A violência na campanha para as eleições municipais da cidade de São Paulo vem chamando a atenção de todo o país, com baixo nível generalizado, em episódios envolvendo cadeiradas, socos e xingamentos. Embora preocupante, o fenômeno não é novo, segundo a pesquisadora Nara Oliveira Salles, do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp.
Salles discutiu o tema durante o Programa Analisa, da TV Unicamp. “O que mais me preocupa é o eleitorado que apoia esse tipo de candidato, porque em muitos desses casos estamos falando de candidatos com muitos votos”, observou.
“Nós temos um histórico de violência muito recente de políticos que foram eleitos. Vamos lembrar do [Jair] Bolsonaro votando no impeachment da Dilma e homenageando o [Carlos Brilhante] Ustra, o torturador dela. Isso quando ele era deputado, porque ele voltou a chamar o Ustra de herói nacional em 2019, quando ele já era presidente. Vamos lembrar do Rodrigo Amorim no palanque com o Witzel e no palanque com o Daniel Silveira rasgando a placa da vereadora Marielle [Franco], assassinada de forma brutal, a mando de duas pessoas também ligadas à política, os irmãos Brasão”, afirmou.
Um levantamento do Observatório da Violência Política e Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) identificou que foram registrados 455 casos de violência envolvendo lideranças políticas no Brasil no período de 1º de janeiro a 16 de setembro de 2024.
Durante o Programa Analisa, a pesquisadora também discutiu o papel da imprensa nos debates, o comportamento dos eleitores e as eleições em outros municípios do país. Além de pesquisadora do Cesop, Salles colabora com o Doxa – Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e de Opinião Pública do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e também com o Núcleo de Estudos sobre Política Local da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Ficha técnica
Produção: Patrícia Lauretti
Apresentação: Silvio Anunciação
Imagens: Jorge Calhau
Direção de imagens: João Ricardo – Boi
Edição: Kleber Casabllanca
Fotografia: Lúcio Camargo
Capa: Paulo Cavalhieri
Apoio: Ronei Thezolin