A disputa política no partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) é a principal raiz para compreender a tentativa de golpe na Bolívia, na opinião do cientista social André Kaysel Velasco e Cruz, professor do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. O movimento foi orquestrado pelo general Juan José Zúñiga, então chefe do Exército, contra o presidente Luis Arce, do partido MAS. “Foi uma intentona precipitada que acabou por fortalecer a posição do próprio Arce”, explicou Velasco e Cruz. Para o docente da Unicamp, a tese de um autogolpe exposta por Zúñiga e pela direita boliviana não é crível. “Esse, em princípio, foi um golpe gestado dentro da caserna por um setor que não teve força para bancar o golpe e não teve apoio civil”, afirma. Velasco e Cruz também analisou a atual situação econômica do país. “A Bolívia, que é um exportador de gás, está perdendo reservas, o ritmo de descoberta caiu muito. Ela tem enfrentado uma situação de restrição de divisas em moeda forte, de acesso ao dólar, o que alimenta uma crise de combustíveis. E o governo de Arce tem tido dificuldade de equacionar esses problemas.”
Ficha Técnica
Produção, roteiro e entrevista: Silvio Anunciação
Edição: Dionny Andrade
Capa: Paulo Cavalheri
Apoio: Ronei Thezolin
Coordenação: Patrícia Lauretti