Conteúdo principal Menu principal Rodapé
Pesquisa

Pesquisa aponta que acúmulo de fluidos está associado com maior mortalidade de crianças internadas em UTI

Foram analisados dados de 44.682 crianças gravemente doentes, publicados em 120 estudos nacionais e internacionais

O artigo Fluid accumulation in critically ill children: a systematic review and meta-analysis produzido pela equipe da UTI Pediátrica do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp foi publicado na eClinicalMedicine, revista do grupo The Lancet, considerada uma das mais importantes da área. O texto é resultado trabalho de conclusão de curso das médicas-residentes Victoria Carneiro Lintz e Rafaela Araújo Vieira, orientado pelo médico intensivista pediátrico Tiago de Souza.

Neste trabalho, foram analisados dados de 44.682 crianças gravemente doentes, publicados em 120 estudos nacionais e internacionais. Cerca de um terço destas crianças desenvolveram acúmulo de fluidos utilizados em seu tratamento, como soros para estabilização da pressão arterial, administração de glicose e eletrólitos, administração de medicamentos, entre outros.

“Nesta pesquisa, observamos que o acúmulo de fluidos esteve associado com os piores desfechos clínicos, como maior mortalidade, maior tempo em ventilação mecânica, maior incidência de lesão renal aguda e maior tempo de internação hospitalar”, explica Lintz, primeira autora do artigo.

Um terço dos avaliados desenvolveram acúmulo de fluidos como soros, glicose e eletrólitos, medicamentos, entre outros
Um terço dos avaliados desenvolveram acúmulo de fluidos como soros, glicose e eletrólitos, medicamentos, entre outros

Quando ocorre o acúmulo de fluidos, o paciente apresenta ganho de peso e, frequentemente, edema. O edema visualizado externamente também ocorre no interior dos diversos órgãos, prejudicando seu funcionamento. Foi observado que, para cada 1% de acúmulo de fluidos (calculado em relação ao aumento de peso), o paciente apresenta 6% mais chance de óbito.

“Infelizmente, é muito comum os pacientes gravemente doentes apresentarem acúmulo de fluidos superiores a 5%, 10% ou até 20% durante a internação na terapia intensiva”, ressalta Vieira, segunda autora da pesquisa.

Para Souza, este estudo é importante para que sejam traçadas estratégias clínicas visando a reduzir o acúmulo de fluidos por meio do uso criterioso de soluções intravenosas. “Além disso, os resultados encontrados são valiosos para elaboração de pesquisas avaliando o impacto de medidas para retirar ativamente os fluidos acumulados, como uso de medicamentos diuréticos ou de diálise”, comenta Souza.

O trabalho foi apresentado por Lintz na 12ª edição do congresso da World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care Societies, realizado entre os dias 1 e 5 de junho em Cancún, no México. A pesquisa também foi apresentada no XX Fórum Internacional de Sepse, realizado nos dias 13 e 14 de julho, em São Paulo (SP).

São co-autores do trabalho os médicos intensivistas pediatras da UTI Pediátrica do HC da Unicamp Fernando de Lima Carioca, Isabel de Siqueira Ferraz, Humberto Magalhães Silva, Marcelo Barciela Brandão e Roberto José Negrão Nogueira. O estudo contou, ainda, com a colaboração das médicas e pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) Andrea Maria Cordeiro Ventura e Daniela Carla de Souza.

Leia o artigo na íntegra.

Matéria originalmente publicado no site do HC da Unicamp.

Ir para o topo