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Atualidades

Unicamp recebe terceira edição do Capam

Iniciativa tem como objetivo possibilitar o contato de alunos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas da UFPA com docentes, pesquisadores e estudantes da Universidade

Estudantes da Universidade Federal do Pará foram recepcionados com apresentação de forróício
Estudantes da Universidade Federal do Pará foram recepcionados com apresentação de forró

Uma apresentação do trio Forró Cremoso – composto por alunos do Instituto de Artes (IA) – abriu nesta segunda-feira (8) a terceira edição do programa Ciência & Arte Povos da Amazônia (Capam), que surgiu de uma parceria entre a Unicamp, a Universidade Federal do Pará (UFPA) e o Banco Santander.

O Capam tem como objetivo possibilitar o contato de alunos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e extrativistas da UFPA com docentes, pesquisadores e estudantes da Unicamp. Neste ano, o programa conta com 20 estudantes visitantes, que vão participar de projetos científicos e oficinas pelo período de um mês.

Veja a programação de cursos e oficinas.

Na cerimônia de abertura, o pró-reitor de Pesquisa e reitor em exercício, professor João Marcos Travassos Romano, disse que o convênio será renovado por um período de mais cinco anos e que o número de participantes deverá ser ampliado para 26.

Romano afirmou que tanto a Unicamp quanto a UFPA têm aprimorado seus sistemas de inclusão e reforçou a necessidade de haver um aperfeiçoamento dos mecanismos de permanência dos estudantes.

“Alguém já disse que inclusão é convidar uma pessoa para a festa e que permanência é convidar essa pessoa para dançar”, comparou.

Segundo o reitor em exercício, a Unicamp também quer fazer o caminho inverso e levar estudantes e pesquisadores da instituição paulista até a UFPA, a fim de uma troca de experiências com colegas daquela universidade federal.

Pró-reitora de Pesquisa e de Pós-Graduação da UFPA, a professora Maria Iracilda da Cunha Sampaio disse que o programa reafirma a intenção da instituição paraense de promover a inclusão. “A UFPA tem programas de inclusão já há mais de uma década. Somos uma instituição comprometida com a inclusão. Mais de 80% dos nossos alunos pertencem a classes sociais menos favorecidas”, afirma.

O gerente comercial do Santander Universidades, César Torini, agradeceu os alunos e as universidades pela confiança depositada no programa. “Nós [do Satander]vamos seguir renovando o projeto e muito obrigado a todos vocês por considerarem o banco um parceiro nesse programa tão bonito”, afirmou ele.

Cerimônia de abertura da terceira edição do Capam
Cerimônia de abertura da terceira edição do Capam; da esquerda para direita, professores Marco Aurélio Cremasco (Proec), Maria Iracilda da Cunha Sampaio (UFPA), João Romano (PRP), Iva Toro (PRG) e o gerente comercial do Santander Universidades, César Torini

Estudantes da UFPA

Estudante do quinto semestre de psicologia, a ribeirinha e quilombola Thais Vilhena Costa disse que participará do programa com a expectativa de aprender e de ensinar. “Eu quero agregar experiências e também trazer para cá um pouco do conhecimento do Pará e de sua cultura. Para mim, essa experiência deve ser uma troca de saberes, sem aquele caráter de saber maior ou saber menor, sem uma relação de poder”, afirmou ela, que pertence ao quilombo Umarizal, localizado no braço esquerdo do Rio Tocantins.

“Esta é a primeira vez que saio do Pará. Hoje mesmo falei com minha mãe e ela me mostrou uma foto dizendo que eu era a primeira neta da família a sair de lá. Portanto, esse é um momento memorável não apenas para mim, mas também para a minha ancestralidade”, disse Costa.

Também quilombola, Thiago da Silva Conceição, de 22 anos, que cursa Direito na UFPA, diz chegar para participar do programa com o objetivo de aprimorar as pesquisas sobre populações, que já desenvolve.

“Além disso, trata-se de ocupar espaços que historicamente foram negados a nós, pretos, quilombolas, indígenas. Porque é nosso, por direito, ocupar esses espaços que não foram idealizados nem pensados para pessoas como nós. Portanto, estar agora neste espaço é um sinal de rebeldia”, avalia.

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Da esquerda para direita, os estudantes Thais Vilhena Costa, Thiago da Silva Conceição e Auriene Arapium

Estudante do quarto semestre de psicologia, a indígena Auriene Arapium disse estar empolgada com a oportunidade de participar do programa. Segundo ela, a experiência será importante para o trabalho que já desenvolve, na área da saúde mental. “Para nós, povos da Amazônia, historicamente invisibilizados, esse tipo de iniciativa é crucial”, afirma a integrante da etnia Arapium. “Isso deveria ser mais frequente”, adverte a estudante, originária de São Pedro do Muruci, no município de Santarém (PA), na região do baixo Tapajós.

“A presença de vocês aqui vai modificar para melhor a nossa Universidade”, disse o pró-reitor de Graduação da Unicamp, professor Ivan Toro. “Toda oportunidade que tivermos de aprender com os povos amazônicos deve ser aproveitada”, completou.

O professor Marco Aurélio Cremasco, que representou na cerimônia o pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Coelho, disse que os estudantes devem “pensar fora da caixa” e buscar soluções inovadoras para os problemas enfrentados hoje. E fez uma advertência: “A gente depende de vocês. Queremos aprender com vocês”.

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