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Pesquisa

Uso de simulação no ensino médico é tema de artigo publicado na Medical Teacher

Estudo investigou habilidades técnicas e autoeficácia dos participantes de uma simulação de extubação paliativa

O professor Thiago Santos apresentou resultados do estudo em congresso da AMEE em 2024, na Suíça
O professor Thiago Santos apresentou resultados do estudo em congresso da AMEE em 2024, na Suíça

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp publicaram um artigo no periódico Medical Teacher explorando aspectos pedagógicos do uso da simulação no ensino médico. O trabalho tem como autores da FCM Elaine Maria Bueno de Moraes, Tatiana Mirabetti Ozahata, Dario Cecilio-Fernandes e Thiago Martins Santos. Por outras instituições, assinam o texto Danielle Rachel dos Santos Carvalho (Atitus Educação), John Sandars (Edge Hill University, Reino Unido) e Rakesh Patel (Queen Mary University of London, Reino Unido).

O estudo, intitulado “Unravelling the differences between observation and active participation in simulation-based education”, investigou a retenção de conhecimentos e de habilidades técnicas e não técnicas, bem como a autoeficácia entre observadores e participantes ativos em uma simulação de extubação paliativa. A primeira autora do artigo, Moraes, é mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da FCM, tendo sido orientada por Santos e coorientada por Cecilio-Fernandes.

Ao todo, 44 estudantes de medicina e enfermagem participaram da pesquisa. No primeiro dia, eles foram divididos em grupos de observadores e participantes ativos. Após assistirem a uma palestra gravada sobre extubação paliativa, todos os alunos realizaram testes de conhecimento e de autoeficácia (em que avaliam sua competência para realizar o procedimento).

Em seguida, encaminharam-se para o laboratório de simulação, onde foram avaliadas habilidades técnicas (como desligar o ventilador e retirar o tubo) e não técnicas (como tomada de decisão e comunicação em equipe). Ao final, repetiram-se os testes. Após 14 dias, ambos os grupos participaram ativamente do cenário, sem a presença de observadores, e ocorreram novos testes.

“O interesse no tema surgiu da tentativa de entender se os aspectos investigados apresentavam resultados semelhantes entre os grupos de participantes ativos e observadores. Nosso estudo demonstrou que a observação parece ser equivalente à participação ativa na aquisição de conhecimento teórico. No entanto a participação ativa pareceu ser mais benéfica para a aquisição de habilidades técnicas e para o aumento da sensação de autoeficácia”, afirma Moraes.

Santos acrescenta que, ao mesmo tempo, o conhecimento decai independentemente da manutenção da sensação de autoeficácia. “Isso pode significar que o aluno se sente mais competente do que o conhecimento teórico que realmente possui. Esse fato pode auxiliar professores e estudantes a compreenderem ser necessário ter consciência dos limites do conhecimento adquirido.”

O docente explica que os pesquisadores escolheram o tema da extubação paliativa para entenderem a educação no contexto da pandemia. Naquele momento, esse era um procedimento com o qual muitos estudantes ainda não estavam familiarizados e que se mostrava essencial para os pacientes de covid-19 internados em estado grave. “Esses princípios, como a organização do cenário, o planejamento e os questionários, podem ser aplicados a qualquer habilidade que envolva participação e observação, em áreas como emergência, terapia intensiva, cardiologia e cirurgia”, diz Santos. Os achados, portanto, servem para outros cenários.

“No caso de uma habilidade não técnica, como a comunicação em equipe, o observador pode se sair tão bem quanto o participante ativo, permitindo que grupos maiores participem da simulação, otimizando recursos técnicos e humanos. Por outro lado, o aluno precisa vivenciar a execução motora de certos procedimentos, já que, segundo a literatura, no caso das habilidades técnicas, a mera observação pode não ser suficiente.”

O docente destacou, ainda, os benefícios da colaboração com os pesquisadores estrangeiros. “Rakesh Patel e John Sandars trabalham conosco há quatro anos, e essa parceria ajudou a ampliar as possibilidades de discussão no desenho do estudo, a análise dos resultados e a elaboração do manuscrito submetido à revista. Tem sido uma das minhas experiências profissionais mais enriquecedoras realizar esse tipo de cooperação”, afirmou.

“A publicação na Medical Teacher é de grande importância para a educação em saúde, pois ajuda a difundir entre os educadores a diferença entre o ensino por observação e a prática no desenvolvimento de habilidades técnicas, principalmente”, comentou Moraes.

Para Santos, a publicação evidencia que a FCM está se tornando cada vez mais respeitada tanto nacional quanto internacionalmente, unindo ensino e pesquisa em educação médica. “Nesse estudo, oferecemos uma atividade benéfica aos alunos, enquanto coletávamos dados. Temos outras pesquisas em andamento nessa linha, o que contribui para a excelência da faculdade.”

Sobre a Medical Teacher

A Medical Teacher é uma publicação internacional que divulga pesquisas sobre educação médica, incluindo avanços em abordagens e métodos de ensino. Essa é a revista oficial da Associação Internacional para a Educação nas Profissões de Saúde (AMEE, na sigla em inglês). A revista busca atender às necessidades de professores e administradores da área, tratando desde educação básica e continuada até das mudanças nas políticas de prestação de serviços de saúde.

Matéria publicada originalmente no site da Inova Unicamp.

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