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Inovação Pesquisa

Haste intramedular aprimora cirurgias e tratamento de fraturas no fêmur

Licenciada para a Hexagon, tecnologia visa melhorar qualidade de vida de pacientes com fraturas e promover recuperações mais rápidas

A busca por um dispositivo médico eficaz com design diferenciado e de aplicação simples guiou o desenvolvimento de uma nova haste intramedular para cirurgias ortopédicas, criada por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp). A tecnologia amplia o arsenal de recursos para o tratamento das fraturas na parte superior do fêmur.

“O implante foi projetado especificamente para fraturas do colo do fêmur, ao contrário da maioria dos dispositivos utilizados hoje, que foram adaptados de outras finalidades. Nosso objetivo foi garantir maior segurança, eficiência de compressão e redução de riscos cirúrgicos”, explica William Dias Belangero, docente da FCM e um dos inventores da tecnologia.

A haste mantém a fratura alinhada e pressionada, favorecendo a consolidação óssea e diminuindo intercorrências como infecções ou falhas no processo de cicatrização. Seu desenho facilita a implantação, tornando o procedimento mais reprodutível e alinhado às técnicas minimamente invasivas.

“Desenvolvemos uma solução que otimiza os princípios da osteossíntese (fixação) necessários para a consolidação da fratura do colo femoral, aplicável de forma minimamente invasiva, reduzindo assim danos de partes moles e, com isso, possibilitando uma recuperação pós-operatória mais confortável e acelerada para os pacientes”, afirma o médico Anderson Freitas, também inventor da tecnologia.

O desenvolvimento resultou de um convênio de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) entre a Unicamp e a empresa Hexagon. Protegida por pedido de patente, a tecnologia foi licenciada para a empresa com a intermediação da Agência de Inovação Inova Unicamp, órgão responsável pela gestão de projetos de PD&I com empresas, transferência de tecnologias e análise estratégica da proteção da propriedade intelectual da Universidade.

Um dos autores da invenção, o professor da Faculdade de Ciências Médicas, William Belangero
Um dos autores da invenção, o professor da Faculdade de Ciências Médicas, William Belangero

A cotitularidade da invenção envolve a Unicamp, os inventores Belangero e Freitas e os inventores independentes Vinzenzo Giordano Neto, Robinson Esteves Santos Pires e Paulo Rigolo, este último sócio da Hexagon, que licenciou a tecnologia.

“A Inova foi fundamental para oferecer suporte técnico e estratégico nos processos de proteção e licenciamento. Sentimos o respaldo de uma equipe experiente, que entende tanto o desenvolvimento científico quanto a transferência da tecnologia para a sociedade”, destaca Rigolo.

A empresa licenciada e fabricante do dispositivo priorizará a distribuição do novo implante para uso na rede pública de saúde, onde a demanda é maior. “A acessibilidade a essa tecnologia será nosso diferencial, garantindo que o novo implante chegue aos pacientes que mais precisam, dentro da base de custeio pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, prevê Rigolo.

Avanço tecnológico

A invenção contribui para a melhoria dos cuidados médicos, favorecendo tratamentos mais eficazes e acessíveis.

“Além de ampliar o acesso, a ideia é incorporar soluções tecnológicas que reduzam riscos de complicações desta patologia, otimizando os resultados cirúrgicos, fazendo com que as vítimas de fraturas do fêmur proximal retomem seus hábitos familiares e profissionais o mais breve possível”, avalia Freitas.

Haste intramedular foi desenhada especificamente para fraturas do colo do fêmur
Haste intramedular foi desenhada especificamente para fraturas do colo do fêmur

Segundo os pesquisadores, as fraturas na parte superior do fêmur atingem três perfis majoritários: idosos acima dos 80 anos, com fragilidade óssea e risco elevado de complicações; adultos jovens, que se acidentam em situações como quedas de moto ou bicicleta; e um grupo intermediário, de 50 a 60 anos, que frequentemente permanece sem tratamento adequado, convivendo com dor e perda funcional.

“O projeto da haste considerou esses três públicos. No caso do idoso, paciente acima dos 70 anos, o foco é garantir um procedimento seguro e que proporcione a recuperação rápida e indolor, reduzindo o tempo de reabilitação. Da mesma forma, para o jovem, abaixo dos 40 anos, a rapidez no retorno às atividades é fundamental, já que está em idade produtiva. Para o grupo de pacientes com idade intermediária, entre 50 e 70 anos, a ideia é oferecer uma nova opção de tratamento que realmente resolva o problema e que possa substituir as artroplastias precoces do quadril em pacientes, evitando sequelas e limitação funcionais”, explica Belangero.

“Já iniciamos os ensaios clínicos, com captação de pacientes em centros públicos de referência em regiões como Campinas, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Nosso compromisso é garantir que o implante seja reprodutível em diferentes contextos cirúrgicos, desde hospitais de ponta até serviços de menor complexidade”, reforça Freitas.

Além da estabilidade estrutural do implante, os cientistas destacam a importância da padronização da técnica cirúrgica, que está sendo cuidadosamente aperfeiçoada para assegurar que o procedimento seja executado de forma consistente e eficiente por diferentes profissionais.

Com o licenciamento formalizado e os processos regulatórios finalizados, a Hexagon já produz os dispositivos para dar o suporte aos trabalhos da avaliação clínica; porém, “os recursos de produção e distribuição em escala industrial estão implementados e prontos para operação em escala de demanda”, acrescenta Rigolo.

A tecnologia exemplifica como as parcerias entre universidades e empresas podem acelerar a transformação de conhecimento científico em soluções concretas para problemas reais.

PRÊMIO INVENTORES 2025

Esta é a 18ª edição do Prêmio Inventores que a Inova Unicamp organiza com o propósito de reconhecer e valorizar os inventores engajados na transferência de tecnologias da Universidade e na criação de empresas spin-offs acadêmicas no último ano.

INVENTORES PREMIADOS NESTE LICENCIAMENTO:

William Dias Belangero (FCM Unicamp), Vincenzo Giordano Neto (inventor independente), Paulo Cesar Rigolo (inventor independente), Anderson Freitas (inventor independente) e Robinson Esteves Santos Pires (inventor independente) foram premiados na categoria Propriedade Intelectual Licenciada no Prêmio Inventores 2025.

PROGRAMAÇÃO DE HOMENAGENS DE 2025

A Inova Unicamp organizou uma série de homenagens em comemoração ao Prêmio Inventores  de 2025, como as reportagens relacionadas a casos premiados, disponíveis para leitura nos sites da Inova Unicamp e do Prêmio Inventores, bem como em formato e-book na Revista Prêmio Inventores (com lançamento previsto para agosto).

No dia 19 de agosto, a Inova Unicamp também promoverá o Webinar Prêmio Inventores, compartilhando casos de sucesso na proteção da propriedade intelectual e transferência de tecnologia da Universidade. As inscrições estão abertas e são gratuitas.

Os premiados também receberão um certificado de reconhecimento. Confira a lista completa dos premiados no site do Prêmio Inventores da Unicamp.

A edição de 2025 tem o patrocínio de ClarkeModet e FM2S.

Imagem de capa

O médico aponta para imagem de raio-x pós-operatório de paciente incluso no ensaio clínico
O médico aponta para imagem de raio-x pós-operatório de paciente incluso no ensaio clínico

Matéria publicada originalmente no site da Inova Unicamp.

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