Você conhece o termo “financeirização da velhice”? Pode-se descrevê-lo da seguinte forma: uma pessoa envelhece, passa a viver de aposentadoria, mas o dinheiro não é suficiente para comprar remédios e custear despesas com cuidados básicos. Diante dessa situação, esse idoso recebe uma proposta de empréstimo consignado e o seu salário, que já é baixo, fica cada vez mais comprometido.
Já as empresas que oferecem empréstimos e demais serviços de cuidado, como os planos de saúde, lucram cada vez mais. Considerar a população idosa como um segmento a ser explorado financeiramente pode ser conceituado como financeirização da velhice.
O termo foi lançado em um artigo científico publicado pela antropóloga e professora da Unicamp Guita Grin Debert e pelo pesquisador Jorge Félix, pós-doutorando junto ao Pagu – Núcleo de Estudos de Gênero da Unicamp. Félix é o convidado do programa Analisa. Ele atua como professor no curso de pós-graduação em gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP).
Nesta edição do programa, o pesquisador discutiu a criação de instituições de longa permanência para idosos, o avanço descontrolado do crédito consignado para os aposentados e a importância de criar uma política nacional do cuidado.
“O crédito consignado tem risco praticamente zero porque 99% das pessoas pagam. Esse crédito, que é descontado do salário, deveria ter um juro simbólico, o que não ocorre. Os juros praticados, atualmente, ainda são muito altos. O crédito consignado é uma financeirização porque, uma vez que a pessoa toma o primeiro empréstimo, ela tem uma grande tendência a emendar em outro e a renegociar”, explicou Félix.
Ficha técnica
Produção: Silvio Anunciação
Apresentação: Patrícia Lauretti
Imagens: Marcos Botelho Jr.
Direção de imagens: João Ricardo – Boi
Edição: Kleber Casabllanca
Capa: Alex Calixto
Foto de capa: Alex Calixto