerra. Agora, quando você tem a imagem de uma pessoa sendo jogada da ponte, de uma senhora de 63 anos sendo espancada ou de um rapaz levando 11 tiros pelas costas, isso extrapola essa lógica”, explica Vedovello.
Para a pesquisadora, a guerra policial contra bandidos foi um mote importante na campanha para o governo do estado de São Paulo em 2022. “Trazer esse mote de ‘bandido bom é bandido morto’ mantém aquecida uma base política ligada à extrema direita.”
Vedovello comentou ainda a chancela do estado para a violência policial. “Quando o governador Tarcísio é questionado sobre a Operação Verão na Baixada Santista e vai a público dizendo que ‘podiam ir à ONU, à Liga da Justiça’, que ele não estaria ‘nem aí’, ‘não ligava para isso’, de algum modo, ele dá o aval para que essas ações ocorram de uma forma violenta. Nós temos um corpo policial que se sente muito liberado para agir.”
Ficha técnica
Produção e edição de texto: Patrícia Lauretti
Reportagem: Silvio Anunciação
Edição: Diohny C. Andrade
Edição de capa: Alex Calixto
Coordenação: Patrícia Lauretti