
O Gabinete de Estampas da Unicamp, em parceria com o Instituto Pavão Cultural, com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, realiza até 31 de maio, a exposição “Grassmann Presente – 100 anos de Marcello Grassmann”.
O evento celebra o centenário de nascimento do desenhista, artista plástico e gravador brasileiro Marcello Grasssmann e representa um esforço de ampliar o alcance de seu trabalho. As obras integram o maior acervo do artista, com mais de 200 gravuras e alocado na Unicamp. A visitação ocorre às quartas e quintas-feiras, das 15h às 19h, e às sextas e sábados, das 15h às 20h, na Rua Maria Tereza Dias da Silva, 708 – Cidade Universitária, Campinas.
Grassmann começou sua carreira como pintor e se aventurou por diferentes formatos, trabalhando também como ilustrador, mas foi na calcografia (gravura em metal) que se consagrou — conta o artista plástico e coordenador do Gabinete de Estampas, Sérgio Niculitcheff, que é também curador da exposição.
A mostra conta com 44 obras (entre calcogravuras e litogravuras – gravações em pedra), entre elas seis desenhos emprestados de coleções particulares. “Decidi fazer a seleção com base no meu olhar e procurei também certa diversidade cromática – algumas obras têm tons mais esverdeados, outras amarronzados”, esclareceu o curador.
Uma das questões que tornam Grassmann um nome importante para a gravura é o seu domínio técnico, que faz com que procedimentos elaborados pareçam ser de fácil execução, segundo Niculitcheff. Ele argumenta que a questão poética também distingue o artista gravador, pois não é possível encaixá-lo em nenhum movimento artístico.
“Grassmann cria esse universo próprio que é muito autoral e tecnicamente fabuloso, que nos convida para um outro mundo medieval, mítico, lúdico, com cavaleiros e monstros”, característica que também torna suas obras atemporais.

Assim como muitas gravuras do artista, a preferida do professor não tem título, deixando a imaginação do espectador livre para interpretações durante a exposição. Trata-se da imagem de um macaco retratado de forma sombria. “Ela tem essa beleza meio assustadora, mas ao mesmo tempo você vê o olhar triste do animal. Acho essa figura muito expressiva e diferente das demais em termos de temática”, diz Niculitcheff, destacando a capacidade de expressão de Grassmann, “que vai além da linguagem da gravura ou do desenho”.
Oficinas gratuitas
Além da exposição, o público poderá participar de três oficinas gratuitas ministradas por discentes e profissionais da Unicamp: Xilogravura, para jovens e adultos (10/05, 15 horas); Gravura com carimbos, para crianças a partir de sete anos de idade (17/05, 15h); e Cianotipia, para professores (25/05, 15h).

Conforme Niculitcheff, entender o processo de produção da calcogravura auxilia a apreciar o trabalho de Grassmann. A técnica tem suas origens na Europa, na época do Renascimento, no século XV. Apesar disso, ela tem angariado adeptos na atualidade, como uma forma de experimentar um tempo diferente do atual.
“É uma técnica que tem uma ligação com o passado e que exige um tempo próprio, diferente da urgência de hoje, então muitas pessoas têm interesse nessa experiência de dedicação, de concentração”, opina.
A gravura em metal exige várias etapas: é preciso preparar e envernizar a chapa de metal, desenhar, usar ácido para gravar a imagem na chapa, depois lavar, pintar e, por fim, imprimir (transferir o desenho da chapa para o papel por meio de uma prensa). O resultado é parecido com um desenho feito com tinta nanquim, a diferença está na reprodutibilidade, uma vez que a calcografia permite infinitas impressões da mesma gravura a partir da chapa.